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Archive for julho \31\-03:00 2012

“QUAS PRIMAS”, de Pio XI

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Sobre Cristo Rei*

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CARTA ENCÍCLICA
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Aos Veneráveis Irmãos Patriarcas, Primazes, Arcebispos, Bispos e Outros Ordinários em paz e comunhão com a Sé Apostólica: sobre Cristo Rei.
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PIO PAPA XI
Veneráveis Irmãos, saúde e bênção apostólica.
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INTRODUÇÃO
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1. Na primeira Encíclica, dirigida, em princípios do nosso Pontificado, aos Bispos do mundo inteiro, indagamos a causa íntima das calamidades que, ante os nossos olhos, avassalam o gênero humano. Ora, lembra-nos haver abertamente declarado duas coisas: uma — que esta aluvião de males sobre o universo provém de terem a maior parte dos homens removido, assim da vida particular como da vida pública, Jesus Cristo e sua lei sacrossanta; a outra — que baldado era esperar paz duradoura entre os povos, enquanto os indivíduos e as nações recusassem reconhecer e proclamar a Soberania de Nosso Salvador. E por isso, depois de afirmarmos que se deve procurar “a paz de Cristo no reino de Cristo”, manifestamos que era intenção nossa trabalhar para este fim, na medida de nossas forças. “No reino de Cristo”, — dizíamos; porque, para restabelecer e confirmar a paz, outro meio mais eficiente não deparávamos do que reconhecer a Soberania de Nosso Senhor. Com o correr do tempo, claramente pressentimos o raiar de dias melhores, quando vimos o zelo dos povos em acudir, — uns pela primeira vez, outros com renovado ardor, — a Cristo e à sua Igreja, única dispensadora da salvação: sinal manifesto de que muitos homens, até o presente como que desterrados do reino do Redentor, por desprezarem sua autoridade, preparam, ainda bem, e levam a efeito sua volta à obediência.

