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Archive for maio \31\-03:00 2019

Fonte: Escravas de Maria

31/05 Sexta-feira 
Festa de Primeira Classe 
Paramentos Brancos
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A encíclica Ad Caeli Reginam (Rainha do Céu), do Papa Pio XII, de 11 de outubro de 1954 trata sobre a Realeza de Maria e a instituição Festa de Nossa Senhora Rainha, celebrada a cada dia 31 de maio com o costume de coroar-se a imagem da Virgem e da recitação pública da Consagração do Gênero Humano ao Imaculado Coração de Maria. Na mesma encíclica o Papa Pio XII escreveu: “Maria é Rainha não só por ser a Mãe de Deus, mas também por ter sido associada, pela vontade de Deus, a Jesus Cristo na obra da salvação. Isenta de qualquer culpa pessoal ou hereditária, e sempre estreitissimamente unida ao Filho, ela o ofereceu no Calvário ao Eterno Pai, sacrificando seu amor de mãe em benefício de toda a humanidade manchada pelo pecado. Por isso, assim como Jesus é Rei não só por ser o Filho de Deus, mas também por ser o nosso Redentor, assim pode-se afirmar que Maria é Rainha não só por ser a Mãe de Deus, mas também porque se associou a Cristo na redenção do gênero humano. “Maria participa da dignidade real – ensina Pio XII – porque desta união com Cristo Rei deriva para ela tão esplendente sublimidade, que supera a excelência de todas as coisas criadas. Desta mesma união com Cristo nasce aquele poder real, pelo qual ela pode dispor dos tesouros do Reino do Redentor divino”. O Reino de Maria é vasto como o de seu Filho, porque nada se exclui de seu domínio.”


Leitura da Epístola de

Eclesiástico 24, 5-31

5 Ela diz: Saí da boca do Altíssimo; nasci antes de toda criatura. 6 Eu fiz levantar no céu uma luz indefectível, e cobri toda a terra como que de uma nuvem. 7 Habitei nos lugares mais altos: meu trono está numa coluna de nuvens. 8 Sozinha percorri a abóbada celeste, e penetrei nas profundezas dos abismos. Andei sobre as ondas do mar, 9 e percorri toda a terra. Imperei sobre todos os povos 10 e sobre todas as nações. 11 Tive sob os meus pés, com meu poder, os corações de todos os homens, grandes e pequenos. Entre todas as coisas procurei um lugar de repouso, e habitarei na moradia do Senhor. 12 Então a voz do Criador do universo deu-me suas ordens, e aquele que me criou repousou sob minha tenda. 13 E disse-me: Habita em Jacó, possui tua herança em Israel, estende tuas raízes entre os eleitos. 14 Desde o início, antes de todos os séculos, ele me criou, e não deixarei de existir até o fim dos séculos; e exerci as minhas funções diante dele na casa santa. 15 Assim fui firmada em Sião; repousei na cidade santa, e em Jerusalém está a sede do meu poder. 16 Lancei raízes no meio de um povo glorioso, cuja herança está na partilha de meu Deus; e fixei minha morada na assembléia dos santos. 17 Elevei-me como o cedro do Líbano, como o cipreste do monte Sião; 18 cresci como a palmeira de Cades, como as roseiras de Jericó. 19 Elevei-me como uma formosa oliveira nos campos, como um plátano no caminho à beira das águas. 20 Exalo um perfume de canela e de bálsamo odorífero, um perfume como de mirra escolhida; 21 como o estoraque, o gálbano, o ônix e a mirra, como a gota de incenso que cai por si própria, perfumei minha morada. Meu perfume é como o de um bálsamo sem mistura. 22 Estendi meus galhos como um terebinto, meus ramos são de honra e de graça. 23 Cresci como a vinha de frutos de agradável odor, e minhas flores são frutos de glória e abundância. 24 Sou a mãe do puro amor, do temor (de Deus), da ciência e da santa esperança, 25 em mim se acha toda a graça do caminho e da verdade, em mim toda a esperança da vida e da virtude. 26 Vinde a mim todos os que me desejais com ardor, e enchei-vos de meus frutos; 27 pois meu espírito é mais doce do que o mel, e minha posse mais suave que o favo de mel. 28 A memória de meu nome durará por toda a série dos séculos. 29 Aqueles que me comem terão ainda fome, e aqueles que me bebem terão ainda sede. 30 Aquele que me ouve não será humilhado, e os que agem por mim não pecarão. 31 Aqueles que me tornam conhecida terão a vida eterna.
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Sequência do Santo Evangelho
São Lucas 1, 26-33

