Feeds:
Posts
Comentários

Archive for setembro \14\-03:00 2022

.
14 de Setembro – Exaltação da Santa Cruz
.
Allelúja, alellúja.
Dulce lígnum, dulces clavos, dúlcia ferens póndera: quae sola fuísti digna sustinére Regem caelórum et Dóminum. Allelúja.
.
Aleluia, aleluia.
Ó bendito lenho e benditos cravos que tão suave peso sustentastes, só vós fostes dignos de sustentar o Rei e Senhor dos Céus. Aleluia..
.
.
Beijar a Cruz
.
O sofrimento que, na intenção de Deus, se destina a purificar-nos, a santificar-nos, a aproximar-nos Dele, a levar-nos ao Céu, produz infelizmente, muitas vezes, efeito todo contrário. É que não sabemos sofrer.
.
Quando a cruz vier abater-se sobre nós, quando os espinhos nos ferirem a testa, não devemos morder nem a cruz nem os espinhos, mas beijá-los, pois trazem a Jesus Cristo, nosso divino Mestre. É preciso saber elevar-se acima das tempestades e da tormenta, submeter-se a Deus humildemente, confiar-se a Ele; é preciso ter paciência e esperar o Sol de Justiça, porquanto a vida do homem é uma vida passageira, cheia de provações e de mudanças; feliz de quem coloca a virtude acima das tempestades e das tormentas que lhe irrompem aos pés.
.
É preciso sobretudo descansar a sombra da árvore de vida do Calvário, sobre o Peito ardente do Salvador, e procurar viver mais Dele, para Ele e só Nele. É preciso conservar-se ainda mais unido a Deus, à sua Santa Cruz, e aguardar amorosamente a hora divina. Bem sei que, quando estamos sobre a cruz, no meio das dores da crucificação, fica-nos apenas um pensamento, um sentimento, o pensamento e o sentimento de sacrifício; tudo sofre então, tudo se torna em sofrimento, tudo aumenta as provações. Coragem! É mister amar a Jesus Cristo até a morte, até a sepultura, até a ressurreição, até a ascensão triunfante.
.
(São Pedro Julião Eymard – pág. 236 e 237 – Volume V)
.
.

Read Full Post »

.

12/09
Festa de Terceira Classe 
Paramentos Brancos
1
Lúcifer, não suporta nem a Cruz, nem o nome de Maria.
.
“Teu nome, ó Maria, diz Santo Ambrósio, é um bálsamo delicioso que se espalha o cheiro de Graças! ”
.
“Ao pronunciar devotamente o Nome de Maria, diz São Bernardo, afasta todos os demônios …” Este é apenas um eco distante da glorificação do Nome de Maria, feita pelos santos.
.
Oração.
Sim, ó Maria! Seu nome sublime e admirável saiu do Tesouro da Divindade, pois é toda a Santíssima Trindade lhe deu o nome acima de todos os nomes, depois que seu Divino Filho, e que enriqueceu tanto de majestade e poder, ele deve, por respeito para o nome do santo, quando é proferida, se dobre todo joelho no céu, na terra e do submundo.
.
.

O venerável Marco d’Aviano.
.
2O Rei da Polônia, John Sobieski, respondendo às solicitações do Papa, mas também ao seu próprio sentimento, um exército dedicado e altamente ordenada muito forte, apareceu em 10 e 11 de setembro, em colinas ao norte de Viena.Este sacerdote italiano, enviado pelo Papa para o Imperador, um pregador incansável, que continuaram a pregar a cruzada contra os turcos, aconselhou o militar imperial colocar a imagem da Mãe de Deus sobre as insígnias dos exércitos do Sacro Império Romano. O braço estendido, Jean Sobieski Communia muito piedosamente, depois abençoar todo o exército e todo o exército gritou: “Anda vamos vencer  o inimigo com plena confiança na proteção do Céu e com a assistência da Sempre Virgem Maria! “Assim veio a vitória na manhã de 12 de Setembro, 1683. O Venerável Marco d’Aviano em ação de graças pelo auxílio de Nossa Senhora celebrou a Santa Missa e o rei da Polônia havia função acólito. Orações não foram em vão de vitoria.
Após a batalha o papa Inocêncio XI instituiu a festa do Santíssimo nome de Maria, no dia 12 de setembro homenageia Maria, estendeu a festa para toda a Santa Igreja.
.
3A vitória dos cristãos, conduzida pelo rei Jan III Sobieski da Polônia, sobre os turcos na Batalha de Viena. Antes da batalha, o rei Jan Sobieski colocou suas tropas sob a proteção da Sempre Virgem Maria. Em 1683, os turcos atacaram Viena, procurando atingir a Europa cristã. Novamente o exército dos países cristãos vence os agressores com a bravura do rei da Polônia, João Sobieski. Logo em seguida a Hungria se liberta de 150  anos de dominação muçulmana.
.
.
4Na manhã do dia da batalha, Sobieski colocou-se, bem como a todo seu exército, sob a proteção de Maria Santíssima. E assistiu à Santa Missa, durante a qual permaneceu rezando com os braços em forma de cruz. Ao sair da igreja, ordenou o ataque. Os turcos fugiram cheios de terror e abandonaram tudo, até o grande estandarte de Maomé, que o vitorioso rei católico enviou ao Soberano Pontífice como homenagem a Maria. Pronunciar o nome de Maria é encanto especial. Em Maria tudo lembra Deus: seu amor, sua bondade, sua misericórdia, sua lealdade, sua disponibilidade. Nela tudo se refere a Cristo: sua simplicidade, sua humildade, o acolhimento da sua Palavra. Celebrar o nome de Maria é beber da água pura da fonte, é abrir o coração para a ternura de Deus e para os nobres sentimentos da fé. Lembrar Maria e seu nome bendito, é penetrar na história do novo Povo de Deus. A festa exemplifica o foco na Mariologia e na veneração da Bem-aventurada Virgem Maria. Em Roma uma das duas igrejas gêmeas no Fórum de Trajano é dedicada ao nome de Maria.
.
5Santíssimo Nome de Maria, Festa do Santo Nome de Maria, ou simplesmente Santo Nome de Maria. A festa celebra o nome de Maria, mãe de Jesus. A festa era celebrada apenas em Cuenca, Espanha, quando foi instituída em 1513. Era inicialmente comemorada em 15 de setembro. Em 1587, o Papa Sisto V mudou o dia da celebração para 17 de setembro. O Papa Gregório XV estendeu a festa para a Arquidiocese de Toledo em 1622. Em 1666 os Carmelitas Descalços receberam a permissão para recitar o Ofício do Nome de Maria quatro vezes por ano (dúplice). Em 1671, a festa foi estendida para toda a Espanha. A Festa do Santo Nome de Maria foi fundada pelo Beato Inocêncio XI em ação de graças pela vitória dos exércitos cristãos sobre os turcos em Viena, em 1683. Foi criado para o domingo, que se seguiu à Natividade da Virgem Maria.
Ela foi colocada pelo Papa Pio X em 12 de setembro, durante a grande reforma do Breviário Romano (Constituição Apostólica Divino afflatu 01 de novembro de 1911).
.
————–
.
.
Leitura da Epístola  
Eclesiástico  24,23-31
23.Cresci como a vinha de frutos de agradável odor, e minhas flores são frutos de glória e abundância.24.Sou a mãe do puro amor, do temor (de Deus), da ciência e da santa esperança,25.em mim se acha toda a graça do caminho e da verdade, em mim toda a esperança da vida e da virtude.26.Vinde a mim todos os que me desejais com ardor, e enchei-vos de meus frutos;27.pois meu espírito é mais doce do que o mel, e minha posse mais suave que o favo de mel.28.A memória de meu nome durará por toda a série dos séculos.29.Aqueles que me comem terão ainda fome, e aqueles que me bebem terão ainda sede.30.Aquele que me ouve não será humilhado, e os que agem por mim não pecarão.31. Aqueles que me tornam conhecida terão a vida eterna.
.
Sequência do Santo Evangelho
São Lucas 1, 26,38
26.No sexto mês, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galiléia, chamada Nazaré,27.a uma virgem desposada com um homem que se chamava José, da casa de Davi e o nome da virgem era Maria.28.Entrando, o anjo disse-lhe: Ave, cheia de graça, o Senhor é contigo.29.Perturbou-se ela com estas palavras e pôs-se a pensar no que significaria semelhante saudação.30.O anjo disse-lhe: Não temas, Maria, pois encontraste graça diante de Deus.31.Eis que conceberás e darás à luz um filho, e lhe porás o nome de Jesus.32.Ele será grande e chamar-se-á Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi; e reinará eternamente na casa de Jacó,33.e o seu reino não terá fim.34.Maria perguntou ao anjo: Como se fará isso, pois não conheço homem?35.Respondeu-lhe o anjo: O Espírito Santo descerá sobre ti, e a força do Altíssimo te envolverá com a sua sombra. Por isso o ente santo que nascer de ti será chamado Filho de Deus.36.Também Isabel, tua parenta, até ela concebeu um filho na sua velhice; e já está no sexto mês aquela que é tida por estéril,37.porque a Deus nenhuma coisa é impossível.38.Então disse Maria: Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra. E o anjo afastou-se dela.
.
Viva Cristo Rei e Maria Rainha.
Rezem todos os dias o Santo Rosário