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PREPARAÇÃO PROVIDENCIAL DA NOVA FESTA. O ANO SANTO
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2. Quanto, ao depois, sobreveio, quanto aconteceu no decorrer do “Ano Santo”, digno, na verdade, de eterna memória, porventura não concorreu eficazmente para a honra e glória do Fundador da Igreja, de sua soberania, de sua suprema realeza?
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Exposição Missionária
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Realizou-se, primeiro, a “Exposição Missionária”, que, nos corações e nos espíritos dos homens, produziu tão profunda impressão. Ali vimos os incansáveis trabalhos empreendidos pela Igreja, para dilatar cada vez mais o reino de seu Esposo, em todos os continentes, em todas as ilhas, até nas mais longínquas, perdidas no oceano. Vimos quantos países conquistaram ao catolicismo à custa de seus suores, de seu sangue, nossos heroicos e destemidos missionários. Vimos as imensas regiões que ainda ficam por sujeitar ao domínio benfazejo de nosso Rei.
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Peregrinações jubilares
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Realizaram-se, em seguida, romarias, vindas a Roma, durante o Ano Santo, de todas as partes do mundo, e guiadas por seus Bispos ou sacerdotes. Que motivos impeliam esses peregrinos, senão o desejo de purificarem suas almas e de proclamarem, junto ao Sepulcro dos Apóstolos e em Nossa presença, que estão e querem permanecer sob a autoridade de Cristo?
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Canonizações
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Por fim, conferimos a seis Confessores ou Virgens as honras dos Santos, depois de cabalmente provadas suas admiráveis virtudes. Não brilhou, nesse dia, com novo fulgor, o reino de Jesus? Que gozo, que consolação não foi para Nossa alma, depois de proferirmos os decretos definitivos, ouvir, no majestoso recinto de S. Pedro, a imensa multidão os fiéis aclamar com uma só voz, entre cantos de ação de graças, a realeza gloriosa de Cristo — “Tu Rex gloriae, Christe!” Num tempo em que indivíduos e estados, joguetes das sedições nascidas do ódio e discórdias civis, se precipitam para a ruína e a morte, a Igreja de Deus, prosseguindo a dar ao gênero humano o alimento da vida espiritual, gera e continua a educar para Cristo gerações sucessivas de Santos e Santas, e Cristo, por sua vez, não cessa de chamar à eterna felicidade do seu reino celeste quantos se Lhe demonstraram súditos fiéis e submissos de seu reino terrestre.
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Centenário do Concílio de Niceia
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Com o grande jubileu coincidiu o 16.° centenário do Concílio de Niceia. Mandamos festejar este aniversário secular, e Nós mesmo o comemoramos na Basílica Vaticana, com tanto melhor grado, que este Concílio definiu e proclamou dogma de fé católica a “consubstancialidade” do Unigênito de Deus com seu Pai, e, inserindo em sua fórmula de fé, ou “Credo”, as palavras: “cujo reino não terá fim — cujus regni non erit finis” — com isto mesmo afirmou a dignidade real de Cristo.
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Súplica em favor de Cristo-Rei
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3. Portanto, já que este ano jubilar, em mais de uma ocasião, contribuiu para pôr em realce a realeza de Cristo, julgamos cumprir um dos atos mais próprios do Nosso ofício apostólico, acedendo às súplicas, assim individuais como coletivas, de numerosos Cardeais, Bispos ou fiéis, e encerrar este ano com introduzir na liturgia da Igreja uma festa especial em honra de Nosso Senhor Jesus Cristo Rei. Este argumento temo-lo tanto a peito, Veneráveis Irmãos, que desejamos entreter-nos dele convosco alguns instantes. Empenho vosso será, depois, tornar, acessível à inteligência e aos sentimentos populares quanto dissermos sobre o culto de “Cristo-Rei”, de modo que a nova festa anual produza agora e no porvir múltiplos frutos.
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FUNDAMENTO DOUTRINAL DA NOVA FESTA
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Cristo-Rei no sentido metafórico
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4. Muito há que a linguagem corrente dá a Cristo o nome de “Rei em sentido metafórico e transposto”. “Rei” é Cristo, com efeito, atenta a eminente e suprema perfeição com que sobrepuja a todas as criaturas. Assim, dizemos que “reina sobre as inteligências humanas”, por causa da penetração do seu espírito e da extensão de sua ciência, mas sobretudo porque é a própria Verdade em pessoa, de quem, portanto, é força que recebam rendidamente os homens toda verdade. Dizemos que “reina sobre as vontades humanas”, porque n’Ele se alia a indefectível santidade do divino querer com a mais reta, a mais submissa das vontades humanas; e também porque suas inspirações entusiasmam nossa vontade livre pelas causas mais nobres. Dizemos, enfim, que é “Rei dos corações”, por causa daquela inefável “caridade que excede a toda humana compreensão” (Ef 3, 19); e porque sua doçura e sua bondade atraem os corações: pois nunca houve, no gênero humano, e nunca haverá quem tanto amor tenha ateado como Cristo Jesus.
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Cristo Deus-Homem Rei da Humanidade em sentido próprio
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5. Aprofundemos sempre mais o nosso argumento. É manifesto que o nome e o poder de “Rei”, no sentido próprio da palavra, competem a Cristo em sua Humanidade, porque só de Cristo enquanto homem é que se pode dizer: do Pai recebeu “poder, honra e realeza” (Dan 7, 13-14). Enquanto Verbo, consubstanciai ao Pai, não pode deixar de Lhe ser em tudo igual e, portanto, de ter, como Ele, a suprema e absoluta soberania e domínio de todas as criaturas.
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Testemunho ao Antigo Testamento
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6. Que Cristo seja Rei, não o lemos nós na Escritura? Ele é o “Dominador oriundo de Jacob” (Num 24, 19), Ele o “Rei, dado pelo Pai a Sião, sua Santa Montanha, para receber em herança as nações, e dilatar seu domínio até os confins da Terra” (Sl 2, 6. 8), Ele o verdadeiro “Rei vindouro” de Israel, que o cântico nupcial nos representa sob os traços de um soberano opulento e poderoso, a quem se dirigem estas palavras: “O teu trono, ó Deus, subsistirá por todos os séculos: a vara de retidão é a vara de teu reino” (Sl 44, 7). Omitindo muitos passos análogos, deparamos além, como, para delinear com maior nitidez a fisionomia de Cristo, vem predito que seu reino desconhecerá fronteiras e desfrutará os tesouros da justiça e da paz. “Nos dias d’Ele, aparecerá justiça e abundância de paz… E dominará de mar a mar, e desde o rio até os confins da Terra” (SL 71, 7-8). A esses testemunhos, juntam-se mais numerosos ainda os oráculos dos Profetas, e notadamente a tão conhecida profecia de Isaías: “Já um Pequenino se acha nascido para nós, e um filho nos foi dado, e foi posto o principado sobre o seu ombro; e o nome com que se apelide será Admirável, Conselheiro, Deus, Forte, Pai do futuro século, Príncipe da Paz. O seu império se estenderá cada vez mais, e a paz não terá fim; assentar-se-á sobre o trono de David e sobre o seu reino, para o firmar e fortalecer em juízo e justiça, desde então e para sempre” (Is 9, 6-7).
7. Não é outro o modo como se expressam os demais Profetas. Assim fala Jeremias, quando prenuncia à descendência de David “um germe de justiça”, esse filho de David, que reinará como Rei, “será sábio e obrará segundo a equidade e justiça na Terra” (Jer 23, 5). Assim Daniel, quando prediz a constituição por Deus de um reino “que não será jamais dissipado… e que durará eternamente” (Dan 2, 44). E pouco depois acrescenta: “Eu considerava estas coisas numa visão de noite, e eis que vi um, como o Filho do Homem, que vinha com as nuvens do Céu, e que chegou até o Antigo dos dias; e eles oapresentaram diante d’Ele. E Ele Lhe deu o poder, e a honra, e o reino; todos os povos, e tribos e línguas o servirão: o seu poder é um poder eterno, que Lhe não será tirado, e o seu reino tal, que não será jamais corrompido” (Dan 7, 13-14). Assim Zacarias, quando profetiza a entrada em Jerusalém, entre as aclamações do povo, do “Justo e Salvador”, do Rei cheio de mansidão “montado sobre uma jumenta, e sobre o potrinho da jumenta” (Zac 9, 9). E não apontaram os Evangelistas o cumprimento desta profecia?
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Testemunho do Novo Testamento
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8. Esta doutrina de “Cristo Rei”, que acabamos de esboçar segundo os livros do Antigo Testamento, bem longe de apagar-se nas páginas do Novo, vem ali, ao invés, confirmada do modo mais esplêndido e em termos admiráveis. Bastará lembrar apenas a mensagem do Arcanjo à Virgem, a anunciar-lhe que dará à luz um Filho; a este Filho, Deus outorgará “o trono de David, seu pai, e reinará eternamente na casa de Jacob, e seu reino não terá fim” (Lc 1, 32-33). Ouçamos agora o testemunho do próprio Cristo no tocante à sua soberania. Sempre que se Lhe oferece ensejo, — em seu último discurso ao povo, sobre a recompensa e os castigos que, na vida eterna, aguardam os justos e os maus; em sua resposta ao governador romano que Lhe perguntara se era Rei; depois de sua ressurreição, quando confia aos Apóstolos a missão de instruírem e batizarem todas as nações, — reivindica o título de “Rei” (Mt 25, 31-40), e publicamente declara que é “Rei” (Jo 18, 37) e que “todo poder Lhe foi dado no Céu e sobre a Terra” (Mt 28, 18). Que entende com isto, senão afirmar a extensão de sua potência, a imensidade do seu reino? À vista disto, deverá fazer-nos estranheza que S. João o proclame “Príncipe dos reis da terra? (Apoc 1, 5) ou que, aparecendo o próprio Jesus ao mesmo Apóstolo em suas visões proféticas “traga escrito no vestido e na coxa: Rei dos reis e Senhor dos senhores”? (Apoc 19, 16). O Pai, com efeito, constituiu a Cristo “herdeiro de todas as coisas” (Heb 1, 1). Cumpre que reine até o fim dos tempos, quando “arrojará todos os seus inimigos sob os pés de Deus e do Pai” (1 Cor 15, 25).
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Testemunho da Liturgia
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9. Desta doutrina comum a todos os livros santos, naturalmente dimana a seguinte consequência: justo é que a Igreja Católica, reino de Cristo na Terra, chamada a estender-se a todos os homens, a todas as nações do universo, multiplicando os preitos de veneração, celebre, no ciclo anual da Liturgia Santa, a seu Autor e Instituidor como a Rei, como a Senhor, como a Rei dos reis. Com admirável variedade de fórmulas, estas homenagens expressam um e o mesmo pensamento; desses títulos servia-se a Igreja outrora no divino ofício e nos antigos sacramentados; repete-os ainda agora, nas preces públicas, que todos os dias dirige à Infinita Majestade e na oblação da Hóstia Imaculada. Nesse louvor ininterrupto de Cristo-Rei, nota-se para logo a formosa harmonia dos nossos ritos com os ritos orientais, verificando-se aqui também a verdade, do prolóquio: “as normas da oração confirmam os princípios da Fé”.
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Argumento teológico
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10. O fundamento sobre que pousa esta dignidade e poder de Nosso Senhor, define-o exatamente S. Cirilo de Alexandria, quando escreve: “Numa palavra, possui o domínio de todas as criaturas, não pelo ter arrebatado com violência, senão em virtude de sua essência e natureza” (In Lucam, 10). Esse poder dimana daquela admirável união que os teólogos chamam de “hipostática”. Portanto, não só merece Cristo que anjos e homens O adorem como a seu Deus, senão que também devem homens e anjos prestar-Lhe submissa obediência como a Homem. E assim, só em força dessa união, a Cristo cabe o mais absoluto poder sobre todas as criaturas, posto que, durante sua vida mortal, renunciasse ao exercício desse domínio.
— Mas haverá, outrossim, pensamento mais suave do que refletir que Cristo é nosso Rei não só por direito de natureza, mas também a título de Redentor? Lembrem-se os homens esquecidos de quanto custamos a nosso Salvador. “Não fostes resgatados a preço de coisas perecíveis, prata e outro, mas com o sangue precioso de Cristo, como de cordeiro sem mancha nem defeito” (1 Ped 1, 18-19). Já nos não pertencemos, pois que deu Cristo por nós “tão valioso resgate” (1 Cor 6, 20). Até nossos corpos são “membros de Cristo” (1 Cor 6, 15).
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ÍNDOLE DA REALEZA DE CRISTO
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A Cristo-Rei cabe o poder legislativo, judicial, executivo
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11. Para dizer, em poucas palavras, a importância e índole desta realeza, será apenas necessário asserir que abrange um tríplice poder constitutivo, essencial de toda realeza verdadeira. Provam-no de sobejo os testemunhos de toda a Escritura no tocante à dominação universal de nosso Redentor, e é artigo de fé católica: Cristo Jesus foi dado aos homens não só como Redentor, que lhes merece toda confiança, mas também como Legislador, a quem devemos prestar obediência (Conc. Trid., Sess. 6, can. 21). E, com efeito, não dizem os Evangelhos tão só que promulgou leis, mas no-lo representam no ato de promulgar as leis. A quantos observarem os seus preceitos, declara o Divino Mestre, em várias ocasiões e de diversos modos, que com isto mesmo Lhe hão de provar o seu amor e permanecer em sua caridade (Jo 14, 15); 15, 10). — Quanto ao “poder judicial”, declara o próprio Jesus havê-lo recebido de seu Pai, em resposta aos judeus, que o haviam acusado de violar o descanso do sábado, curando milagrosamente, neste dia, a um paralítico. “O Pai, disse-lhes o Salvador, não julga a ninguém, mas deu todo juízo ao Filho” (Jo 5, 22). Esse poder judicial igualmente inclui o “direito”, — que se não pode dele separar, — de “premiar” e “punir” aos homens, mesmo durante a vida. — A Cristo compete o “poder executivo”, porquanto devem todos sujeitar-se ao seu domínio, e quem for rebelde não poderá evitar a condenação e os suplícios, que Jesus prenunciou.