26 No sexto mês, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galiléia, chamada Nazaré, 27 a uma virgem desposada com um homem que se chamava José, da casa de Davi e o nome da virgem era Maria. 28 Entrando, o anjo disse-lhe: Ave, cheia de graça, o Senhor é contigo. 29 Perturbou-se ela com estas palavras e pôs-se a pensar no que significaria semelhante saudação. 30 O anjo disse-lhe: Não temas, Maria, pois encontraste graça diante de Deus. 31 Eis que conceberás e darás à luz um filho, e lhe porás o nome de Jesus.32 Ele será grande e chamar-se-á Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi; e reinará eternamente na casa de Jacó, 33 e o seu reino não terá fim.
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Viva Cristo Rei e Maria Rainha.
Rezem todos os dia Santo Rosário.

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CARTA ENCÍCLICA DO PAPA PIO XII

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AD CAELI REGINAM

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SOBRE A REALEZA DE MARIA
E A INSTITUIÇÃO DA SUA FESTA

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Aos veneráveis irmãos Patriarcas, Primazes,
Arcebispos e bispos e outros Ordinários do lugar,
em paz e comunhão com a Sé Apostólica

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INTRODUÇÃO

1. Desde os primeiros séculos da Igreja católica, elevou o povo cristão orações e cânticos de louvor e de devoção à Rainha do céu tanto nos momentos de alegria, como sobretudo quando se via ameaçado por graves perigos; e nunca foi frustrada a esperança posta na Mãe do Rei divino, Jesus Cristo, nem se enfraqueceu a fé, que nos ensina reinar com materno coração no universo inteiro a Virgem Maria, Mãe de Deus, assim como está coroada de glória na bem-aventurança celeste.

2. Ora, depois das grandes calamidades que, mesmo à nossa vista, destruíram horrivelmente florescentes cidades, vilas e aldeias; diante do doloroso espetáculo de tantos e tão grandes males morais, que transbordam em temeroso aluvião; quando vacila às vezes a justiça e triunfa com freqüência a corrupção; neste incerto e temeroso estado de coisas, sentimos nós a maior dor; mas ao mesmo tempo recorremos confiantes à nossa rainha, Maria santíssima, e patenteamos-lhe não só os nossos devotos sentimentos mas também os de todos os fiéis cristãos.

3. É grato e útil recordar que nós próprios – no dia 1° de novembro do ano santo de 1950, diante de grande multidão formada de cardeais, bispos, sacerdotes e simples cristãos, vindos de toda a parte do mundo – definimos o dogma da assunção da bem-aventurada virgem Maria ao céu(1), a qual presente em alma e corpo, reina entre os coros dos anjos e santos, juntamente com o seu unigênito Filho. Além disso – ocorrendo o primeiro centenário da definição dogmática do nosso predecessor de imortal memória Pio IX, que proclamou ter sido a Mãe de Deus concebida sem qualquer mancha do pecado original – promulgamos,(2) com grande alegria do nosso coração paterno, o presente ano mariano; e vemos com satisfação que não só nesta augusta cidade – especialmente na Basílica Liberiana, onde inumeráveis multidões vão testemunhando bem claramente a sua fé e ardente amor a Mãe do céu – mas em todas as partes do mundo a devoção à virgem Mãe de Deus refloresce cada vez mais, ocorrendo grandes peregrinações aos principais santuários de Maria.