Read Full Post »

Natividade da Virgem by B.E.Murillo

Natividade da Virgem by B.E.Murillo

Festa da Natividade de Nossa Senhora desde muito cedo que foi celebrada no Oriente, e muitos textos dos Padres o atestam; este, que traduzimos, foi pronunciado em Jerusalém, na Igreja situada sobre o local da Piscina Probática, onde Jesus tinha curado o paralítico, e onde a tradição – atestada por alguns apócrifos – situava a casa de Joaquim e de Ana, o que vem a explicar certas alusões feitas ao longo do texto.

É um grande texto panegírico da glória de Maria, por dela ter nascido o Salvador, com expressões que chegam a parecer ter sido produzidas em estado de êxtase. Usando dados do Antigo Testamento, dos Evangelhos e das Cartas, da tradição oral, de outros teólogos e da própria liturgia bizantina, o nosso Doutor passa em revista a importância para a salvação e para a Igreja do nascimento de Maria, louvando «en passant» os seus pais, Joaquim e Ana. Um ponto muito importante: chama e afirma – é dos primeiros a fazê-lo – Imaculada a Maria.

Sem deixar de fazer também todo o desfiar das tipologias de Maria presentes no Antigo Testamento, S. João Damasceno consegue louvar Nossa Senhora como poucos o fizeram, fornecendo a base patrística para muitas das afirmações acerca de Maria e do seu lugar no mistério da Redenção do homem que mais tarde vieram a efetuar-se. A sua influência na Idade Média foi enorme, e pode mesmo dizer-se que a intuição de base do Dogma da Assunção Corporal de Nossa Senhora ao céu está já presente na obra do Damasceno.

.

«Do humilde monge e presbítero João Damasceno, Homilia para o nascimento de Nossa Senhora Santíssima, a Mãe de Deus e sempre Virgem Maria».

 .
natividade de maria (5)

Natividade de Maria – Antonio Zanchi – 1671 – Santuario della Natività di S. Maria em Sombreno – Itália

1. Vinde, todas as nações, vinde, homens de todas as raças, línguas e idades, de todas as condições: com alegria celebremos a natividade da alegria do mundo inteiro! Se os gregos destacavam com todo o tipo de honras – com os dons que cada um podia oferecer – o aniversário das divindades, impostos aos espíritos por mitos mentirosos que obscureciam a verdade, e também o dos reis, mesmo se eles fossem o flagelo de toda a existência, que deveríamos nós fazer para honrar o aniversário da Mãe de Deus, por quem toda a raça mortal foi transformada, por quem o castigo de Eva, nossa primeira mãe, foi mudada em alegria? Com efeito, uma ouviu a sentença divina: «Darás à luz no meio de penas»; a outra ouviu, por seu turno: «Alegra-te, oh Cheia de Graça». À primeira disse-se: «Inclinar-te-ás para o teu marido», mas à segunda: «O Senhor está contigo». Que homenagem ofereceremos então nós à Mãe do Verbo, senão outra palavra? Que a criação inteira se alegre e festeje, e cante a natividade de uma santa mulher, porque ela gerou para o mundo um tesouro imperecível de bondade, e porque por ela o Criador mudou toda a natureza num estado melhor, pela mediação da humanidade. Porque se o homem, que ocupa o meio entre o espírito e a matéria, é o laço de toda a criação, visível e invisível, o Verbo criador de Deus, ao se unir à natureza humana, uniu-se através dela a toda a criação. Festejemos assim o desaparecimento da humana esterilidade, pois cessou para nós a enfermidade que nos impedia a posse dos bens.