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Realeza espiritual
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12. Esta realeza, porém, é principalmente interna e respeita sobretudo a ordem espiritual. Provam-no com toda evidência as palavras da Escritura acima referidas, e, em muitas circunstâncias, o proceder do próprio Salvador. Quando os judeus, e até os Apóstolos, erradamente imaginavam que o Messias libertaria seu povo para restaurar o reino de Israel, Jesus desfez o erro e dissipou a ilusória esperança. Quando, tomada de entusiasmo, a turba, que O cerca, O quer proclamar rei, com a fuga furta-se o Senhor a estas honras, e oculta-se. Mais tarde, perante o governador romano, declara que seu reino “não é deste mundo”. Neste reino, tal como no-lo descreve o Evangelho, é pela penitência que devem os homens entrar. Ninguém, com efeito, pode nele ser admitido sem a fé e o batismo; mas o batismo, conquanto seja um rito exterior, figura e realiza uma regeneração interna. Este reino opõe-se ao reino de Satanás e ao poder das trevas; de seus adeptos exige o desprendimento não só das riquezas e dos bens terrestres, como ainda a mansidão, a fome e sede da justiça, a abnegação de si mesmo, para carregar com a cruz. Foi para adquirir a Igreja que Cristo, enquanto “Redentor”, verteu o seu sangue; para isto é, que, enquanto “Sacerdote”, se ofereceu e de contínuo se oferece como vítima. Quem não vê, em consequência, que sua realeza deve ser de índole toda espiritual, e participar da natureza deste seu duplo ofício?
13. Todavia, fora erro grosseiro denegar a Cristo Homem a soberania sobre as coisas temporais todas, sejam quais forem. Do Pai recebeu Jesus o mais absoluto domínio das criaturas, que Lhe permite dispor delas todas como Lhe aprouver. Contudo, enquanto viveu sobre a Terra, absteve-se totalmente de exercer este domínio temporal, e desprezou a posse e regimento das coisas humanas, que deixou — e deixa ainda — ao arbítrio e domínio dos homens. Verdade graciosamente expressa no conhecido verso: “Não arrebata diademas terrestres, quem distribui coroas celestes. — Non eripit mortalia, qui regna dat caelestia” (Hino Crudelis Herodes, of. da Epif.).
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Realeza universal
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14. Assim, pois, a realeza do nosso Redentor abraça a totalidade dos homens. Sobre este ponto, de muito bom grado fazemos Nossas as palavras seguintes de Nosso Predecessor Leão XIII, de imortal memória: “Seu império não abrange tão só as nações católicas ou os cristãos batizados, que juridicamente pertencem à Igreja, ainda quando dela separados por opiniões errôneas ou pelo cisma: estende-se igualmente e sem exceções aos homens todos, mesmo alheios à fé cristã, de modo que o império de Cristo Jesus abarca, em todo rigor da verdade, o gênero humano inteiro” (Encícl. Annum Sacrum, 25 de Maio de 1899). E, neste particular, não cabe fazer distinção entre os indivíduos, as famílias e os estados; pois os homens não estão menos sujeitos à autoridade de Cristo em sua vida coletiva do que na vida individual. Cristo é fonte única de salvação para as nações como para os indivíduos. “Não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do Céu nenhum outro nome foi dado aos homens, pelo qual nós devamos ser salvos” (At 4, 12). Dele provêm ao estado como ao cidadão toda prosperidade e bem-estar verdadeiro. “Uma e única é a fonte da ventura, assim para as nações como para os indivíduos, pois outra coisa não é a cidade mais que uma multidão concorde de indivíduos” (S. Aug., Epist. ad Macedonium, c. 3). Não podem, pois, os homens de governo recusar à soberania de Cristo, em seu nome pessoal e no de seus povos, públicas homenagens de respeito e submissão. Com isto, sobre estearem o próprio poder, hão de promover e aumentar a prosperidade nacional.
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BENEFÍCIOS SOCIAIS DESTA REALEZA
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Crise da autoridade
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15. Ao subirmos à cátedra pontifical, deplorávamos o lastimável decaimento em que vemos abatido o prestígio do direito e a reverência à autoridade. Quanto então dizíamos não é hoje menos atual ou oportuno. “Excluídos da legislação e dos negócios públicos Deus e Jesus Cristo, e derivando, os que regem, o seu poder, não já do alto, mas dos homens, aconteceu que ruiu o próprio fundamento da autoridade, em consequência de estar removida a razão fundamental do direito que a uns assiste de mandar, e da obrigação consequente que têm outros de obedecer. Seguiu-se daí forçosamente um abalo na humana sociedade inteira, falha assim de amparo e sustentáculo firme” (Encícl. Ubi arcano, DP 19). Se soubessem resolver-se os homens a reconhecer a autoridade de Cristo em sua vida particular e pública, para logo deste ato dimanariam em toda a humanidade incomparáveis benefícios: —: uma justa liberdade, a ordem e o sossego, a concórdia e a paz.
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No interior dos estados
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16. Com dar à autoridade dos príncipes e chefes de governo certo caráter sagrado, a dignidade real de Nosso Senhor enobrece com isto mesmo os deveres e a sujeição dos cidadãos. Tanto assim que o Apóstolo S. Paulo, depois de prescrever às mulheres casadas e aos escravos de reconhecerem a Cristo na pessoa de seus maridos e senhores, lhes recomendava, ainda assim, de obedecerem não servilmente, como a homens, mas tão só em espírito de fé como a representantes de Cristo, porque ,é indigno de uma alma resgatada por Cristo obedecer com servilismo a um homem. “Fostes resgatados com grande preço: não estejais sujeitos já como escravos a homens” (1 Cor 7, 23). Se os príncipes e governos legitimamente constituídos tivessem a persuasão de que regem menos no próprio nome do que em nome e lugar do Rei Divino, é manifesto que usariam do seu poder com toda a prudência, com toda a sabedoria possíveis. Em legislar e na aplicação das leis, como haveriam de atender ao bem comum e à dignidade humana de seus súbditos! Então floresceria a ordem, então víramos difundir-se e firmar-se a tranquilidade e a paz; embora o cidadão reconhecesse nos príncipes e chefes de governo homens iguais a si pela natureza ou mesmo, por algum respeito, indignos ou repreensíveis, não deixara por isto de lhes obedecer, por depreender neles a imagem e autoridade de Cristo, Deus-Homem.
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Vantagens sociais para as nações
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17. Pelo que respeita à concórdia e à paz, é manifesto que, quanto mais vasto é um reino, quanto mais largamente abraça o gênero humano, tanto é maior a consciência em seus membros do vínculo de fraternidade que os une. Esta consciência, assim como remove e dissipa os frequentes conflitos, assim também atenua e suaviza os amargores que dos conflitos nascem. E se o reino de Cristo abarcara de fato, como de direito abarca, as nações todas, porque deveríamos perder a esperança dessa paz que à Terra veio trazer o Rei pacífico, esse Rei que veio “para reconciliar todas as coisas” (Col 1, 20), “que não veio para ser servido, mas para servir aos outros” (Mc 10, 45) e que, embora “Senhor de todos” (Gál 4, 1), deu exemplo de humildade e principalmente inculcou esta virtude, de envolta com a caridade, acrescentando: “Meu jugo é suave, e é leve minha carga” (Mt 11, 30). Oh! que ventura não pudéramos gozar, se os indivíduos, se as famílias, se a sociedade se deixasse reger por Cristo! “Então, finalmente — para citarmos as palavras que, há 25 anos, Nosso Predecessor Leão XIII dirigia aos Bispos do mundo inteiro — então fora possível sanar tantas feridas; o direito recobrara seu antigo viço, seu prestígio de outras eras; então tornaria a paz com todos os seus encantos e cairiam das mãos armas e espadas, quando todos de bom grado aceitassem o império de Cristo, Lhe obedecessem, etoda língua proclamasse que “Nosso Senhor Jesus Cristo está na glória de Deus Padre” (Ene. Annum Sacrum).
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A FESTA DE JESUS CRISTO-REI
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18. E a fim de que a sociedade cristã goze largamente de tão preciosas vantagens e para sempre as conserve, é mister que se divulgue quanto possível o conhecimento da dignidade real de Nosso Salvador. Ora, nada pode, pelo que Nos parece, conseguir melhor este resultado, do que a instituição de uma festa própria e especial em honra de Cristo-Rei.
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Influência da liturgia na vida cristã
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19. Com efeito, para instruir o povo nas verdades da fé e levá-lo assim às alegrias da vida interna, mais eficazes que os documentos mais importantes do Magistério eclesiástico são as festividades anuais dos sagrados mistérios. Os documentos do Magistério, de fato, apenas alcançam um restrito número de espíritos mais cultos, ao passo que as festas atingem e instruem a universalidade dos fiéis. Os primeiros, por assim dizer, falam uma vez só, as segundas falam sem intermitência de ano para ano; os primeiros dirigem-se, sobretudo, ao entendimento; as segundas influem não só na inteligência, mas também no coração, quer dizer — no homem todo. Composto de corpo e alma, precisa o homem dos incitamentos exteriores das festividades, para que, através da variedade e beleza dos sagrados ritos, recolha no ânimo a divina doutrina, e, transformando-a em substância e sangue, tire dela novos progressos em sua vida espiritual.
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Origem histórica e providencial das festas na Igreja
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20. Além disso, ensina-nos a própria história, que estas festividades litúrgicas foram introduzidas, no decorrer dos séculos, umas após outras, para responder a necessidades ou vantagens espirituais do povo cristão. Foram-se constituindo para fortalecer os ânimos em presença de algum perigo comum, para premunir os espíritos contra os ardis da heresia, para mover e inflamar os corações a celebrar com mais ardente piedade algum mistério de nossa fé ou algum benefício da divina graça. Assim é que, desde os primeiros tempos da era cristã, quando, acossados das mais cruentas perseguições, os fiéis começaram, com sagrados ritos, a comemorar os mártires, para que — como diz S. Agostinho — “as solenidades dos mártires fossem exortação ao martírio” (Sermo 47, de Sanctis). As honras litúrgicas, mais tardes decretadas aos confessores, às virgens, às viúvas, contribuíram singularmente para promover nos fiéis o zelo pela virtude, indispensável mesmo em tempo de paz. Especialmente as festas em honra da Virgem Beatíssima fizeram com que o povo cristão não só tributasse à Mãe de Deus, sua Protetora por excelência, culto mais assíduo, senão que ao mesmo tempo fosse de contínuo crescendo seu amor filial à Mãe que o Redentor lhe deixara como que em testamento. Dentre os benefícios que dimanaram do culto público e legitimamente prestado à Mãe de Deus e aos Santos do Céu, não é o menor a vitória constante com que a Igreja se cobriu de louros, ao debelar e repelir a heresia e o erro. E nisto devemos admirar os desígnios da Divina Providência, que, segundo costuma, tira o bem do mal. Permitiu que, de tempos a tempos, entibiasse a fé e a piedade popular; permitiu que doutrinas errôneas armassem insídias à piedade católica, mas sempre com o intuito de fazer finalmente fulgir a verdade com novo esplendor e mover os fiéis, espertos da tibieza, a tenderem com novo zelo a graus mais elevados de santidade e perfeição cristã. Idêntica é a origem, idênticos os frutos que produziram as solenidades recentemente introduzidas no calendário litúrgico. Tal é a festa do “Corpus Christi”, instituída quando se esfriava a reverência e o culto para com o SS. Sacramento; celebrada com brilho singular, protraída por oito dias de suplicações coletivas, a nova solenidade devia reconduzir os povos à adoração pública do Senhor. Tal é a festa do Coração Santíssimo de Jesus estabelecida na época em que, abatidos e desalentados pelas tristes doutrinas e o rigorismo sombrio dojansenismo, os fiéis sentiam seus corações regelados e com escrúpulo deles excluíam todo sentimento de amor de Deus e a esperança de conseguirem a eterna salvação.
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Oportunidade da festa
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21. Para Nós também soou a hora de provermos às necessidades dos tempos presentes e de opormos um remédio eficaz à peste que corrói a sociedade humana. Fazemo-lo, prescrevendo ao universo católico o culto de Cristo-Rei. Peste de nossos tempos é o chamado “laicismo”, com seus erros e atentados criminosos.
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Excessos do laicismo
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22. Como bem sabeis, Veneráveis Irmãos, não é num dia que esta praga chegou à sua plena maturação; há muito, estava latente nos estados modernos. Começou-se, primeiro, a negar a soberania de Cristo sobre todas as nações; negou-se, portanto, à Igreja o direito de doutrinar o gênero humano, de legislar e reger os povos em ordem à eterna bem-aventurança. Aos poucos, foi equiparada a religião de Cristo aos falsos cultos e indecorosamente rebaixada ao mesmo nível. Sujeitaram-na, em seguida, à autoridade civil, entregando-a, por assim dizer, ao capricho de príncipes e governos. Houve até quem pretendesse substituir à religião de Cristo um simples sentimento de religiosidade natural. Certos estados, por fim, julgaram poder dispensar-se do próprio Deus e fizeram consistir sua religião na irreligião e no esquecimento consciente e voluntário de Deus.
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Frutos perniciosos do laicismo