4. Todos sabem que nós, na medida do possível – quando em audiências falamos aos nossos filhos, ou quando, por meio das ondas radiofônicas, dirigimos mensagens ao longe – não deixamos de recomendar, a quantos nos ouviam que amassem, com amor terno e filial, tão boa e poderosa Mãe. A esse propósito, recordamos em especial a radiomensagem que endereçamos ao povo português, por motivo da coroação da prodigiosa imagem de nossa Senhora de Fátima (3), que chamamos radiomensagem da “realeza” de Maria.(4)

5. Portanto, como coroamento de tantos testemunhos deste nosso amor filial, a que o povo cristão correspondeu com tanto ardor, para encerrar com alegria e fruto o ano mariano que se aproxima do fim, e para satisfazer aos insistentes pedidos, que nos chegaram de toda a parte, resolvemos instituir a festa litúrgica da bem-aventurada rainha virgem Maria.

6. Não é verdade nova que propomos à crença do povo cristão, porque o fundamento e as razões da dignidade régia de Maria encontram-se bem expressos em todas as idades, e constam dos documentos antigos da Igreja e dos livros da sagrada liturgia.

7. Queremos recordá-los na presente encíclica, para renovar os louvores da nossa Mãe do céu e avivar proveitosamente na alma de todos a devoção para com ela.

I
A REALEZA DE MARIA NOS TEXTOS DA TRADIÇÃO… 

8. Com razão acreditou sempre o povo fiel, já nos séculos passados, que a mulher, de quem nasceu o Filho do Altíssimo – o qual “reinará eternamente na casa de Jacó”(5), (será) “Príncipe da Paz”(6) , “Rei dos Reis e Senhor dos senhores”(7)-, recebeu mais que todas as outras criaturas singulares privilégios de graça. E considerando que há estreita relação entre uma mãe e o seu filho, sem dificuldade reconheceu na Mãe de Deus a dignidade real sobre todas as coisas.

9. Assim, baseando-se nas palavras do arcanjo Gabriel, que predisse o reino eterno do Filho de Maria,(8) e nas de Isabel, que se inclinou diante dela e a saudou como “Mãe do meu Senhor”,(9) compreende-se que já os antigos escritores eclesiásticos chamassem a Maria “mãe do Rei” e “Mãe do Senhor”, dando claramente a entender que da realeza do Filho derivara para a Mãe certa elevação e preeminência.

10. Santo Efrém, com grande inspiração poética, põe estas palavras na boca de Maria: “Erga-me o firmamento nos seus braços, porque eu estou mais honrada do que ele. O céu não foi tua mãe, e fizeste dele teu trono. Ora, quanto mais se deve honrar e venerar a mãe do Rei, do que o seu trono!”(10) Em outro passo, assim invoca a Maria santíssima: “…Virgem augusta e protetora, rainha e senhora, protege-me à tua sombra, guarda-me, para que Satanás, que semeia ruínas, não me ataque, nem triunfe de mim o iníquo adversário”.(11)

11. A Maria chama s. Gregório Nazianzeno “Mãe do Rei de todo o universo”, “Mãe virgem, [que] deu à luz o Rei do todo o mundo”.(12) Prudêncio diz que a Mãe se maravilha “de ter gerado a Deus não só como homem mas também como sumo rei”.(13)

12. E afirmam claramente a dignidade real de Maria aqueles que a chamam “senhora”, “dominadora” e “rainha”.

13. Já numa homilia atribuída a Orígenes, Maria é chamada por Isabel não só “Mãe do meu Senhor” mas também “Tu, minha Senhora”.(14)