2. Mas porque nasceu a Virgem Maria de uma mulher estéril? Àquele que é o único verdadeiramente novo debaixo do sol, como coroamento das Suas maravilhas, deviam ser preparados os caminhos por maravilhas, para que lentamente as realidades mais baixas se elevassem de modo a serem as mais altas. E eis uma outra razão, mais alta e mais divina: a natureza cedeu o lugar à graça, pois ao vê-la tremeu, e não quis mais ter o primeiro lugar. Como a Virgem Mãe de Deus devia nascer de Ana, a natureza não ousou prevenir o fruto da graça, mas permaneceu ela própria sem fruto, até que a graça trouxesse o seu. Era necessário que fosse primogênita aquela que deveria gerar «o Primogênito de toda a criação, no Qual tudo subsiste». Oh Joaquim e Ana, casal venturoso! Toda a criação está em dívida para convosco, porque através de vós ela pôde oferecer ao Criador o dom – entre todos o mais excelso – de uma Mãe venerável, a única digna d’Aquele que a criou. Ditosos os rins de Joaquim, de onde saiu uma semente totalmente imaculada, e admirável o seio de Ana, graças ao qual se desenvolveu lentamente, onde se formou e de onde nasceu uma tão santa criança! Oh entranhas que levastes um céu vivo, mais vasto que a imensidade dos céus! Oh moinho onde foi amassado o Pão vivificante, segundo as próprias palavras de Cristo: «Se o grão de trigo não cair na terra e morrer, ficará só». Oh seio que aleitaste aquela que alimentou o Aquele que alimenta o mundo! Maravilha das maravilhas, paradoxo dos paradoxos! Sim, a inexprimível Encarnação de Deus, cheia de condescendência, devia ser precedida por estas maravilhas. Mas como prosseguirei? O meu espírito está fora de si, dividido que estou entre o temor e o amor; o meu coração bate e a minha língua move-se: não posso suportar a alegria, as maravilhas deitam-me por terra, o ardor apaixonado aprisionou-me num arrebatamento divino. Que o amor vença, que o temor desapareça e que cante a cítara do Espírito: «Alegrem-se os céus, exulte a terra»!

3. Hoje as portas da esterilidade abrem-se, e uma porta virginal e divina avança: a partir dela, por ela, o Deus que está acima de todos os seres deve «vir ao mundo» «corporalmente», segundo a expressão de Paulo, ouvinte dos segredos inefáveis. Hoje, da raiz de Jessé saiu uma vergôntea, de onde surgirá para o mundo uma flor substancialmente unida à divindade.

Hoje, a partir da natureza terrena, um céu foi formado sobre a terra por Aquele que outrora o tornara sólido separando-o das águas, elevando o firmamento nas alturas. É um céu verdadeiramente mais divino e mais elevado que o primeiro, porque Aquele que no primeiro céu criara o sol Se elevou a Si próprio neste novo como um sol de justiça. Sim, há n’Ele duas Naturezas, apesar da loucura dos Acéfalos, e uma só Pessoa, mesmo que os Nestorianos se encolerizem! A Luz eterna, proveniente da Luz eterna antes de todos os séculos, o Ser, imaterial e incorpóreo, tomou um corpo desta mulher, e como um esposo que sai para fora de seu tálamo, assim fez Deus, tornando-se como tal filho da raça terrena. Como um gigante Ele alegra-Se de percorrer os caminhos da nossa natureza, de Se encaminhar, pelos Seus sofrimentos, para a morte, de atar o homem forte e lhe arrancar os seus bens, isto é, a nossa natureza, e de reunir na terra celeste a ovelha errante.

Hoje, o «Filho do Carpinteiro», O Verbo universalmente ativo d’Aquele que tudo construiu por Ele, o Braço Poderoso do Deus Altíssimo, querendo afiar pelo Espírito – que é como o seu dedo – a lâmina embotada da natureza, construiu para Si uma escada viva, cuja base está firmada na terra, com o cimo a tocar os céus: Deus repousa sobre ela. É dela a figura que Jacob contemplou, e por ela Deus desceu da Sua imobilidade, ou melhor, inclinou-Se com condescendência, tornando-Se assim «visível sobre a terra, e conversando com os homens». Estes símbolos representam a Sua vinda ao meio de nós, o seu abaixamento condescendente, a sua existência terrena, o verdadeiro conhecimento d’Ele próprio, dado a todos aqueles que estão sobre a terra. A escada espiritual, a Virgem, está fixa na terra, pois na terra ela tem a sua origem, mas a sua cabeça eleva-se até ao céu. A cabeça de toda a mulher é o homem, mas para ela, que não conheceu homem, Deus Pai ocupa o lugar de sua cabeça: pelo Espírito Santo, Ele concluiu uma aliança e, como semente divina e espiritual, enviou o Seu Filho e Verbo, força omnipotente. Em virtude do beneplácito do Pai, não é por uma união natural, mas é superando as leis da natureza, pelo Espírito Santo e pela Virgem Maria, que o Verbo Se fez carne e habitou entre nós. É por aqui que se vê que a união de Deus com os homens se cumpre pelo Espírito Santo.

«Quem puder entender, que entenda»; «Quem tem ouvidos para ouvir, que ouça». Descartemos as representações corporais: a divindade jamais sofreu mudança, oh homens! Aquele que sem alteração gerou Seu Filho a primeira vez segundo a natureza, sem alteração O gera agora de novo segundo a economia. Disto é testemunha a palavra de David, antepassado de Deus: «O Senhor disse-me: “Tu és Meu Filho, Eu hoje te gerei”». Ora este «hoje» não tem cabimento na geração antes de todos os séculos, pois esta deu-se fora do tempo.

4. Hoje é edificada a Porta do Oriente, que dará a Cristo «entrada e saída», e «essa porta estará fechada». Nela está Cristo, «a Porta das Ovelhas», e «o Seu nome é Oriente»: por Ele obtivemos acesso ao Pai das Luzes. Hoje sopraram as brisas anunciadoras duma alegria universal. Alegre-se o céu nas alturas, que debaixo dele «exulte a terra», que os mares do mundo bramam, porque no mundo acaba de ser concebida uma concha, a qual pelo clarão celeste da divindade conceberá em seu seio, gerando a pérola inestimável, Cristo. Dela sairá o «Rei da Glória», revestido da púrpura de sua carne, para «visitar os cativos», e «proclamar a libertação». Que a natureza transborde de alegria: a cordeirinha vem ao mundo, graças à qual o Pastor revestirá a ovelha, tirando-lhe as túnicas da antiga mortalidade. Que a virgindade forme os seus coros de dança, pois nasceu a Virgem que, segundo Isaías, «conceberá e dará à luz um filho, que será chamado Emmanuel, o que quer dizer “Deus conosco”». Aprendei, oh Nestorianos, e fugi à vossa derrota: «Deus conosco»! Não é nem só um homem, nem um mensageiro, mas o Senhor em Pessoa que virá e nos salvará.

«Bendito o que vem em nome do Senhor», «o Senhor é Deus, e iluminou-nos»; «Celebremos uma festa» para o nascimento da Mãe de Deus. Rejubila, Ana, «estéril que não davas à luz; ri de alegria e de júbilo, tu que não tiveste as dores de parto»! Rejubila, Joaquim: de tua filha «um menino nos nasceu, um filho nos foi dado (…) e ser-lhe-á dado este nome: Anjo do grande Conselho (quer dizer, Salvação do Universo) Deus Forte». Que Nestório fique vermelho e meta a mão sobre a boca. A criança é Deus; portanto, como não seria ela a Mãe de Deus, ela que O colocou no mundo? «Se alguém não reconhece por Mãe de Deus a Santa Virgem, está separado da divindade». A frase não é minha, mas no entanto pertence-me: recebi-a como precioso tesouro e herança teológica do meu pai Gregório, o Teólogo.