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23. Os frutos sobremodo amargosos que, tantas vezes e com tanta persistência, produziu esta apostasia dos indivíduos e dos estados, que desertam a Cristo, expendemo-los na Encíclica “Ubi arcano”. Tornamos a lamentá-los hoje. Frutos desta apostasia são os germes de ódio esparsos por toda parte, as invejas e rivalidades entre nações, que alimentam as discórdias internacionais e dificultam ainda agora a restauração da paz; frutos desta apostasia as ambições desenfreadas, que muitas vezes se encobrem com a máscara do interesse público e do amor da pátria, e suas tristes consequências: dissensões civis, egoísmo cego e desmedido, sem outro fito nem outra regra mais que vantagens pessoais e proveitos particulares. Fruto desta apostasia a perturbação da paz doméstica, pelo esquecimento e desleixo das obrigações familiares, o enfraquecimento da união e estabilidade no seio das famílias, e por fim o abalo na sociedade toda, que ameaça ruir.
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Pusilanimidade de certos católicos
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24. A festa, doravante ânua, de “Cristo-Rei” dá-nos a mais viva esperança de acelerarmos a tão desejada volta da humanidade a seu Salvador amantíssimo. Fora, com certeza, dever dos católicos, apressar e preparar esta volta com diligente empenho; a muitos deles, contudo, pelo que parece, não toca, na sociedade civil, o posto e a autoridade que conviriam aos apologistas da fé. Talvez deva este fato atribuir-se à indolência e timidez dos bons que se abstêm de toda resistência, ou resistem com moleza, donde provém, nos adversários da Igreja, novo acréscimo de pretensões e de audácia. Mas, desde que a massa dos fiéis se compenetre de que é obrigação sua combater com valentia e sem tréguas sob os estandartes de Cristo-Rei, o zelo apostólico abrasará seus corações, e todos se esforçarão de reconciliar com o Senhor as almas que o ignoram ou dele desertaram; todos, enfim, se esforçarão por manter inviolados os direitos do próprio Deus.
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Protesto e reparação
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25. Mas não basta. Uma festa, anualmente celebrada por todos os povos em homenagem a Cristo-Rei, será sobremaneira eficaz para condenar e ressarcir, de algum modo, esta apostasia pública, tão desastrada para as nações, gerada pelo laicismo. Com efeito, quanto mais vergonhosamente se passa em silêncio, quer nas conferências internacionais, quer nos Parlamentos, o nome suavíssimo do nosso Redentor, tanto mais alto o devemos aclamar, tanto mais devemos reconhecer os direitos que a Cristo conferem sua dignidade e poder real.
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CONVENIÊNCIAS ATUAIS DA INSTITUIÇÃO DA FESTA
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Precedentes da festa de Cristo-Rei
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26. E quem não vê que, desde os últimos anos do século passado, se ia, de modo admirável, preparando o caminho à instituição desta festa? Ninguém, com efeito, ignora como, com livros que se escreveram nas várias línguas do mundo inteiro, este culto foi explicado e doutamente defendido. Sabem todos que a autoridade e realeza de Cristo foi já reconhecida pela piedosa prática de se consagrarem e dedicarem ao Sagrado Coração de Jesus famílias inumeráveis. E não só famílias, mas também estados e reinos praticaram o mesmo ato. Antes, por iniciativa e direção de Leão XIII, o universo gênero humano foi felizmente consagrado a este Coração Santíssimo, no correr do Ano Santo de 1900. Não podemos preterir os congressos eucarísticos que nossa época viu multiplicar-se em tão grande número. Tão bem serviram à causa da solene proclamação humana. Reunidos para apresentar à veneração e às homenagens populares de uma diocese, de uma província, de uma nação, ou mesmo do mundo inteiro, Cristo-Rei, oculto sob os véus eucarísticos, esses congressos, em conferências realizadas nas suas assembleias, em sermões proferidos nas igrejas, por meio da exposição pública ou da adoração em comum do Santíssimo Sacramento e de grandiosas procissões, enaltecem a Cristo como a Rei que de Deus receberam os homens. Este Jesus, que os ímpios recusaram acolher quando veio a seu reino, pode-se dizer, com toda a verdade, que o povo cristão, movido de uma inspiração divina, vai arrancá-l’O ao silêncio e, por assim dizer, à obscuridão dos templos, para levá-l’O, qual triunfador, pelas ruas das grandes cidades e reintegrá-l’O em todos os direitos de sua realeza.
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Excelentes disposições dos fiéis ao saírem do jubileu
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27. Para a realização deste Nosso desígnio, de que acabamos de falar, oferece-Nos ensejo sumamente oportuno o “Ano Santo” que finda. Este ano veio relembrar ao espírito e ao coração dos fiéis os bens celestes que sobrepujam todo sentimento natural. Em sua bondade infinita, Deus restitui a uns a sua graça, e confirma a outros no bom caminho, infundindo-lhes novo ardor para aspirarem a dons mais perfeitos. Quer atendamos às numerosas súplicas que nos foram dirigidas, quer consideremos os acontecimentos que se dirigidas, quer consideremos os acontecimentos que se deram no correr do “Ano Santo”, sobeja razão nos assiste de pensarmos que deveras para Nós soou a hora de proferirmos a sentença tão ansiosamente de todos aguardada e que decretemos uma festa especial em honra de Cristo, Rei de todo o gênero humano. Durante este ano, com efeito, como a princípio dissemos, este divino Rei, deveras admirável em seus Santos, conquistou novos triunfos, com a elevação às honras dos altares de mais um manípulo de soldados seus. Durante este ano, uma exposição extraordinária pôs ante os olhos do mundo as fadigas e, de algum modo, os próprios trabalhos dos arautos do Evangelho, e todos puderam admirar as vitórias ganhas por esses campeões de Cristo, para a extensão do seu reino; durante este ano, finalmente, com o centenário do Concílio de Niceia, comemoramos, contra os seus detratores, a defesa e definição do dogma da consubstancialidade do Verbo Humanado com seu Pai, verdade na qual descansa, como em fundamento, a soberania de Cristo sobre todos os povos.
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Data e modalidade da festa
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28. Portanto, em virtude de Nossa autoridade apostólica, instituímos a festa de “Nosso Senhor Jesus Cristo Rei”, mandando que seja celebrada cada ano, no mundo inteiro, no último domingo de Outubro imediato à solenidade de Todos os Santos. Prescrevemos igualmente que, cada ano, se renove, nesse dia, a consagração do gênero humano ao Coração de Jesus, que já Nosso Predecessor de saudosa memória Pio X ordenara se fizesse anualmente. Contudo, queremos que, neste ano, a renovação se faça a 31 de Dezembro; nesse dia, celebraremos missa pontifical em honra de “Cristo-Rei”, e mandaremos proferir, em Nossa presença, o ato de consagração. Quer parecer-Nos que não pode haver melhor encerramento do “Ano Santo”, e que destarte daremos a “Cristo, Rei Imortal dos séculos”, o testemunho mais eloquente de nossa gratidão e do reconhecimento do universo católico, de quem Nos fazemos intérpretes, pelos benefícios que, neste período de graças, concedeu a Nós mesmo, à Igreja, à cristandade toda.
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Objeto formal da nova festa
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29. É escusado, Veneráveis Irmãos, explicar-vos longamente os motivos de uma festa especial em honra de “Cristo-Rei”. Pois, conquanto outras festas, já existentes, enalteçam e de algum modo glorifiquem sua dignidade real, basta, contudo, observar que, se todas as festas de Nosso Senhor têm a Cristo, segundo a linguagem dos teólogos, por “objeto material”, de modo algum é o poder e apelativo de Rei “objeto formal” das mesmas.
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Seu lugar no ciclo litúrgico
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30. Fixando a nova festa em um domingo, quisemos que o clero fosse o único em prestar suas homenagens a “Cristo-Rei”, com a celebração do Santo Sacrifício e a reza do Santo Ofício, mas que o povo, desimpedido de suas ocupações ordinárias, e animado de santa alegria, pudesse dar a Cristo, como a seu Senhor e Soberano, um manifesto testemunho de obediência. Finalmente mais apropriado Nos pareceu o último domingo de Outubro, porque este domingo, em certo modo, encerra o ciclo do ano litúrgico; destarte, os mistérios da vida de Jesus Cristo, comemorados no decorrer do ano que finda, terão na solenidade de “Cristo-Rei” seu como termo e coroa, e antes de celebrar a glória de todos os Santos, a liturgia proclamará e enaltecerá a glória d’Aquele que em todos os Santos e em todos os eleitos triunfa. É dever, é direito vosso, Veneráveis Irmãos, fazer preceder a festa por uma série de instruções que se dêem, em dias determinados, nas diferentes paróquias, para instruir acuradamente o povo da natureza, significado e importância desta festa, por onde os fiéis regulem a sua vida em modo a torná-la digna de súbditos leais e submissos de coração à soberania do Divino Rei.
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Esperanças e augúrios
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31. Ao fecharmos esta carta, quiséramos ainda, Veneráveis Irmãos, expor-vos brevemente os frutos, que, tanto para a Igreja e a sociedade civil, como para cada um dos fiéis, esperamos deste culto público prestado a Cristo-Rei.
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Melhor compreensão dos direitos da Igreja
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32. A obrigação de tributar à soberania de Nosso Senhor as homenagens, a que nos referimos, relembra, juntamente, aos homens os direitos da Igreja. Instituída por Cristo, que lhe deu a forma orgânica de sociedade perfeita, exige, em virtude deste direito, que dimana de sua origem divina e que ela não pode abdicar, a plena liberdade, a independência absoluta do poder civil. No desempenho de sua divina missão, de ensinar, reger e conduzir à eterna felicidade todos os membros do reino de Cristo, não pode, de modo algum, depender de vontade estranha. Antes, idêntica liberdade deve o estado conceder às ordens e congregações religiosas de ambos os sexos, pois são os auxiliares mais firmes dos Pastores da Igreja, os que mais eficazmente se empenham em difundir e confirmar o reinado de Cristo, primeiro debelando em si, com a profissão religiosa, o mundo e sua tríplice concupiscência, e depois, pelo fato de haverem abraçado uma profissão de vida mais perfeita, fazendo resplandecer aos olhos de todos, com fulgor contínuo e cada dia crescente, esta santidade de que o divino Fundador quis fazer uma nota distinta de sua Igreja autêntica.
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Restauração do culto público e oficial
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33. Com a celebração ânua desta festa hão de relembrar-se, outrossim, os Estados que aos governos e à magistratura incumbe a obrigação, bem assim como aos particulares, de prestar culto público a Cristo e sujeitar-se às suas leis. Lembrar-se-ão também os chefes da sociedade civil do juízo final, quando Cristo acusará aos que o expulsaram da vida pública, e a quantos, com desdém, o desprezaram ou desconheceram; de tamanha afronta há de tomar o Supremo Juiz a mais terrível vingança; seu poder real, com efeito, exige que o Estado se reja totalmente pelos mandamentos de Deus e os princípios cristãos, quer se trate de fazer leis, ou de administrar a justiça, quer da educação intelectual e moral da juventude, que deve respeitar a sã doutrina e a pureza dos costumes.
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Grande impulso à piedade dos fiéis
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34. Que energias, além disso, que virtude não poderão os fiéis haurir da meditação destas verdades, para amoldar seus espíritos aos princípios verdadeiros da vida cristã! Se todo o poder foi dado ao Senhor Jesus, no céu e na terra, se os homens, resgatados pelo seu sangue preciosíssimo, se tornam, com novo título, súditos de seu império, se, finalmente, este poder abraça a natureza humana em seu conjunto, é claro que nenhuma de nossas faculdades se pode subtrair a essa realeza. É mister, pois, que reine em nossas inteligências: com plena submissão, com adesão firme e constante, devemos crer as verdades reveladas e os ensinos de Cristo. É mister que reine em nossas vontades: devemos observar as leis e os mandamentos de Deus. É mister que reine em nossos corações: devemos mortificar nossos afetos naturais, e amar a Deus sobre todas ,as coisas. É mister que reine em nossos corpos e em nossos membros: devemos transformá-los em instrumentos, ou, para falarmos com S. Paulo (Rom 6, 13), “em armas de justiça, oferecidas a Deus”, para aumento da santidade de nossas almas. Eis os pensamentos que, propostos à reflexão dos fiéis e atentamente ponderados, hão de facilmente levá-los a mais elevada perfeição.
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Augúrio final
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35. Praza a Deus, Veneráveis Irmãos, que os homens, afastados da Igreja, procurem e aceitem, para salvação de suas almas, o jugo suave de Cristo. Quanto a nós todos, por divina misericórdia, súbditos e filhos seus, queira Deus que levemos este jugo, não de má vontade, mas com prazer, mas com amor, mas santamente. Assim, no decorrer de uma vida pautada pelas leis do reino do céu, recolheremos, alegres, grande cópia de frutos, e mereceremos que Cristo, reconhecendo-nos por bons e fiéis servidores de seu reino terrestre, nos admita, depois, a participar com Ele da eterna felicidade e da glória sem fim em seu reino celeste.
Aceitai, Veneráveis Irmãos, ao decorrerem as festas natalícias do Senhor, este presságio e este augúrio, como prova de Nosso paternal afeto, e, como penhor de divinos favores, recebei a bênção apostólica, que, com toda a alma, vos concedemos a Vós, Veneráveis Irmãos, ao vosso clero e à vossa grei.
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Dada em Roma, junto a S. Pedro, aos 11 de Dezembro do
Ano Santo de 1925, quarto do Nosso Pontificado.
Pio PP. XI
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* II edição, 1950, Editora Vozes Ltda., Petrópolis, R. J. Rio de Janeiro-São Paulo.  Imprima-sepor comissão especial do Exmo. e Revmo. Sr. Dom Manuel Pedro da Cunha Cintra, Bispo de Petrópolis. Frei Lauro Ostermann O. F. M, Petrópolis, 9-11-1950.
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Fonte: SPES