14. O mesmo conceito se pode deduzir dum texto de s. Jerônimo, que expõe o próprio parecer acerca das várias interpretações do nome de Maria: “Saiba-se que Maria, na língua siríaca, significa Senhora”.(15) Igualmente e com mais decisão, se exprime depois s. Pedro Crisólogo: “O nome hebraico Maria traduz-se por “Domina” em latim: “portanto o anjo chama-lhe Senhora para livrar do temor de escrava a mãe do Dominador, a qual nasce e se chama Senhora pelo poder do Filho”.(16)

15. Santo Epifânio, bispo de Constantinopla, escreve ao papa Hormisdas pedindo a conservação da unidade da Igreja “mediante a graça da Trindade una e santa e por intercessão de nossa Senhora, a santa e gloriosa virgem Maria, Mãe de Deus”.(17)

16. Um autor do mesmo tempo dirige-se a Maria santíssima, sentada à direita de Deus, invocando-a solenemente como “Senhora dos mortais, santíssima Mãe de Deus”.(18)

17. Santo André Cretense atribui muitas vezes a dignidade real à virgem Maria; escreve, por exemplo: “Leva [Jesus Cristo] neste dia da morada terrestre [para o céu], como rainha do gênero humano, a sua Mãe sempre virgem, em cujo seio, permanecendo Deus, tomou a carne humana”.(19) E noutro lugar: “Rainha de todo o gênero humano, porque, fiel à significação do seu nome, se encontra acima de tudo quanto não é Deus”.(20)

18. Do mesmo modo se dirige s. Germano à humildade da Virgem: “Senta-te, ó Senhora; sendo tu Rainha e mais eminente que todos os reis, pertence-te estar sentada no lugar mais nobre”(21); e chama-lhe: “Senhora de todos aqueles que habitam a terra”.(22)

19. São João Damasceno proclama-a “rainha, protetora e senhora”(23) e também: “senhora de todas as criaturas”(24); e um antigo escritor da Igreja ocidental chama-lhe: “ditosa rainha”, “rainha eterna junto do Filho Rei”, e diz que ela tem a “nívea cabeça ornada com um diadema de ouro”.(25)

20. Finalmente, s. Ildefonso de Toledo resume-lhe quase todos os títulos de honra nesta saudação: “Ó minha senhora, minha dominadora: tu dominas em mim, ó mãe do meu Senhor… Senhora entre as escravas, rainha entre as irmãs”.(26)

21. Recolhendo a lição desses e outros inumeráveis testemunhos antigos, chamaram os teólogos a santíssima Virgem, rainha de todas as coisas criadas, rainha do mundo e senhora do universo.

22. Por sua vez, os sumos pastores da Igreja julgavam obrigação sua aprovar e promover a devoção à celeste Mãe e Rainha com exortação e louvores. Pondo de parte os documentos dos papas recentes, recordamos que já no século VII o nosso predecessor s. Martinho I chamou a Maria “gloriosa Senhora nossa, sempre virgem”;(27) s. Agatão, na carta sinodal enviada aos padres do sexto concílio ecumênico, chamou-a “Senhora nossa, verdadeiramente e com propriedade Mãe de Deus”;(28) e no século VIII, Gregório II, em carta ao patriarca s. Germano, que foi lida entre as aclamações dos padres do sétimo concílio ecumênico, proclamava Maria “Senhora de todos e verdadeira Mãe de Deus” e “Senhora de todos os cristãos”.(29)

23. Apraz-nos recordar também que o nosso predecessor de imortal memória Sixto IV, querendo favorecer a doutrina da imaculada conceição da santíssima Virgem, começa a carta apostólica Cum praeexcelsa (30) chamando precisamente a Maria “rainha sempre vigilante, a interceder junto ao Rei, que ela gerou”. Do mesmo modo Bento XIV, na carta apostólica Gloriosae Dominae (31), chama a Maria “rainha do céu e da terra”, afirmando que o sumo Rei lhe contou, em certo modo, o seu próprio império.