5. Oh Joaquim e Ana, casal bem-aventurado e verdadeiramente sem mancha! Pelo fruto do vosso seio fostes reconhecidos, segundo a palavra do Senhor: «Pelos seus frutos os reconhecereis». A vossa conduta foi agradável a Deus e digna daquela que nasceu de vós. Tendo levado uma vida casta e santa, engendrastes a jóia da virgindade, aquela que deveria permanecer Virgem antes, durante e depois do parto, a única sempre Virgem de espírito, de alma e de corpo. Convinha, de fato, que a virgindade saída da castidade produzisse a Luz única e monógena, corporalmente, pela benevolência d’Aquele que A gerou sem corpo – o Ser que não gera, mas que é eternamente gerado, para Quem ser gerado é a única qualidade própria da Sua Pessoa. Oh que maravilhas, e que alianças estão neste menino! Oh Filha da esterilidade, virgindade que engravida, nela se unirão divindade e humanidade, sofrimento e impassibilidade, vida e morte, para que em todas as coisas o menos perfeito seja vencido pelo melhor! E tudo isto para minha salvação, oh Mestre! Amas-me tanto que não realizaste esta salvação nem pelos anjos, nem por nenhuma outra criatura, mas tal como já a minha criação, também a minha regeneração foi Tua obra pessoal. Assim, eu exulto, faço despertar a minha alegria e o meu júbilo, volto à fonte das maravilhas, e embriagado de uma torrente de alegria, toco de novo a cítara do espírito e canto o hino divino da natividade.

6. Oh Joaquim e Ana, casal castíssimo, «par de rolas» no sentido místico! Observando a lei da natureza, a castidade, merecestes os dons que ultrapassam a natureza: gerastes no mundo uma Mãe de Deus sem esposo. Depois de uma existência santa e piedosa numa natureza humana, gerastes uma filha superior aos anjos e que agora reina sobre eles. Oh Filha graciosíssima e dulcíssima, oh lírio nascido entre os espinhos, da descendência nobilíssima e real de David! Por ti a realeza encheu-se com o sacerdócio; por ti foi cumprida «a mudança da Lei», e revelado o espírito escondido sob a letra, pois que a dignidade sacerdotal passou da tribo de Levi à de David. Oh Rosa nascida dos espinhos do judaísmo, que enche o universo de um perfume divino! Oh filha de Adão e Mãe de Deus! Ditosos os rins e o seio de onde surgistes! Ditosos os braços que te levaram, os lábios que experimentaram os teus castos beijos, os lábios de teus pais, para que em tudo tu fosses eternamente virgem. Hoje é para o mundo o início da salvação. «Aclamai o Senhor, terra inteira, cantai, exultai, tocai instrumentos». Elevai a vossa voz, «fazei-a escutar sem temor», porque na Santa Probática nos nasceu uma Mãe de Deus, de quem quis nascer o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo.

Tremei de alegria, oh montanhas, naturezas racionais, voltadas para o cume da contemplação espiritual: a montanha do Senhor, refulgente, vem ao mundo, ultrapassando todas as montanhas e todas as colinas, isto é, os anjos e os homens; dela, sem intervenção da mão do homem, Cristo quis desprender-Se, Ele que é a Pedra Angular, Pessoa Una, que aproxima em Si aquilo que está distante: a divindade e a humanidade, os anjos e os homens, os gentios e o Israel carnal num só Israel espiritual. «Montanha de Deus, montanha de abundância, montanha que Deus escolheu para Seu repouso. Os carros de Deus vêm aos milhares, com seres refulgentes» da graça divina, querubins e serafins. Oh cume mais santo que o Sinai, não coberto nem por fumo, nem por trevas, nem por tempestades, nem sequer por fogo perecível, mas pelo esplendor que ilumina do Santíssimo Espírito. No Sinai, o Verbo de Deus tinha gravado a Lei sobre tábuas de pedra, pelo Espírito, dedo divino; aqui, pela ação do Espírito Santo e pelo sangue de Maria, o próprio Verbo encarnou, dando-se á nossa natureza como um remédio de salvação mais eficaz. Antes, era o maná; aqui, está Aquele que deu o maná e a sua doçura.

Que a morada célebre que Moisés construiu no deserto com matérias preciosas de todo o tipo, e ainda antes dela a morada do nosso pai Abraão, se apaguem diante da morada de Deus, viva e espiritual. Ela foi o repouso, não só da energia divina, mas da Pessoa do Filho, que é Deus, presente substancialmente. Que a arca recoberta de ouro reconheça que não tem nada de comparável com Maria, e da mesma forma a urna de ouro com o maná, o candelabro, a mesa e todos os objetos do culto antigo: eles foram honrados porque todos a prefiguravam, como sombras do verdadeiro protótipo.

7. Hoje, o Criador de todas as coisas, Deus Verbo, fez um livro novo, saído do coração do Pai para ser escrito, como se fosse por uma cana, pelo Espírito, que é a língua de Deus. Esse livro foi dado a um homem que conhecia as letras, mas que não o lia. José, com efeito, não conheceu Maria, nem a significação do mistério em si. Oh filha toda santa de Joaquim e de Ana, que escapaste aos olhares dos Principados e das Potestades e aos «assédios inflamados do maligno», e que viveste no tálamo do Espírito, para seres guardada intacta e te tornares esposa de Deus e Mãe de Deus por natureza! Oh filha toda santa, que apareceste nos braços de tua mãe, tu és o terror das potências de rebelião! Oh filha toda santa, alimentada do leite maternal, e rodeada das legiões angélicas! Oh filha amada de Deus, honra de teus pais, gerações de gerações te proclamam bem aventurada, como tu própria o afirmaste com verdade! Oh filha digna de Deus, beleza da natureza humana, reabilitação de Eva, nossa primeira mãe! Por teu nascimento, aquela que tombara foi redimida. Oh filha toda santa, esplendor do sexo feminino! Se a primeira Eva, com efeito, foi culpada de transgressão, e se por sua causa «a morte fez a sua entrada no mundo» (porque ela se colocou ao serviço da serpente contra o nosso primeiro pai), Maria, que se fez a serva da vontade divina, enganou a serpente enganadora e introduziu no mundo a imortalidade.