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DON CURZIO NITOGLIA

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19 agosto 2009
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[Tradução: Gederson Falcometa]
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Dante, em De Monarchia, é um um dos precursores do Príncipe de Maquiável. Esta frase pode surpreender, mas, se se estudar bem o problema, as coisas se fazem claras. Para Étienne Gilson, segundo Dante “O imperador não deriva o seu poder do Papa pelo fato que é diretamente submisso a Deus” [1]. Diante do ideal cristão de uma Igreja universal, o Poeta quer erguer o ideal humano gibelino ou cesarista de um império universal sobre a autoridade de um só imperador, que deveria desenvolver o papel que o Papa desenvolve na Igreja. O florentino toma da Igreja o ideal de uma cristandade universal e o laiciza. É o eterno problema, que retorna continuamente, em filosofia política, da relação entre o poder espiritual e o poder temporal. O “gibelino fugitivo” jogou habilmente citando sobretudo Aristóteles (mas é o aristotelismo averroísta o que ensina o Poeta, como o explica Gilson; além disso, Aristóteles, não conhecia o conceito de criação, de criatura-Criador, de fim ultimo sobrenatural, razão por que sua Política é pagã, e Santo Tomás, graças às luzes da Revelação, a completou e em algumas partes a retificou). Ora a sociedade tem necessidade de uma autoridade, e o próprio Santo Tomás havia dito que a melhor forma de governo é a de um só: a monarquia. “S. Tomás, todavia, estava assim longe de pensar em uma monarquia universal… e definia o rei como aquele que governa o povo de uma cidade ou de uma provincia em vista do bem comum” [2]. Em De Monarchia (liv. II), Alighieri afirma que o Império Romano, ainda subsistente no medievo gibelino, é um poder legítimo querido por Deus para o bem comum. Ora, o Papa se coloca igualmente como uma autoridade de origem divina. Então se dá o dilema de como acordar o Papa e o Imperador. O problema que se apresenta a Dante é saber se o poder vinha ao imperador imediata e diretamente de Deus, ou indiretamente e através do Papa (lib. III, 1). Nós já vimos de passagem como Dante resolve o problema, mas agora vamos vê-lo melhor. Contra o Papa, Dante invoca o rei Salomão, mediante cuja “santidade” (Salomão em verdade morreu em concubinato e politeísta) se julgam os Papas e a cujo serviço é mobilizado o cristianismo (aqui nasceu alenda do Dante esotérico, exposta por Guénon; sendo Salomão o construtor do primeiro Templo de Jerusalém, ao qual se referem os iniciados e os maçons em geral, que têm como escopo a reconstrução do terceiro Templo, como… Sharon ou Nethaniahu).  Além disso, os cristãos – segundo Dante – devem ao Papa não tudo aquilo que se deve a Cristo, mas só aquilo que se deve a Pedro. “É hábil a fórmula – comenta Gilson – usada pelo Poeta para limitar a extensão da obediência ao Papa: ‘tudo aquilo que se deve não a Cristo, mas a Pedro’. Propor esta cláusula como algo evidente significa fechar a questão no princípio, porque equivale a afirmar que existem privilégios de Cristo que nem Pedro nem os seus sucessores herdaram (…) equivaleria a excluir os privilégios de Cristo herdados por Pedro e pelos seus sucessores, e aquele próprio primado temporal que Dante se prepara para negar-lhes” [3]. Mas coloquemos em confronto Dante e Santo Tomás:
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a)     Dante (De Monarchia, III,3):
“O sumo pontífice, vigário de Jesus Cristo e sucessor de Pedro a quem devemos não aquilo que é devido a Cristo, mas só aquilo que é devido a Pedro”.
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b)     S. Tomás (De regimine principum, 1, 14):
“Ao Sumo Sacerdote, sucessor de Pedro, Vigário de Cristo, ao Romano Pontífice de que todos os reis do povo cristão devem ser súditos, como do próprio Jesus”.
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Gilson comenta: “Todo o problema está condensado nestas duas frases, as quais atingem uma oposição quase literal, tanto, que não se pode fazer menos que perguntar se Dante, ao escrever sua frase, não se recordava da de Santo Tomás. De qualquer modo, as teses definidas nestas duas fórmulas estão em flagrante contradição. Ambas reconhecem a supremacia do poder temporal de Cristo; mas Santo Tomás afirma que Cristo transmitiu a sua dúplice realeza, espiritual e temporal, a Pedro e a todos os sucessores de Pedro, ao qual os reis do povo cristão devem, por consequência, ser submissos como ao próprio Jesus Cristo; para Dante, ao contrário, se Jesus Cristo possuía, como Deus, uma soberania temporal da qual não quis fazer uso, esta autoridade temporal foi elevada ao céu com Ele. Os Papas não a herdaram. Entre o Papa de Santo Tomás que detém o ápice dos dois poderes [mas não deseja usar, como Cristo, o temporal] e o Papa de Dante, excluído do controle de todo poder temporal, é necessário escolher: é impossível conciliá-los” [4]. Para Dante só Deus é o soberano do temporal e do espiritual, e o imperador deriva a sua autoridade unicamente de Deus: “ele deseja uma autoridade imperial que deriva a sua existência diretamente de Deus, não do Papa; que exercite um poder que seja fonte em si mesmo, e não a tenha na autoridade do Papa (De Monarchia, livro III, 4)” [5]. Gilson explica que, se visitar o mundo de Dante como pagãos equivale a visitá-lo como estrangeiros, viver no mundo politíco (não o da Divina Comédia) dantesco como tomistas conduz a mal-entendidos, de fato: “aquilo que é próprio do pensamento de Dante é a eliminação da subordinação hierárquica que é essencial ao tomismo… Em S. Tomás, a distinção real das ordens funda e exige a sua subordinação; em Dante a exclui” [6]. Dante, além disso, atribui ao homem dois fins: um fim último na medida em que ele tem um corpo mortal, e outro fim ultimo na medida em que tem uma alma imortal. Para Santo Tomás é verdadeiro o contrário: o homem tem apenas um fim último: a beatitude eterna, que só se pode chegar graças à Igreja, fora da qual não há salvação. Por este motivo os reis devem ser submissos ao Papa, como a Jesus Cristo, do qual o Romano Pontífice é o Vigário. Para Dante existem duas ordens distintas não hierarquizadas, nem subordinadas uma à outra; para Santo Tomás as duas ordens distintas são subordinadas: ele distingue para unir. Assim como no caso do homem, composto de alma e corpo, existem duas realidades, uma temporal e uma espiritual, distintas uma da outra mas subordinadas a formar um só homem unum per se, e não uma unidade acidental, umunum per accidens, como queriam Platão ou Descartes, na qual apenas a alma seria homem, enquanto o corpo seria como um cavalo sobre o qual se senta o homem; assim também para o Estado, que segundo Santo Tomás tem como fim último fazer os cidadãos alcançar, graças a uma vida virtuosa, o gozo de Deus. Uma vez hierarquizados com rigor filosófico, os fins são também aqueles que presidem a realização dos fins por parte dos homens, porque aqueles a quem cabe o cuidado do fim próximo devem ser submissos àqueles a quem cabe o cuidado do fim último. “Portanto, há no tomismo autêntico um chefe supremo que dirige todos os outros chefes, precisamente porque ‘aquele ao qual cabe o cuidado do fim último se encontra sempre a dirigir aqueles que se ocupam dos meios ordenados ao fim último… Há uma oposição doutrinal entre Dante e Santo Tomás, e parece que isto não pode ser negado” [7].
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A ENCÍCLICA DE BENTO XV SOBRE DANTE:
IN PRAECLARA SUMMORUM (1921)
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“Sabemos – escreve Chevalier – que para Dante entre o Papa e o imperador, isto é, entre as duas metades de Deus (Purgatório, canto XVI), entre estes dois sóis que devem iluminar duas estradas, a do mundo e a de Deus, existe recíproca independência… Mas, se permanece excluída toda subordinação entre as duas esferas (espiritual e temporal), é mantido e requerido explicitamente que haja coordenação. Dante não pode esquecer que a felicidade terrena é de qualquer modo ordenada à felicidade eterna (…). Se a lua é criadadiretamente por Deus e emite os próprios raios e tem seu movimento, o sol fornece apenas o modo de iluminar melhor e com maior intensidade. Analogamente, o poder espiritual, que não recebe autoridade de que é dotado do poder espiritual, deve a isto opoder agir melhor, isto é, deve à luz da Graça (…). Dante amava o Papado (…) que não usurpasse a função dos outros (…), porém desejava que o Papado e o Império fossemindependentes um do outro” [8]. A doutrina política de Dante, como se vê, não é ortodoxa; mas tampouco é a de Marsílio de Pádua ou de Ockham. Dante é um católico sincero do ponto de vista religioso, mas infelizmente gibelino do ponto de vista politíco, o que é contraditório; é um caso análogo ao do “católico-liberal”. É o que explica, admiravelmente, Bento XVI na sua Encíclica pelo sexto centenário da morte de Dante. “Na gloriosa estirpe dos gênios, que (…) fazem honra ao catolicismo (…) particularmente no campo das letras (…) ocupa um lugar particular Dante Alighieri… Na Divina Comédia(…) são exaltadas a SS. Trindade, a Redenção (…) cumprida pelo Verbo de Deus (…), a imensa bondade e generosidade da Virgem Maria, (…) a beatitude celeste dos eleitos…; enfim, entre o paraíso e o inferno, o purgatório: a demora das almas, que, uma vez consumado o período da expiação, veem o céu abrir-se diante de si (…). Ele chama à Igreja ‘a terníssima mãe’ (…), embora afirme que a dignidade do imperador vem diretamente de Deus (…). É verdade que pronunciou invectivas (…) ofensas contra os Papas (…). Mas se deve perdoar a um homem agitado pelas ondas de enormes infortúnios, que deixou escapar do coração ferido um juízo que parece ter ultrapassado os limites (…)” [9]. Eis explicado o dilema: como pode um Papa escrever uma Encíclica em honra de Dante, se realmente este não é completamente ortodoxo? Basta ler a Encíclica… e Dante.
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 [1] E. Gilson, Dante e la filosofia, Jaca Book, Milano, 1987, pag. 152, nota 2.
 [2] Ibidem, p. 155.
 [3] Ibidem, p. 169.
 [4] Ibidem, p. 170.
 [5] Ibidem, pp. 172-173.
 [6] Ibidem, pp. 173-174.
 [7] Ibidem, pp. 178-179.
 [8] J. J. Chevalier, op. cit., vol. I, pp. 326-332.
 [9] Bento XV, In praeclara summorum, 30 aprile 1921, in “Tutte le Encicliche dei Sommi Pontefici”, Dall’Oglio, Milano, 5ª ed., 1959, vol. I, pp. 738-744.

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PAX

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Caros amigos e benfeitores,
 .
            Os primeiros seis meses de atividade de nosso colégio sob a direção das irmãs Rosarianas foram marcados por uma série de sucessos. Vimos crianças mudar seu comportamento, ter um rendimento que até então nunca tinham alcançado, sem falar nas graças recebidas pelas famílias de nossa região.
            Estes inícios promissores nos levam a pensar em ampliar o número de séries do colégio para o próximo ano, o que implica novos e maiores gastos. Estamos também comprando uma Kombi nova para o transporte dos alunos.
            Será que poderíamos contar com sua ajuda? As irmãs e as crianças rezam em suas intenções, e uma missa é celebrada por todos os nossos benfeitores mensalmente.
            Que o Sagrado Coração de Jesus e o Imaculado Coração de Maria os abençoem e recompensem pela sua generosidade.
 .
ir. Tomás de Aquino
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Conta da escola
Titular: Sociedade Civil Mantenedora do Mosteiro da Santa Cruz
Banco Itaú
Agência: 0222
Conta: 47957-8
Nova Friburgo – RJ
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Fonte: SPES

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Fonte: A grande guerra

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RESISTÊNCIA MINADA

Dom Williamson
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A boa notícia do Capítulo Geral da Fraternidade São Pio X encerrado no sábado é que a FSSPX, levada às raias do suicídio, recebeu um alívio por parte do Capítulo. Contudo, se as palavras seguintes, ditas numa entrevista difundida por todo o mundo, indicam a mentalidade dos líderes ainda em seus postos por mais seis anos, continuará sendo necessário elevar orações para que o alívio perdure. Eis as palavras (que pode ou não ainda estar acessível na internet – veja-se Catholic News Service):
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Muitas pessoas têm um entendimento do Concílio (Vaticano II) que é um desentendimento, e agora nós temos gente em Roma que o diz. Podemos dizer que, nas Discussões (entre Roma e a Fraternidade São Pio X, de 2009 a 2011), penso, nós vimos que muitas coisas que tínhamos (na FSSPX) condenado como do Concílio não são na verdade do Concílio, mas do comum entendimento dele.
 .
Para comentar, precisamos voltar ao Vaticano II. Contendo tanto verdades como erros, seus dezesseis documentos são profundamente ambíguos e contraditórios. Seguindo o Arcebispo Lefebvre, a FSSPX nunca disse que os documentos não contenham verdades, mas sempre o acusou de conter sérios erros; por exemplo, a doutrina de que o Estado não tem o direito de reprimir as religiões não-católicas. A Roma Conciliar sempre defendeu os documentos, por exemplo, mencionando as verdades opostas contidas nele, tal como que cada homem, em matéria religiosa, precisa procurar e professar a verdade. Mas as verdades nunca foram o problema. O problema é o erro e a contradição. Por exemplo, se uma massa de indivíduos, tal como o Estado, pode ser religiosamente neutra, por que o simples indivíduo não o deveria ser? A contradição abre extensa porta para a libertação do homem de Deus – liberalismo.
 .
As Discussões Doutrinais de 2009 a 2011 foram estabelecidas para examinar a ruptura doutrinal entre o subjetivismo Conciliar dos Romanos e o objetivismo católico da FSSPX. Elas mostraram, obviamente, que a ruptura é profunda e irreconciliável, não entre a verdade Conciliar e verdade Católica, mas entre erro e verdade Católica, de fato entre a religião do homem e a religião de Deus.
 .
Agora vem o falante sustentar que a “gente em Roma” está certa, e que “nós” estamos errados, isto é, a FSSPX, porque “muitas coisas” que a FSSPX constantemente condenou como do Concílio são somente um “comum entendimento” dele. Em outras palavras, o Arcebispo e sua Fraternidade estavam errados desde o começo por acusar o Concílio, e, consequentemente, acusar a Roma Conciliar. Segue disso que as consagrações episcopais de 1988 necessariamente foram uma decisão desnecessária, porque os Bispos Conciliares poderiam ser tidos como dignos de crédito para cuidar da Tradição Católica. O Arcebispo, porém, chamou àquelas consagrações “Operação Sobrevivência”; e, “Operação Suicídio” ao confiar na Roma Conciliar.
 .
Hoje “o que fala” – consistentemente com suas palavras citadas acima – está certamente favorecendo um acordo entre Roma e FSSPX. Além disso ele é citado como tendo sugerido na Áustria, há dois meses atrás, que esse acordo deveria confiar na Roma Conciliar para a escolha de futuros bispos para a FSSPX. Então, a menos que Roma tenha deixado de ser Conciliar desde os dias do Arcebispo, e todas as evidências clamam contra uma tal ilusão, o Arcebispo deveria dizer que o falante estava promovendo a “Operação Suicídio” da FSSPX – a menos que o falante tenha, de lá para cá, repudiado aquelas palavras.
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 Kyrie eleison.