24. Por isso, s. Afonso de Ligório, tendo presente todos os testemunhos dos séculos precedentes, pôde escrever com a maior devoção: “Porque a virgem Maria foi elevada até ser Mãe do Rei dos reis, com justa razão a distingue a Igreja com o título de Rainha”.(32)

II
NA LITURGIA E NA ARTE

25. A sagrada liturgia, espelho fel da doutrina transmitida pelos santos padres e da crença do povo cristão, cantou por todo o decurso dos séculos e canta ainda sem cessar, tanto no oriente como no ocidente, as glórias da celestial Rainha.

26. Vozes entusiásticas ressoam do oriente: “Ó Mãe de Deus, hoje és transferida para o céu sobre os carros dos querubins, os serafins estão às tuas ordens, e os exércitos da milícia celeste prostram-se diante de ti”.(33)

27. E mais ainda: “Ó justo, felicíssimo [José], pela tua origem real foste escolhido entre todos para esposo da Rainha imaculada, que dará à luz de modo inefável a Jesus Rei”.(34) E depois: “Vou elevar um hino à rainha e Mãe de quem, ao celebrar, me aproximarei com alegria, para cantar com exultação alegremente as suas glórias… Ó Senhora, nossa língua não te pode louvar dignamente, porque tu, que deste à luz a Cristo nosso Rei, foste exaltada acima dos serafins… Salve, rainha do mundo, salve, ó Maria, senhora de todos nós”.(35)

28. Lê-se no Missal etíope: “Ó Maria, centro do mundo todo,… Tu és maior que os querubins de olhar penetrante, e que os serafins de seis asas… O céu e a terra estão cheios da santidade da tua glória”.(36)

29. O mesmo canta a liturgia da Igreja latina com a antiga e dulcíssima oração “Salve, rainha”, as alegres antífonas “Ave, ó rainha dos céus”, “Rainha do céu, alegrai-vos, aleluia”, e outras que se costumam rezar em várias festas de nossa Senhora: “Colocou-se como rainha à tua direita, com vestido dourado e circundada de vários ornamentos”(37); “A terra e o povo cantam o teu poder, ó rainha”(38); “Hoje a virgem Maria sobe ao céu: alegrai-vos, porque reina com Cristo para sempre”.(39)

30. A esse e outros cânticos devem juntar-se as Ladainhas lauretanas, que levam o povo cristão a invocar todos os dias nossa Senhora como rainha; e no santo rosário, que se pode chamar coroa mística da celeste rainha, já há muitos séculos os fiéis contemplam, do quinto mistério glorioso, o reino de Maria, que abraça o céu e a terra.

31. Finalmente a arte cristã, intérprete natural da espontânea e pura devoção do povo, desde o concílio de Éfeso que representa Maria como rainha e imperatriz, sentada num trono e adornada com as insígnias reais, de coroa na cabeça, rodeada da corte dos anjos e santos, como quem domina não só as forças da natureza, mas também os malignos assaltos de Satanás. A iconografia da virgem Maria como rainha enriqueceu-se em todos os séculos com obras de arte de alto mérito, chegando até a figurar o divino Redentor no ato de cingir com brilhante coroa a cabeça da própria Mãe.

32. Os pontífices romanos não deixaram de favorecer esta devoção coroando pessoalmente ou por meio de legados as imagens da virgem Mãe de Deus, que eram objeto de especial veneração.

III
OS ARGUMENTOS TEOLÓGICOS 

A maternidade divina de Maria

33. Como acima apontamos, veneráveis irmãos, segundo a tradição e a sagrada liturgia, o principal argumento em que se funda a dignidade régia de Maria é sem dúvida a maternidade divina. Na verdade, do Filho que será dado à luz pela Virgem, afirma-se na Sagrada Escritura: “chamar-se-á Filho do Altíssimo e o Senhor Deus dar-lhe-á o trono de Davi, seu pai; reinará na casa de Jacó eternamente, e o seu reino não terá fim”(40); ao mesmo tempo que Maria é proclamada “a Mãe do Senhor”.(41) Daqui se segue logicamente que Maria é rainha, por ter dado a vida a um Filho, que no próprio instante da sua concepção, mesmo como homem, era rei e senhor de todas as coisas, pela união hipostática da natureza humana com o Verbo. Por isso muito bem escreveu s. João Damasceno: “Tornou-se verdadeiramente senhora de toda a criação, no momento em que se tornou Mãe do Criador”.(42) E assim o arcanjo Gabriel pode ser chamado o primeiro arauto da dignidade real de Maria.