Oh filha sempre Virgem, que pode conceber sem intervenção humana, porque Aquele que concebeste tem um Pai Eterno! Oh filha da raça terrena, que levas em teus braços divinamente maternais o Criador! Os séculos rivalizavam entre si para saber qual deles se honraria de te ver nascer, mas o desígnio fixado antecipadamente de Deus, «que fez os séculos» colocou fim a essa rivalidade, e os últimos tornaram-se os primeiros, eles a quem foi atribuída a felicidade da tua Natividade. Na verdade, tu és mais preciosa que toda a criação, pois só de ti o Criador recebeu em partilha as primícias da nossa matéria humana. A Sua Carne foi feita da tua carne, o Seu Sangue do teu sangue; Deus alimentou-Se do teu leite, e os teus lábios tocaram os lábios de Deus. Oh maravilhas incompreensíveis e inefáveis! Na presciência da tua dignidade, amou-te o Deus do universo; porque te amou, predestinou-te, e nos «últimos tempos», chamou-te à existência, e constituiu-te Mãe para gerar um Deus e alimentar o Seu próprio Filho e Verbo.

8. Diz-se que os contrários servem de remédio contra os contrários, mas os contrários não nascem uns dos outros. Mesmo se cada ser é na sua natureza um tecido de contrários, ele próprio provém da predominância da causa que o fez nascer. De fato, da mesma forma que o pecado, ao operar para mim a morte por meio do bem, mostra em extremo a sua natureza pecaminosa, da mesma forma o Autor dos bens, pelo meio dos contrários desses bens, opera para nós o bem que Lhe é natural, porque «onde abundou o pecado, superabundou a graça». Se tivéssemos conservado a nossa primeira comunidade com Deus, não teríamos merecido a Segunda, maior e mais extraordinária. De fato, pelo pecado, fomos julgados indignos da primeira união, porque não conservamos o dom recebido. Mas pela compaixão de Deus fomos perdoados e tomados sob a Sua guarda, para que a comunhão fosse assegurada, porque nos quer conservar unidos a Ele, sem nenhuma beliscadura, Aquele que nos recebeu sob a Sua proteção.

Sim, toda a terra pejava de fornicações, e o povo do Senhor, possuído «pelo espírito de fornicação», errava longe do Senhor seu Deus, longe d’Aquele que o tinha adquirido «com mão forte e braço poderoso», que com sinais e prodígios o tinha feito sair da «casa da escravidão» do Faraó, o tinha conduzido através do Mar Vermelho e guiado «por uma nuvem de dia, e noite inteira por um luzeiro de fogo». O seu coração voltava-se para o Egito, e o povo do Senhor tornou-se «aquele que não é o povo do Senhor»; aquele que obtinha misericórdia, tornou-se aquele que não a merecia, e aquele que era amado, tornou-se aquele que não era amado.

Eis então a razão pela qual uma Virgem vem agora ao mundo, como adversária da ancestral fornicação; ela foi dada como esposa ao próprio Deus, e gerou a misericórdia de Deus. Assim foi estabelecido como povo de Deus aquele que até aí não era o Seu povo; excluído da Sua misericórdia, obteve misericórdia; não amado, é agora amado. Dela nasce o Filho Bem-Amado de Deus, no Qual Ele colocou as Suas complacências.

9. «Uma vinha de belos sarmentos» foi gerada no seio de Ana, e ela produziu um fruto cheio de doçura, fonte de um néctar abundante de vida eterna para os habitantes da terra. Joaquim e Ana fizeram-se semeadores de justiça, e recolheram um fruto de vida. Eles foram iluminados pela luz do conhecimento, procuraram o Senhor, e daí lhes veio um fruto de justiça. Que a terra tenha confiança! «Filhos de Sião, alegrai-vos no Senhor vosso Deus, porque o deserto ficou verdejante»: aquela que era estéril deu o seu fruto; Joaquim e Ana, como montanhas místicas, fizeram brotar vinho doce. Permanece na alegria, oh Ana venturosa, por teres dado à luz uma mulher, porque essa mulher será a Mãe de Deus, porta da luz, fonte de vida, e reduzirá nada a acusação que pesava sobre a mulher.

Os homens nobres do povo desejarão vê-la, e diante dessa mulher os reis das nações prostrar-se-ão, oferecendo-lhe presentes. Entrega-la-ás a Deus, rei universal, adornada da beleza das suas virtudes como de «brocados de ouro», ornada da graça do Espírito, de cuja glória ela se reveste. A glória da mulher é o homem, e é-lhe dada a partir de fora; mas a glória da Mãe de Deus é interior, e é fruto do seu seio.

Oh mulher amabilíssima, três vezes bem-aventurada! «Bendita és tu entre as mulheres, e bendito o fruto do teu ventre»! Oh mulher, filha do Rei David e Mãe de Deus, Rei do Universo! Oh divina e vivente obra-prima, na qual Deus Criador Se alegrou, de quem o espírito é governado por Deus e atento somente a Ele, e de quem todo o desejo se eleva apenas Àquele que é o único amável e desejável, que não te encolerizas senão contra o pecado e contra aquele que o fez nascer! Terás uma vida superior à natureza, porque não é para ti que a terás, já que também não é para ti que tu nasceste. Terás antes a tua vida para Deus, e é por causa d’Ele que vieste à vida, por causa de Quem servirás à salvação universal, para que o antigo desígnio de Deus, a Encarnação do Verbo e a nossa divinização, se cumpra através de ti. A tua vontade é alimentares-te das palavras divinas e fortificares-te com a sua seiva, como «oliveira fecunda na casa de Deus», como «árvore plantada à beira das águas» do Espírito, como árvore da vida, que deu o seu fruto no tempo que lhe foi destinado: o fruto que é o Deus Encarnado, Vida eterna de todos os seres. Guardas todos os pensamento gostoso e útil para a alma, mas todo aquele que é supérfluo e que seria um perigo para a alma tu o rejeitas ainda antes de o provar. Os teus olhos «estão sempre voltados para o Senhor», olhando a luz eterna e inacessível. Teus ouvidos escutam a palavra de Deus e deleitam-se com a cítara do Espírito; foi por eles que o Verbo entrou para Se fazer Carne. Tuas narinas respiram deliciadas o aroma dos perfumes do Esposo, que é Ele próprio um perfume, espontaneamente derramado para perfumar a Sua humanidade: «O teu nome é um perfume que se espalha», diz a Escritura. Os teus lábios louvam o Senhor, e estão ligados aos Seus lábios. A tua língua e o teu palato discernem as palavras de Deus e saciam-se com a suavidade divina. Oh coração puro e sem mácula, que vê e deseja o Deus imaculado!