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Fonte: SPES

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“Necessitamos, sim, afirmar aqui que aparentemente já estamos na etapa da chamada Sétima Igreja, ou seja, na do fim dos tempos ― o que se deve precisamente, em boa parte, ao que vem ocorrendo na Igreja desde o Concílio Vaticano II.[1] Não que a origem deste câncer seja recente; ela remonta à própria Idade Média, à filosofia e teologia de um Duns Scot ou de um Guilherme de Ockham, à já então progressiva rebelião dos poderes temporais contra o Papado, à revolta humanista da carne contra as exigências da santidade, etc. Mas o fato é que, como dito, o ponto máximo de sua metástase é atingido com o referido Concílio, o que fez cair sobre os católicos que lutam pelo Reinado Total de Nosso Senhor Jesus Cristo uma nova e pesadíssima realidade: agora eles têm de lutar não só contra o demônio, o mundo e a carne, mas também contra a própria maioria da hierarquia da Igreja, que no Concílio Vaticano II firmou um pacto de morte justamente com os nossos próprios inimigos.
[…] Mas uma coisa é afirmar que, dada a apostasia geral das nações e a quase geral apostasia da própria hierarquia da Igreja, aparentemente estamos na etapa da Sétima Igreja, e outra é dar a esta afirmação valor de certeza […]. Não o devemos fazer, nem, muito menos, podemos descrever concretamente todos os passos que vão dar-se até a Parusia.[2]”
Não temos luzes proféticas para fazê-lo.
“Como quer que seja, porém, estejamos efetivamente ou não na etapa da Sétima Igreja, e, caso estejamos, seja qual for o tempo que nos separa da Parusia, a verdade é que jamais podemos deixar de aderir interiormente à Realeza Total (incluída a Social) de Jesus Cristo, nem de confessá-la publicamente, até para não suceder que, de tanto a omitirmos, acabemos nós mesmos por negá-la.”
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[1] Que sinal temos disto? Diz-nos o próprio Cristo: justamente “a abominação da desolação instalada no Lugar Santo” (cf. Mt 24, 1-14; Mc 13, 1-3; Lc 21, 5-7).
[2] Sobre a incerteza da hora do juízo, cf., por exemplo, Mateus, 24, 36-44.

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Fonte: SPES

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• Por seu liberalismo, o Magistério conciliar (ou seja, o que se vem sucedendo desde o Concílio Vaticano II) não só não impõe doutrina assistida pelo Espírito Santo, mas depõe a autoridade de que é investido para fazê-lo. Seus documentos doutrinais, portanto, em vez de imperar como lhes seria próprio, são propostos a uma espécie de grande “debate democrático (e ecumênico)”, razão por que nunca cumpriram as chamadas quatro condições vaticanas para a infalibilidade.
• Mais que isso, porém, o conteúdo de tais documentos vai geralmente contra o verdadeiro magistério infalível de quase dois mil anos, e os decorrentes atos legislativos e jurídicos dos papas conciliares não visam senão, exatamente, a interditar de algum modo a manutenção e defesa deste último. Seria ocioso dizer que tais atos são expressão de um governo propriamente maquiavélico e não têm nenhuma validade: precisamente porque não é válido nem lícito nenhum ato de governo que não decorra da Doutrina e vá contra a Verdade.
• Em palavras conclusivas: o Magistério conciliar e sua doutrina liberal e humanista não são efetivamente católicos, e só se podem dizer tais ao modo como um tumor canceroso é daquele que o porta. Conformam, em verdade, outra religião: a religião do homem.
• Por isso o SPES, como devido, diz e rediz: Não só não devemos ao Magistério conciliar e sua doutrina, enquanto são tais, nenhuma obediência e acatamento, mas devemos mover-lhes ininterrupta e intransigente oposição católica.
• E mais: diante da Fé, jamais será lícito nenhum tipo de acordo – nem prático nem (pseudo)doutrinal – da Tradição com a Roma liberal. Sim, porque, como para ser lícito qualquer acordo com ela é preciso que ela volte integralmente (desculpem-nos a redundância) à Fé verdadeira, quando e se tal se der já não se tratará, em verdade, de acordo algum. Tratar-se-á de retorno puro e simples dessa Roma à Tradição, ou melhor: à Roma de sempre.

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Fonte: SPES

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EL ECUMENISMO DE BENEDICTO (VI)

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Se había prometido que en el último de esta serie de artículos de los “Comentarios Eleison” inspirados por el libro del Dr. Wolfgang Schüler “Benedicto XVI y Cómo la Iglesia se ve a Sí Misma”, se aplicaría su lección principal a la situación presente de la Fraternidad San Pío X. La aplicación ya ha sido sugerida: si uno puede ser católico solamente perteneciendo al organismo viviente de la Iglesia católica, entonces uno devendrá conciliar por pertenecer al organismo de la Iglesia conciliar.
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Benedicto XVI sostiene que pedazos cortados de la Iglesia católica todavía pertenecen a la Iglesia de Cristo. El Dr. Schüler, siguiendo a Nuestro Señor (Jn.XV,1-7), argumenta, por el contrario, que como la Iglesia es un organismo viviente, entonces las ramas cortadas se marchitan y mueren debido a que es la planta la que les da vida a ellas. Se deduce que si la Fraternidad San Pío X es injertada en la planta conciliar que está completamente enferma con la religión del hombre de Vaticano II, entonces la planta conciliar transmitirá su enfermedad a la Fraternidad San Pío X. Aquí hay tres citas del Arzobispo que expresan esta realidad:–
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En 1984, mucho antes de las Consagraciones episcopales de 1988, él condenó por adelantado la ilusión de que la Fraternidad San Pío X, “retornando al seno de la Iglesia podría luchar, hacer esto, hacer aquello”. El contestó “Eso es absolutamente falso. Usted no retorna a una estructura, posicionándose debajo de sus superiores, contando con que una vez dentro usted va a trastornar todo. La realidad es que ellos tienen todo lo que necesitan para estrangularnos. Ellos tienen toda la autoridad”.
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En 1988, justo antes de las consagraciones, él dijo, “Roma quiere que todo vaya según Vaticano II, mientras que nos dejan una pizca de Tradición. Ellos no están cambiando su posición. Nosotros no podemos ponernos en las manos de esas personas. Nosotros estaríamos engañándonos a nosotros mismos. Nosotros no tenemos la intención de dejarnos devorar. Poco a poco la Tradición transigiría”.
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En 1989, poco después de las consagraciones, él respondió a la crítica de que la Fraternidad San Pío X hubiera hecho más bien a la Iglesia estando adentro que haciéndose poner afuera. El contestó “¿De qué Iglesia estamos hablando? Si usted se refiere a la Iglesia conciliar, entonces nosotros que hemos bregado contra el Concilio por 40 años porque queremos la Iglesia católica, entonces deberíamos re-ingresar a esta Iglesia conciliar para, supuestamente, hacerla católica. Esa es una ilusión completa. No son los súbditos los que hacen a los superiores sino los superiores los que hacen a los súbditos. Rodeado por toda la Curia Romana, en medio de los obispos del mundo que son progresistas, yo hubiera estado completamente empantanado. No hubiera podido hacer nada”.
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En conclusión, si por cualquier acuerdo práctico o regularización canónica, la Fraternidad fuera a ponerse bajo las autoridades conciliares de la Iglesia que continúan firmemente adheridas a las ideas de Vaticano II tal como quedó ampliamente comprobado durante las Discusiones Doctrinales de 2009-2011, entonces su defensa de la Fe verdadera sería “estrangulada, devorada, empantanada”. Injertada en el todo conciliar viviente, no podría evitar contagiarse de la enferma vida conciliar. ¡Dios no lo permita!
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Kyrie eleison.

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[http://estudostomistas.blogspot.com.br/]

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Carlos Nougué
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Santo Tomás de Aquino é único. Cinzelado por Deus mesmo para atingir o cume do intelecto humano, foi teólogo que usou de modo maximamente perfeito o filosófico como servo da ciência sagrada. E toda a sua doutrina foi afirmada pelo magistério da Igreja como a comum desta.
Com respeito à doutrina de Santo Tomás, portanto, quem se queira de fato tomista não pode senão segui-la em espírito e letra. Com efeito, porque o alcance intelectual de todos nós é sempre muitíssimo inferior ao do Doutor Comum da Igreja, como segui-lo em espírito se nos afastamos dele na letra? Fazê-lo é uma temeridade cujo final não pode nunca ser feliz, como o demonstra farta e infelizmente a própria história do tomismo.
Nosso papel aqui, por conseguinte, se cingirá a:
• Defender a doutrina de Santo Tomás das objeções que se lhe fazem;
• Resgatar do erro pontos da obra do Doutor Angélico que tenham sido mal compreendidos até por tomistas;
• Tentar ordenar pontos que se encontrem dispersos pela obra de Santo Tomás;
• Aplicar a doutrina tomista a questões de que, por diversas razões, não se ocupou o Aquinate.*
• Mostrar que grande parte do que hoje se diz tomismo não passa de deformação ou mutilação da doutrina de Santo Tomás.
Sim, porque, como veremos e ao contrário do que tantos querem fazer crer atualmente, tudo na obra de Santo Tomás não se ordena finalmente senão a Deus e a seu Reino assim na terra como no céu.
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Em tempo: Nosso agradecimento a Letícia de Paula pelo belo layout do blog.
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* Buscando sempre, porém, nos campos não diretamente explorados por Santo Tomás, conclusões o mais imediatas possível do expressamente dito por ele.

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Rumo a novas sanções?

Fonte: SPES

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Editorial de Fideliter, n.º 208,

de julho-agosto de 2012
Pe. Régis de Cacqueray
(Superior do distrito da França da FSPX)

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[Tradução Felipe Coelho]
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Qual será a credibilidade do veredito que a roma conciliar emitirá, talvez muito em breve, acerca da Fraternidade? Aquela declarará esta cismática, novamente excomungada, ou a exonerará dessas alcunhas? Seja como for quanto à conclusão que possa ser proferida, não se deverá conceder a ela excessiva importância… Ao longo dos anos de vida da Fraternidade, sucederam-se ora ameaças e penas infligidas pelo Vaticano, ora grandes elogios, diferentes promessas e mãos estendidas do mesmo. As penas da Igreja, chegando até as mais graves dentre elas, vinham sancionar a pertinácia da Fraternidade em recusar os erros do Concílio, a nova missa, o novo código de Direito Canônico, a nova religião. Quanto às promessas que lhe eram feitas, elas sempre procuraram, como única contrapartida, fazer cessar as críticas e obter que ela cale a sua oposição sobre as mesmas questões.
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Quem mereceria ser excomungado?
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Compreender-se-á, então, que essa interminável palinódia acabe por nos deixar frios como o mármore e por desacreditar, diante de nossos olhos, aqueles que manejam com tanta facilidade a cenoura e a vara… Sendo excomungado, depois “des-excomungado”, sendo novamente ameaçado de ser excomungado, acaba-se por não se impressionar mais nem um pouco com esses golpes de teatro e todas essas viradas de casaca. Temos tantas razões para estimar que essas penas são injustas, nulas e sem efeito! Nós as desconsideramos. Para começar, conservamos a lembrança de 1988. Foi pela excomunhão que se recompensou o notável serviço prestado por Mons. Marcel Lefebvre à Santa Igreja provendo a ela quatro excelentes bispos católicos, graças aos quais a transmissão do sacerdócio católico fortificou-se. Constatamos naquela ocasião como, por um mistério de iniquidade, os melhores servidores da Igreja se veem tratados com aspereza. Não sentimos amargura, mas pode-se deduzir disso tudo que a pena de excomunhão não mais nos faça tremer.
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Neste ano do sexto centenário do nascimento de Santa Joana d’Arc, nos recordamos também de que, na história da Igreja, bastante numerosos são os santos que foram tratados asperamente por tribunais eclesiásticos. Não é, aliás, a história do próprio Verbo Encarnado? E não somos cegos. Como pode ser que, ainda hoje, padres, bispos, cardeais, e em grande número, possam ensinar verdadeiras heresias, promover uma moral que deixou de ser católica, sem no entanto serem inquietados? Quem mereceria ser excomungado? Aqueles que se esforçam em transmitir o que a Igreja sempre ensinou ou aqueles que falseiam o depósito revelado?
Quanto ao próprio papa, ainda assim é preciso lembrar que teríamos algumas razões para duvidar da procedência de eventuais sanções que ele venha a tomar contra nós. Certamente que ele adotou uma maneira de aplicar o concílio mais comedida e mais sábia que seu predecessor, mas ele continuou, sem embargo, resolutamente nas pegadas daquele. Reuniões inter-religiosas, visita de mesquitas e de sinagogas, participação ativa numa cerimônia litúrgica luterana em Roma, elogio obstinado a Martinho Lutero, reiteração do escândalo de Assis, beatificação de João Paulo II, vésperas celebradas em presença do pseudoarcebispo de Canterbury…
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Condenados por fidelidade à Igreja eterna!
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Se ele decidisse que nossos bispos ou que nós mesmos devemos ser “reexcomungados”, nós deveríamos então nos perguntar: “Mas ‘reexcomungados’ por qual Igreja?” Pela Igreja Católica ou por essa igreja conciliar que é uma metástase daquela? Ora, isto é claro: seria tão somente essa igreja conciliar que procederia a essa “reexcomunhão”:
“O cardeal Ratzinger é contra a infalibilidade, o papa é contra a infalibilidade por causa de sua formação filosófica. Que nos compreendam bem, nós não somos contra o papa, na medida em que ele representa todos os valores da Sé Apostólica, que são imutáveis, da Sé de Pedro, mas, sim, contra o papa que é um modernista que não crê na sua infalibilidade, que pratica o ecumenismo. Evidentemente, nós somos contra a Igreja Conciliar, que é praticamente cismática, ainda que eles não aceitem isso. Na prática, é uma igreja virtualmente excomungada, pois é uma igreja modernista. São eles que nos excomungam, ao passo que nós queremos permanecer católicos” (Mons. Lefebvre, Fideliter n.º 70, pág. 8).
Aí está a razão pela qual a excomunhão ou a declaração de cisma que proviriam da Igreja Conciliar, seita que se introduziu até ao coração da parte humana da Santa Igreja, não nos deve inquietar. Nós nos rejubilaremos se tivermos de ser condenados por crime de fidelidade à eterna Igreja!
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[Fonte: Acies Ordinata, de “Vers de nouvelles sanctions?”, in “Un évêque s’est levé”].

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Fonte: SPES 

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Gederson Falcometa

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Relendo o texto de Dom Lefebvre “A grande traição: a mentalidade católica liberal”, notei claramente a semelhança entre o pensamento de Dom Fellay e o pensamento dos católicos liberais. Veja o que diz Dom Lefebvre no texto:
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Os liberais que se dizem católicos sustentam que a doutrina católica do Reino Social de Nosso Senhor Jesus Cristo e da união da Igreja com o Estado é sem dúvida verdadeira, mas inaplicável mesmo nos países católicos:
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Na teoria pode-se aceitar a tese proposta pelos Papas e teólogos.
Na prática deve-se ceder ante as circunstâncias e resolutamente aderir à hipótese: promover o pluralismo religioso e a liberdade de cultos.
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Os liberais católicos não têm deixado de sustentar que desejam a ortodoxia tanto quanto os mais intransigentes, e que sua única preocupação são os interesses da Igreja: a reconciliação que procuraram não é teórica nem abstrata, mas somente prática” (cf. http://www.santotomas.com.br/?p=365).
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É justamente esta mentalidade o que temos visto na atuação de Dom Fellay em suas tratativas com Roma. Primeiro, abandonou-se a tese do estado de necessidade, e aceitou-se a retirada de excomunhões dos Bispos como um ato de benevolência do Papa. Porque na prática era impossível requerer de Roma um julgamento acerca deste estado de necessidade (hoje evidente para boa parte da Igreja). Em segundo, a liberação da Missa sem a resolução dos problemas doutrinais,* que também se deu por impossibilidade prática. Os discursos de Dom Fellay sobre a Missa Tridentina são muito belos, mas ele parece ter-se esquecido de que todos os membros da Nouvelle Theologie e todas as mentes eclesiásticas que produziram o Concílio também celebravam a Missa Tridentina.
E, por ultimo, o terceiro ato da rendição ao liberalismo seria a assinatura do preâmbulo doutrinal, que também se daria pela impossibilidade prática de Roma retornar à tradição. Parece que a doutrina conciliar invadiu os meios tradicionais de tal forma, que no texto de Dom Lefebvre podemos incluir a categoria dos liberais que se dizem tradicionalistas. Conhecendo o ensinamento e o desejo de Dom Lefebvre, ter começado as conversações sem observar a condição estabelecida por ele de não manter conversações com Roma enquanto esta não fizesse uma profissão de fé nos grandes documentos da Igreja que condenam o liberalismo, é no mínimo sinal de fraqueza e de contaminação pelo inimigo que se combate.
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* “É de importância capital para a salvação dos homens que estejam unidos pelo dogma, antes de estarem pelo culto” (Santo Agostinho, 1, De vera Religione).

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Fonte: SPES

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Dom Williamson

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VATICANO II B
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Os paralelismos entre o Vaticano II e os recentes acontecimentos dentro da Fraternidade São Pio X são tão notórios, que estes acontecimentos bem podem ser chamados Vaticano IIB. É lógico.Exatamente a mesma sedução e pressão do mundo moderno que originou na década de 1960 a derrubada da corrente principal dos homens de Igreja arrastou numerosos membros da Fraternidade São Pio X na década de 2000, levando a Fraternidade São Pio X ao quase derrubamento. Recentemente ouvi em minha imaginação uma mãe contar ao filhinho uma história para a hora de dormir:
“Era uma vez uma Igreja Católica florescente, mas que estava cercada por um mundo moderno perverso. Assim é que a Igreja condenou os princípios modernos nos quais se baseava esse mundo, mas esse mundo não gostava de ser condenado, e por isso que fez tudo o que pôde para infiltrar a Igreja e frear suas condenações. No entanto, acontecimentos tais como duas horrorosas Guerras Mundiais estavam demonstrando que a Igreja, sim, estava certa, e por isso as almas se estavam incorporando à Igreja em grande número, já que ela estava demonstrando ter soluções verdadeiras para os problemas mundiais.
“Mas então bateu à porta o desastre! Justamente quando tantas almas se estavam entregando ao doce jugo de Cristo, os homens que dirigiam a Igreja decidiram que, afinal de contas, o mundo moderno estava certo, e foi assim que numa grande reunião de quatro anos em Roma eles mudaram os princípios da Igreja para acomodá-los ao mundo moderno. Tornaram-se amigos de todos os inimigos anteriores da Igreja e foram muito cruéis com os verdadeiros amigos da Igreja, que não queriam saber nada de modernização. Estes verdadeiros amigos eram somente uma pequena minoria de católicos, porque ao longo de vários séculos os católicos tinham chegado a ter tanta confiança em seus líderes que, mesmo quando os líderes estavam traindo a Igreja, igualmente os católicos depositavam sua confiança neles. No entanto, Deus em sua misericórdia finalmente deu a seus verdadeiros amigos um líder próprio, um Arcebispo verdadeiramente católico, e então eles começaram a reviver, e um movimento de resistência verdadeiramente católico começou a florescer.
“Todavia, o movimento estava cercado pela perversa Neoigreja, cujos líderes não gostavam de ser condenados como modernistas pelo movimento, de maneira que fizeram tudo o que estava em seu poder para acabar com ele. Mas acontecimentos tais como o esvaziamento e fechamento de uma instituição após outra da Neoigreja estavam demonstrando que o movimento estava certo, e assim é que cada vez mais almas católicas se estavam incorporando ao movimento, dado que ele tinha soluções verdadeiras para problemas de outra maneira insolúveis, tanto pelo mundo moderno como pela Neoigreja, que se havia bandeado para esse mundo.
“Mas então bateu à porta o desastre! Justamente quando o movimento estava ganhando cada vez mais almas da Neoigreja em derrubamento, os líderes do movimento começaram a dizer que se podem exagerar os males do mundo moderno e por isso a reunião de quatro anos não foi tão má afinal de contas. Estes líderes começaram então a ficar amigos dos chefes da Neoigreja e mostraram grande severidade para com qualquer membro do movimento que quisesse insistir em condenar a Neoigreja e seus falsos princípios. Pior ainda, a estes líderes não faltavam seguidores dentro do movimento, porque os católicos estão muito acostumados a pensar que serão desleais se não confiarem em seus líderes”.
“Oh, mamãe, e depois disso tudo a história teve final feliz?”
“Meu querido, não posso dizê-lo. A história ainda não terminou. Agora vá dormir”.
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Kyrie eleison.

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Senhor, tende piedade de nós.
Cristo, tende piedade de nós.
Senhor, tende piedade de nós.
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Jesus Cristo, ouvi-nos.
Jesus Cristo, atendei-nos.
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Deus Pai dos céus, tende piedade de nós.
Deus Filho, redentor do mundo tende piedade de nós.
Deus Espírito Santo, tende piedade de nós.
Santíssima Trindade, que sois um só Deus, tende piedade de nós.
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Sangue de Cristo, Unigênito do Pai Eterno, salvai-nos.
Sangue de Cristo, Verbo de Deus encarnado, salvai-nos.
Sangue de Cristo, Novo e Eterno Testamento, salvai-nos.
Sangue de Cristo, a correr na agonia sobre a terra, salvai-nos.
Sangue de Cristo, a verter na flagelação, salvai-nos.
Sangue de Cristo, a manar na coroação de espinhos, salvai-nos.
Sangue de Cristo, derramado na cruz, salvai-nos.
Sangue de Cristo, preço de nossa salvação, salvai-nos.
Sangue de Cristo, sem o qual não há remissão, salvai-nos.
Sangue de Cristo, bebida lavacro das almas na Eucaristia, salvai-nos.
Sangue de Cristo, rio de misericórdia, salvai-nos.
Sangue de Cristo, vencedor dos demônios, salvai-nos.
Sangue de Cristo, fortaleza dos mártires, salvai-nos.
Sangue de Cristo, virtude dos confessores, salvai-nos.
Sangue de Cristo, gérmen das virgens, salvai-nos.
Sangue de Cristo, ânimo dos periclitantes, salvai-nos.
Sangue de Cristo, alívio dos que trabalham, salvai-nos.
Sangue de Cristo, lenitivo para as lágrimas, salvai-nos.
Sangue de Cristo, esperança dos penitentes, salvai-nos.
Sangue de Cristo, consolação dos agonizantes, salvai-nos.
Sangue de Cristo, paz e doçura dos corações, salvai-nos.
Sangue de Cristo, penhor da vida eterna, salvai-nos.
Sangue de Cristo, que libertais as almas do Purgatório, salvai-nos.
Sangue de Cristo, digníssimo de toda glória e honra, salvai-nos.
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Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, perdoai-nos, Senhor.
Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, ouvi-nos, Senhor.
Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, tende piedade de nós.
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V. Remistes-nos, Senhor, no Vosso Sangue.
R. E para o nosso Deus nos conquistaste.
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Oremos:
Onipotente e sempiterno Deus, que constituístes a Vosso Filho Unigênito, Redentor do mundo, e quisestes ser aplacado pelo Seu Sangue, concedei, nós Vos pedimos que de tal modo veneremos o preço da nossa salvação e, por Sua virtude, sejamos defendidos na terra contra os males da vida presente, que nos seja dado usufruir perpetuamente as alegrias celestiais. Pelo mesmo Cristo Nosso Senhor. Amém.
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Fonte: SPES