É neste seio que o Ser ilimitado veio habitar; do seu leite se alimentou Deus, o Menino Jesus. Oh porta de Deus, sempre virginal! Eis as mãos que suportam Deus, e esses joelhos que são um trono mais elevado que os querubins: por eles «as mãos fracas e os joelhos trêmulos» foram fortalecidos. Os seus pés são guiados pela lei de Deus como por uma lâmpada que brilha, e correm após Ele sem se voltarem, até que tenham feito chegar aquela que ama junto do Bem-Amado. Em todo o seu ser ela é o tálamo do Espírito, a Cidade de Deus Vivo, que «alegra os canais do rio», isto é, as correntes dos carismas do Espírito: «Toda bela, toda próxima de Deus». Dominando os querubins, mais alta que os serafins, próxima de Deus: é a ela que esta palavra se aplica!

10. Oh maravilha que ultrapassa todas as maravilhas: uma mulher é colocada mais alto que os serafins, porque Deus surgiu abaixado «um pouco inferior aos anjos»! Que o sapientíssimo Salomão se cale, e não torne a dizer: «Nada de novo debaixo do sol». Oh Virgem cheia da graça divina, templo santo de Deus, que o Salomão espiritual, o Príncipe da Paz, construiu e habita, o ouro e as pedrarias não te dão mais beleza, mas mais que o ouro, é o Espírito que te dá o teu esplendor. Por pedrarias, tens a pérola preciosíssima, Cristo, a Brasa da divindade. Suplica-Lhe que toque os nossos lábios, para que, purificados, Lhe cantemos, com o Pai e o Espírito, a natureza única da Divindade em três Pessoas: «Santo, Santo, Santo, Senhor Deus dos Exércitos».

Santo é o Pai, que quis que em ti e por ti se cumprisse o mistério que predeterminara antes de todos os séculos. Santo é o Forte, o Filho de Deus, e Deus Monógeno, que hoje te faz nascer, primogênita de uma mãe estéril, para que, sendo Ele próprio Filho Único do Pai e «Primogênito de toda a criatura», possa nascer de ti, como Filho único de uma Virgem-Mãe, «Primogênito de uma multidão de irmãos», semelhante a nós e por ti participante da nossa carne e do nosso sangue. Apesar disso, não te fez nascer de um só pai ou de uma só mãe, para que ao único Monógeno fosse reservado em perfeição o privilégio de Filho Único: Ele é, com efeito, Filho Único, somente Ele de um Pai só, somente Ele de uma Mãe só.

Santo é o Imortal, o Espírito de toda a santidade, que pelo orvalho da Sua Divindade te guardou intocada pelo fogo divino: é isto que significou antecipadamente a sarça ardente.

Eu te saúdo, oh Porta das Ovelhas, morada santíssima da Mãe de Deus. Eu te saúdo, oh Porta da Ovelhas, domicílio ancestral da tua rainha, antigamente redil das ovelhas de Joaquim, mas hoje tornada Igreja do rebanho espiritual de Cristo e imitação do céu. Outrora recebias uma vez por ano um anjo de Deus, que agitava as águas e devolvia a saúde a um só homem, livrando-o do mal que o paralisava; agora recebes multidões de potências celestes que celebram conosco a Mãe de Deus, Abismo de Maravilhas, fonte da cura universal. Tu recebeste, não um anjo servidor, mas o «Anjo do Grande Conselho», descido sem ruído algum sobre o velo de lã como uma chuva de bondade, Aquele que renovou toda a natureza, doente e a ponto de se perder, com uma saúde inalterável e uma vida sem velhice: por Ele, o paralítico que em ti jazia saltou como um veado. Eu te saúdo, oh preciosa Porta das Ovelhas, e que se multiplique a tua graça!

Eu te saúdo, Maria, filha dulcíssima de Ana. De novo para ti o amor me impele. Como descrever o teu caminhar cheio de seriedade, os teus vestidos, a graça de teu rosto, a maturidade do discernimento num corpo juvenil? A tua forma de estar foi modesta, distante de todo o luxo e de toda a indolência; o teu caminhar era grave, sem precipitação, sem preguiça; o teu caráter era sério, temperado de júbilo, de uma perfeita reserva a propósito dos homens – disto é testemunho a inquietação que te surgiu aquando da proposta inesperada do anjo. A teus pais dócil e obediente, tinhas humildes sentimentos nas mais altas contemplações, palavra amável, provinda de uma alma pacífica. Em resumo: que outra digna morada senão tu para Deus? Com razão todas as gerações te proclamam bem-aventurada, oh glória insigne da humanidade! Tu és a honra do sacerdócio, a esperança dos cristãos, a planta fecunda da virgindade, porque é através de ti que o renome da virgindade se estendeu aos confins do mundo. «Bendita és tu entre as mulheres, e bendito o Fruto do teu ventre». Aqueles que confessam a tua maternidade divina são benditos, e malditos aqueles que a negam.

12. Joaquim e Ana, casal abençoado, recebei de mim estas palavras de aniversário. Oh filha de Joaquim e de Ana, oh Soberana, acolhe a palavra deste teu servo pecador, mas inflamada pelo amor, e para quem tu és a única esperança de alegria, a protetora da vida e, junto de teu Filho, a reconciliadora e firme garantia da salvação. Possa tu aliviar-me do fardo dos meus pecados, dissipar a névoa que obscurece o meu espírito e o peso que me agarra à matéria. Possas tu deter as tentações, governar felizmente a minha vida e conduzir-me pela mão até à felicidade do Alto. Concede ao mundo a paz, e a todos os habitantes ortodoxos desta cidade uma alegria perfeita e a salvação eterna, pelas orações de teus pais e de todo o Corpo da Igreja. Assim seja, assim seja! «Salve, oh cheia de graça, o Senhor está contigo! Bendita és tu entre as mulheres, e bendito o fruto de teu ventre», Jesus Cristo, o Filho de Deus. A Ele a Glória, com o Pai e o Espírito Santo, pelos séculos dos séculos. Amém.

Tradução: Seminário de Sintra (Portugal)

________

Visto em: http://farfalline.blogspot.com.br/2013/09/8-de-setembro-natividade-da-virgem.html

Visto em: http://vashonorabile.blogspot.com.br/2013/09/homilia-sobre-natividade-de-maria.html

Read Full Post »

02/09 Sexta-feira 
Festa de Terceira Classe
Paramentos Brancos

0209-1

O Rei Estêvão, o Grande, ou Santo Estêvão da Hungria (Szent István király em húngaro), c. 975 – 15/08/1038, foi o primeiro rei da Hungria. Seu pai foi o chefe tribal magiar Géza; sua mãe chamava-se Sarolt, e Estêvão recebeu ao nascer o nome de Vajk (que significa “herói”). Nascido na cidade de Esztergom, Vajk foi batizado aos 10 anos de idade juntamente com seu pai por Santo Adalberto de Praga, como pré-condição para receber de Roma a coroa da Hungria, e então renomeado Estêvão, em homenagem ao mártir da igreja primitiva, Santo Estêvão protomártir. Desde este momento o cristianismo firmou e cresceu entre o povo magyar e pouco depois sucedeu a seu pai no governo de seu povo Estêvão. No ano de 995, aos vinte anos de idade, recebeu por esposa Gisela, irmã do santo imperador Henrique II, tiveram três filhos, cujos nomes a história registrou: os varões Américo (Imre) e Otão (Ottó) e a filha Edviges (Hedvig).