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Dom Williamson

[Tradução: Maria Dolores Ribeiro Orge]
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DOIS ERROS
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Se a Sociedade de São Pio X sobreviverá ou não ao seu atual sério desafio, os liberais vão continuar voltando com falsos argumentos para persuadi-la a cometer suicídio. Vamos ver mais dois deles.
O primeiro tem surgido constantemente em recentes debates sobre se a FSSPX devia aceitar algum acordo prático (não-doutrinal) com a Roma Conciliar. É simples: um líder Católico (ou líderes) tem graças de estado de Deus, assim ele não devia ser criticado mas automaticamente acreditado. Resposta: claro que Deus está oferecendo a todos nós em todo tempo, e não apenas aos líderes, a assistência natural e/ou a graça sobrenatural, todos nós precisamos começar a ser fiéis a nosso dever de estado, mas nós temos o livre-arbítrio para cooperar com a graça ou rejeitá-la. Se todos os líderes da Igreja sempre cooperaram  com suas graças de estado, como pôde ter existido Judas Escariote? E como pudemos ter tido até o Vaticano II? O argumento das graças de estado é tão bobo como é simplório.
O segundo argumento é mais sério. Foi publicado no mês passado em um artigo de 10 páginas, por um Sr. J.L. em um jornal periódico conservador Católico na Inglaterra. É favorável ao acordo prático Roma-FSSPX. Aqui está, abreviado claro, mas não distorcido. A Igreja Católica está hoje sob pesado ataque, de fora (i.é: pelo Goberno dos EUA) e de dentro (i.é: por bispos que amam a boa vida mas não conhecem suas teologias), e no mais elevado nível por uma administração Vaticana crivada de escândalos e lutas internas. O Papa é assediado de todos os lados, e ele está olhando a FSSPX como ajuda para restabelecer dentro da Igreja a sã influência do passado da Igreja, em que ele acredita, mesmo se ele também acredita no Vaticano II. Monsenhor Bux deu voz ao apelo do Papa: se apenas a FSSPX respondesse aceitando um acordo prático, isso seria imensamente benéfico não apenas para toda a Igreja, mas também para a própria FSSPX. Pe. Aulagnier, um conhecido ex-sacerdote da FSSPX, claramente vê isso.
Estimado J.L., nota alta por seu amor pela Igreja e reconhecimento de seus problemas, por sua preocupação pelo Papa e seu desejo de ajudá-lo, porém reprovado por sua compreensão de onde estes problemas procedem e de que a FSSPX é tudo. Como um zilhão de almas na Igreja de hoje e no mundo, incluindo o Pe. Aulagnier, você falta à importância absolutamente básica da Doutrina da Fé.
O Governo dos EUA ataca porque a Igreja está fraca. A Igreja está fraca porque o comportamento dos pobres bispos segue sua pobre compreensão da doutrina sobre Céu, Inferno, pecado, condenação, redenção, graça salvífica e o sacrifício Redentor sempre presente na verdadeira Missa. Os bispos têm tão mal compreensão destas verdades salvíficas mundiais porque, entre outras coisas, o Bispo dos bispos apenas crê em parte nelas. O Papa apenas crê em parte nelas porque na outra parte ele crê no Vaticano II. O Vaticano II minou toda a religião verdadeira de Deus pelas ambiguidades fatais implantadas através de seus documentos (como você reconhece), e designou colocar o homem no lugar de Deus.
Estimado J.L., a falsa doutrina é o problema básico. Pela graça de Deus, a FSSPX tem-se mantido até agora fiel aos verdadeiros ensinamentos de Jesus Cristo, mas se ela se colocar sob as autoridades da Igreja apenas acreditando nelas em parte como no melhor, ela logo pararia de atacar o erro (como já está acontecendo), e ela acabaria por promover o erro, e com o erro todos os horrores que você mencionou. Deus não permita!
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Kyrie eleison.

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Extraído do blog SPES

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Fonte: http://nonpossummus.foroactivo.mx/t18-carta-abierta-del-padre-moulin-a-monsenor-williamson

[Tradução: Maria Dolores Ribeiro Orge]
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Por favor, perdoe o caráter público destas linhas, que me permito amável e respeitosamente dirigir-lhe, devido ao correio interno do Secretário Geral da Sociedade, onde se informa de sua exclusão do Capítulo Geral em Ecône.
Deste modo, é ao amigo pessoal de Monsenhor Lefebvre, ao decano dos bispos da Fraternidade, ao antigo Vice-diretor do Seminário de Ecône, meu antigo professor de filosofia e teologia, a um irmão mais velho no sacerdócio e, finalmente, o amigo de mais de quarenta anos de minha família providencialmente reunida sob os auspícios de Nossa Senhora do Monte Carmelo, com todo respeito, peço-lhe que não considere esta carta (a do Pe. Thouvenot, n.d.t.), consequência provável de um desafortunado mal-entendido sobre o senhor, e não renuncie em ir, conforme o previsto, a Ecône para o Capítulo Geral do mês de julho. É certo que nestes tempos difíceis pelos quais atravessa a Fraternidade, segundo as palavras de caridade que o rei Luís XVI expressa em seu admirável testamento: «frequentemente em momentos de angústia e confusão, um não é dono de si mesmo.”
Ignorar o cânon 1331 §1 e no. 2 estultamente invocado contra eles mesmos, porque condenaria a “rebelião e a desobediência” de Mons. Lefebvre e afundaria a legitimidade de sua desobediência à Roma modernista, que encabeça a Igreja desde o último Concílio!
Incompreensão real, se julgo meu conhecimento pessoal de nosso Superior Geral com o qual entrei no seminário de Ecône, hoje faz quase 35 anos, que me permite afirmar que aquele que, durante meses, mostrou uma verdadeira bondade, compreensão e caridade para com os antigos inimigos da Igreja e da Fraternidade, e aceita ter um diálogo aberto com eles, já que parecem ter suspendido a perseguição contra nós… agora não pode perdoar ao seu “companheiro de armas” algumas diferenças de obediência, depois de tantos anos de lutas comuns, serviço fiel e heróico a Cristo Rei, sua Igreja, à Fé, à Santa Missa e ao sacerdócio na linha de batalha de Mons. Lefebvre.
Que ele queira castigar a um verdadeiro “bispo” que fala e responde modestamente a perguntas legítimas a cada semana “aos católicos perplexos”, diante desta evolução longa, mas julgada como positiva, com a Igreja conciliar. No delicado momento, quando se lhes pediu que fizessem um estudo cuidadoso e objetivo dos textos do Concílio Vaticano II, e “ler entre as linhas dos textos, comunicados e decisões das autoridades romanas, com o fim de reconhecer estas mudanças, (Mons. Fellay) se inclina, não em segredo, senão discretamente a requalificar favoravelmente estes textos em nome de toda tradição, o juízo sobre as disposições das autoridades romanas sobre nós e a sinceridade destas quanto a que querem reformar a “igreja”.
Por exemplo, estar atentos aos fatos, como o que ocorreu recentemente em Córcega, onde o bispo local se ofereceu generosamente para ir confirmar aos fiéis em nossa capela, de acordo com o rito tradicional…
Por outra parte, como o senhor, Monsenhor providencialmente não está envolvido nas discussões doutrinais com as autoridades romanas, parece-me que nosso Superior, preocupado por nossa futura independência de palavra de apostolado e de ação da Fraternidade “intramuros” não pode mais que alegrar-se com sua liberdade de expressão, autêntico privilégio que tradicionalmente possuem todos os bispos católicos, que é ao mesmo tempo pastor, custódio e defensor do pequeno rebanho contra todos os inimigos da Igreja, tanto os do exterior como os do interior. São Paulo nos ensina que a Igreja deve pregar a doutrina do Evangelho “a tempo e a destempo”, inclusive corrigindo ao mesmo São Pedro: “Quando Pedro veio a Antioquia, resisti-lhe em face porque não tinha razão… Disse-lhe a Pedro diante de todos …” (Gálatas II)
Também é difícil imaginar que nosso Superior Geral, quem foi um dos alunos mais atentos em sua classe no seminário de Ecône, e que lhe deve, como a Mons. Tissier de Mallerais, a maior parte de sua sólida formação filosófica e teológica, possa neste momento particularmente crítico para o futuro de nossa Fraternidade prescindir de sua experiência e suas luzes no próximo Capítulo Geral, que provavelmente marcará sua história.
Resulta-me especialmente difícil conceber que nosso Superior, sempre desejoso de unidade na Fraternidade, legitimamente possa excluir a um dos quatro bispos eleitos pelo Arcebispo Lefebvre, sem romper a união estreita e indissolúvel querida por ele, e destruir sua complementação harmônica.
Vosso servo está pessoalmente convencido de que o senhor foi providencialmente eleito por nosso Fundador, com o fim de prevenir de maneira eficaz -por seu carisma pessoal e mérito de sua conversão do anglicanismo- a protestantização de nossa modesta fraternidade, depois de ter assistido impotentes à que se fez durante cinquenta anos em toda a Igreja.
Resulta-me difícil compreender que se queira privar do seu valioso conhecimento das táticas subversivas, revolucionárias, modernistas e liberais dos inimigos da Igreja. Formação em grande medida enriquecida com o tempo por seus estreitos contatos e amizade com alguns homens que foram suscitados providencialmente em nosso tempo (ainda que, por desgraça, alguns deles se tornaram muito impopulares em nossos meios de comunicação tradicionais, graças à obra de um “cavalheiro ladrão”!) Particularmente penso em Pierre Virion, AM Bonnet de Viller… e muitos outros incluindo John Vaquier… que são todos os escritores que se necessita ler para ter uma boa formação e um bom conhecimento da terrível crise da fé, a política social que estamos atravessando, além do que nosso Superior não pode ignorar os escritos sobre a recomendação que fez Nosso Senhor, que convida seus discípulos a “serem mansos como pombas e prudentes como serpentes”.
Resulta-me difícil imaginar que o último Capítulo Geral sem sua distinguida presença, qual é o risco?, poderia ocorrer que por solidariedade não se conte também com a presença de seus outros dois irmãos no episcopado, mas sobretudo privar a nosso Superior Geral de seu valioso assessoramento na redação final das razões fundamentais que necessariamente serão levadas às autoridades romanas, para justificar a negativa da Fraternidade em aceitar os termos da última proposta do cardeal Levada, que foram considerados inaceitáveis.
Queira Deus que este mal-entendido com prontidão seja felizmente dissipado, que o Capítulo Geral em sua totalidade possa encontrar sua legitimidade e permitir em paz e unidade que todos os delegados se ponham de acordo, tanto com o tempo para meditar esta verdade, muito bem expressada por São João Crisóstomo, quem disse que “há que confiar mais nas feridas de um amigo que nos beijos do inimigo” e, finalmente, trabalhar para solicitar às autoridades romanas o levantamento da excomunhão dos dois principais Esquecidos, o pleno restabelecimento de nosso venerado fundador Monsenhor Marcel Lefebvre, a quem devemos tanto!
Esperando com todo meu coração que se considere minha súplica, por favor aceite, Excelência, a certeza de minha mais respeitosa e sacerdotal amizade em Cristo Rei e Maria.
 ..
(Assinado: Pe. Charles Moulin)

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