Em momento tão decisivo, certamente experimentou os atrativos de uma vida de liberdade e independência de todo jugo religioso, conforme os antecedentes de seu povo nômade e guerreiro; porém, preparado já pelo batismo e  pela primeira educação recebida de seu pai e  atraído depois pelo afeto e pelas razões de sua esposa cristã, Gisela, decidiu-se pelo cristianismo e se propôs desde o início fazer de seu povo um povo profundamente cristão. Nos primeiros anos de seu governo deu as mais claras provas de seu espírito guerreiro e do indomável valor de seu braço, pois em uma série de guerras com rivais de sua própria tribo e com alguns povos vizinhos, assegurou definitivamente sua posição e sua independência. Isto foi de extraordinária importância em todos os passos que foi dando sucessivamente,  asegurando-lhe o prestígio militar que necessitava, cortando pela raiz todo princípio de rebelião contra a evidente superioridade que todos lhe reconheceram.

Uma vez assegurada sua posição, dedicou-se plenamente à consolidação do cristianismo em seus territórios, para o qual lhe serviu de  instrumento o monge Ascherik ou Astrik. Nomeado primeiro arcebispo dos magyares com o nome de Anastácio, Astrick se dirigiu a Roma, com a dupla comissão de Santo Estevão, de obter do Papa São Silvestre II (999-1003), antes de tudo, a  organização de uma hierarquia completa na Hungria e, em segundo lugar, a concessão do título de rei para Estevão, segundo lhe instava a nobreza e a parte mais saudável de seu povo.

O Papa São Silvestre II viu claramente a importância de ambas comissões, destinadas à consolidação definitiva do cristianismo em um grande povo e, assim, com entendimentos com o jovem imperador Otão III, que se encontrava então em Roma,  redigiu uma bula, na qual aprovava os bispos propostos por Estevão e lhe concedia com toda solenidade o título de rei,  enviando para ele uma corôa real juntamente com sua bênção apostólica. Santo Estevão saiu ao encontro do embaixador de Roma, escutou de pé e com grande respeito a leitura da bula pontifícia, e no Natal do ano 1000 foi solenemente coroado rei.

Desde este momento se pode dizer que o novo rei Santo Estevão da Hungria entregou-se totalmente à rude tarefa de converter o povo dos magyares em um dos povos mais profundamente cristãos da Europa medieval. Antes de tudo, era necessário instruir convenientemente a maior parte de seus súditos, que não conheciam o Evangelho e que, pelo contrário, estavam imbuídos nas práticas pagãs.  Para este trabalho de  evangelização de seu povo, Estevão pediu ajuda aos monges cluniacenses, então em grande fervor e  apogeu, e, efetivamente, seu célebre abade Santo Odilon, que lhe concedeu grande quantidade de missionários.

Por outro lado, organizou o rei uma série de novas dioceses. Seu primeiro plano foi estabelecer os doze projetos, porém,  logo viu que devia proceder gradualmente, à medida que o clero ia capacitando-se para isso e  as circunstâncias o permitiam. A primeira foi a de Vesprem. Não muito depois da Esztergom, que foi constituída em sede primada, e assim foram seguindo outras.  Paralelamente, Santo Estevão foi o grande construtor de igrejas. Assim, construiu a catedral metropolitana de Esztergom, outra em honra à Santíssima Virgem em Szekesfehervar, onde posteriormente eram coroados e enterrados os reis da Hungria. Santo Estevão estabeleceu neste lugar sua residência, pelo qual foi denominado Alba Regalis.

Desta forma continuou avançando rapidamente a cristianização da Hungria, que constitui a grande obra de Santo Estevão. Os principais instrumentos foram os monges de São Bento. Estevão completou a construção do grande mosteiro de São Martinho, começado por seu pai. Este mosteiro, existente todavia em nossos dias, conhecido com os nomes de Martinsberg ou Pannonhalma, foi sempre o centro da Congregação beneditina na Hungria.

Em seu empenho, de cristianizar seu reino, protegeu a vida de piedade do povo em todas suas manifestações. Por isto, além de construir igrejas e mosteiros, organizou santuários dedicados à Santíssima Virgem, cuja devoção favoreceu e fomentou, ajudou e protegeu as peregrinações a Jerusalém e a Roma e, em geral, tudo o que significava fervor e vida cristã.  Ao contrário, perseguiu e procurou abolir, às vezes com excessivo rigor os costumes bárbaros ou supersticiosos do povo: reprimiu com severos castigos a blasfêmia, o adultério, o assassinato e  outros crimes ou pecados públicos. Enquanto por um lado se mostrava humilde, simples e acessível aos pobres e necessitados, era intransigente com os degenerados  e rebeldes para com a religião.

0209-2

Após derrotar os nobres pagãos que se lhe opunham e unificar as tribos magiares, reza a tradição que Estêvão recebeu do Papa Silvestre II uma coroa de ouro e pedras preciosas (a qual, denominada “Santa Coroa”, tornou-se o símbolo do país), juntamente com uma cruz apostólica e uma carta de bênção em janeiro de 1001, com o que o papado o reconhecia como um rei cristão na Europa.

Uma de suas ocupações favoritas era distribuir esmolas aos pobres, com os que se mostrava indulgente e paternal.  Refere-se que, em certa ocasião, um grupo de mendigos caíram sobre ele, o maltrataram e roubaram o dinheiro que tinha destinado para os demais. O rei tomou com mansidão e  bom humor este atropelo,  porém,  os nobres trataram de impedir que se expusesse de novo sua pessoa a  outro ato semelhante. Sem embargo, a despeito de todos, ele renovou sua promessa de não negar nunca esmola a quem se lhe pedisse. Precisamente, este insigne exemplo de virtude, era o que mais influxo exercia sobre todos os que entravam em contato com ele.

Sobre esta base da mais profunda religiosidade, Santo Estevão deu uma nova legislação e organizou definitivamente a seu povo. Com o objeto de obter a mais perfeita unidade, aboliu as divisões de tribos e dividiu o reino em trinta e nove condados, correspondentes às divisões eclesiásticas. Além disso, introduzindo com algumas limitações o sistema feudal, uniu fortemente a sua causa à nobreza.  Por isto, Santo Estevão deve ser considerado como o fundador da verdadeira unidade da Hungria.

Certamente teve opositores e descontentes dentro e fora de seu território.  Por isso, ainda que tão decidido amigo da paz, teve que fechar mão de seus extraordinários dotes de guerreiro para manter a unidade e defender seus direitos. Assim, venceu a Gyula de Transilvânia, e quando em 1030 o imperador Cornado II da Alemanha invadiu a Hungria, Santo Estevão ordenou penitências e orações em todo o reino e com tanto valor se opôs com seu exército às forças invasoras, que Conrado II teve que abandonar todo o território com incalculáveis perdas.  Por outro lado, teve que manter seus direitos frente à Polônia, ajudou nos Balcanes aos bizantinos e  realizou constantemente uma política de defesa dos interesses de seu território.

Os últimos anos de sua vida foram perturbados por infelicidades domésticas e  dificuldades internas. Seu filho e sucessor, Santo Emerico, a quem Estevão tratava já de  entregar parte do governo, morreu inesperadamente em  1031.  As crônicas referem que,  ao ter notícia desta tragédia, o santo rei exclamou: “Deus o amava muito, e por isto o levou consigo”, porém, de fato, caiu em grande desalento. Mas as consequências desta tragédia foram sumamente lamentáveis. Os últimos anos de vida de Santo Estevão foram uma verdadeira teia de intrigas com relação à sucessão, que foram constantemente crescendo à medida que piorava a saúde de Estevão pois seus filhos já haviam morrido.

Entre os quatro pretendentes que se apresentaram o que mais distúrbios ocasionou foi o filho de Gisela, irmã do rei, mulher ambiciosa e cruel, que vivia na corte húngara e se propôs a todo custo apoderar-se do trono da Hungria. As constantes tristezas que todas estas coisas ocasionavam ao santo rei foram minando sua saúde, até que,  no ano de 1038, na festa da Assunção, entregou sua alma a Deus. foi enterrado em Szekesfehervar, ao lado de seu filho Emerico, enquanto sua esposa, Gisela,  se retirava para o convento das beneditinas de Passau.

Rapidamente Estevão foi objeto da mais entusiasta veneração, pois o povo cristão mantinha a mais viva recordação de suas extraordinárias qualidades como guerreiro, como governante, como pai de seus súditos e  como rei ideal cristão, mas sobretudo, estimava e  louvava sua extraordinária piedade e espírito religioso, sua submissão à hierarquia e, particularmente ao Romano Pontífice, a quem se declarava devedor da coroa e de quem se declarou súdito feudal, e  seu entranhável amor aos pobres.  Já no ano 1083, suas relíquias, juntamente com as de seu filho Emerico, foram postas à veneração pública durante o governo de São Gregório VII, o qual equivalia à canonização dos nossos tempos. Rapidamente Santo estevão se  fez popular em toda a  Europa cristã. Na Alemanha mantiveram-se verdadeiras correntes de devoção até às peregrinações húngaras, que ao longo da Idade Média acorriam grandes massas à Colônia ou ao Aquisgrão. Em territórios sumamente distantes se encontram pegadas desta veneração crescente por Santo Estevão da Hungria. Assim, se encontrou na Bélgica,  na região de Namur, na Itália, em Montecassino e na própria Rússia. Este fenômeno se deve, indubitavelmente, à predileção que Santo estevão mostrou sempre pelas peregrinações e o favor que sempre prestou aos peregrinos. Assim se explica quão salutar a Igreja lhe dedicar um ofício litúrgico na Hungria, que Inocêncio XI (1676-1689) estendeu à toda Igreja.

É curioso o antigo costume de apresentar a Santo Estevão extremamente ancião, sendo assim que morreu contando somente uns sessenta e três anos e com um manto de coroação, na forma de casula, de que ele mesmo havia feito donativo à igreja de Alba Regalis (Szekesfehervar).

Tendo presente, por um lado, como favoreceu constantemente á obra dos beneditinos e, por outro, como seu espírito profundamente religioso, sua piedade eminentemente litúrgica, sua hospitalidade e amor aos pobres o assemelham tanto ao espírito de São Bento, observa-se que Santo Estevão da Hungria foi um rei beneditino e levou ao trono o espírito da regra beneditina. Mais ainda. De certa maneira, se chegou a dizer, é mais beneditino que São Bento e seus filhos. Pois é conhecido que ele tinha o piedoso costume de entregar cada ano seu cargo na igreja de São Martinho. de fato, a regra de São Bento, não pede tanto de seus abades.

Por Bernardirno Llorca, S.I. (Vide referência na base)

Casou-se, ao que parece em 995, com a beata Gisela da Baviera, filha do Henrique II da Baviera e de Gisela da Borgonha.

.

Epístola

Eclesiástico 31,8-11

8 Bem-aventurado o rico que foi achado sem mácula, que não correu atrás do ouro, que não colocou sua esperança no dinheiro e nos tesouros! 9 Quem é esse homem para que o felicitemos? Ele fez prodígios durante sua vida. 10 Àquele que foi tentado pelo ouro e foi encontrado perfeito, está reservada uma glória eterna: ele podia transgredir a lei e não a violou; ele podia fazer o mal e não o fez. 11 Por isso seus bens serão fortalecidos no Senhor, e toda a assembléia dos santos louvará suas esmolas.

.

Sequência do Santo Evangelho

São Lucas 19,12-26  

12 Um homem ilustre foi para um país distante, a fim de ser investido da realeza e depois regressar. 13 Chamou dez dos seus servos e deu-lhes dez minas, dizendo-lhes: Negociai até eu voltar. 14 Mas os homens daquela região odiavam-no e enviaram atrás dele embaixadores, para protestarem: Não queremos que ele reine sobre nós. 15 Quando, investido da dignidade real, voltou, mandou chamar os servos a quem confiara o dinheiro, a fim de saber quanto cada um tinha lucrado. 16 Veio o primeiro: Senhor, a tua mina rendeu dez outras minas. 17 Ele lhe disse: Muito bem, servo bom; porque foste fiel nas coisas pequenas, receberás o governo de dez cidades. 18 Veio o segundo: Senhor, a tua mina rendeu cinco outras minas. 19 Disse a este: Sê também tu governador de cinco cidades. 20 Veio também o outro: Senhor, aqui tens a tua mina, que guardei embrulhada num lenço; 21 pois tive medo de ti, por seres homem rigoroso, que tiras o que não puseste e ceifas o que não semeaste. 22 Replicou-lhe ele: Servo mau, pelas tuas palavras te julgo. Sabias que sou rigoroso, que tiro o que não depositei e ceifo o que não semeei… 23 Por que, pois, não puseste o meu dinheiro num banco? Na minha volta, eu o teria retirado com juros. 24 E disse aos que estavam presentes: Tirai-lhe a mina, e dai-a ao que tem dez minas. 25 Replicaram-lhe: Senhor, este já tem dez minas!… 26 Eu vos declaro: a todo aquele que tiver, dar-se-lhe-á; mas, ao que não tiver, ser-lhe-á tirado até o que tem.

Read Full Post »