34. Contudo, nossa Senhora deve proclamar-se Rainha, não só pela sua maternidade divina, mas ainda pela parte singular que Deus queria ter na obra da salvação. “Que pode haver – escrevia nosso predecessor de feliz memória, Pio XI – mais doce e suave do que pensar que Cristo é nosso Rei, não só por direito de natureza, mas ainda por direito adquirido, isto é, pela redenção? Repensem todos os homens, esquecidos do quanto custamos ao nosso Redentor e recordem todos: ‘Não fostes remidos com ouro ou prata, bens corruptíveis…, mas pelo precioso sangue de Cristo, cordeiro imaculado e incontaminado’.(43) ‘Não pertencemos portanto a nós mesmos, pois Cristo ‘a alto preço’,(44) ‘nos comprou’.(45)

Sua cooperação na redenção

35. Ora, ao realizar-se a obra da redenção, Maria santíssima foi intimamente associada a Cristo, e por isso justamente se canta na sagrada liturgia: “Santa Maria, rainha do céu e senhora do mundo, estava traspassada de dor, ao pé da cruz de nosso Senhor Jesus Cristo”.(46) E um piedosíssimo discípulo de s. Anselmo podia escrever na Idade Média: “Como… Deus, criando todas as coisas pelo seu poder, é Pai e Senhor de tudo, assim Maria, reparando todas as coisas com os seus méritos, é mãe e senhora de tudo: Deus é senhor de todas as coisas, constituindo cada uma delas na sua própria natureza pela voz do seu poder, e Maria é Senhora de todas as coisas, reconstituindo-as na sua dignidade primitiva pela graça, que lhes mereceu”.(47) De fato “como Cristo, pelo título particular da redenção, é nosso senhor e nosso rei, assim a bem-aventurada Virgem [é senhora nossa] pelo singular concurso, prestado à nossa redenção, subministrando a sua substância e oferecendo voluntariamente por nós o Filho Jesus, desejando, pedindo e procurando de modo singular a nossa salvação”.(48)

36. Dessas premissas se pode argumentar: Se Maria, na obra da salvação espiritual, foi associada por vontade de Deus a Jesus Cristo, princípio de salvação, e o foi quase como Eva foi associada a Adão, princípio de morte, podendo-se afirmar que a nossa redenção se realizou segundo uma certa “recapitulação”,(49) pela qual o gênero humano, sujeito à morte por causa duma virgem, salva-se também por meio duma virgem; se, além disso, pode-se dizer igualmente que esta gloriosíssima Senhora foi escolhida para Mãe de Cristo “para lhe ser associada na redenção do gênero humano”,(50) e se realmente “foi ela que – isenta de qualquer culpa pessoal ou hereditária, e sempre estreitamente unida a seu Filho – o ofereceu no Gólgota ao eterno Pai, sacrificando juntamente, qual nova Eva, os direitos e o amor de mãe em benefício de toda a posteridade de Adão, manchada pela sua desventurada queda”(51) poder-se-á legitimamente concluir que, assim como Cristo, o novo Adão, deve-se chamar rei não só porque é Filho de Deus mas também porque é nosso redentor, assim, segundo certa analogia, pode-se afirmar também que a bem-aventurada virgem Maria é rainha, não só porque é Mãe de Deus mas ainda porque, como nova Eva, foi associada ao novo Adão.

Sua sublime dignidade

37. E certo que no sentido pleno, próprio e absoluto, somente Jesus Cristo, Deus e homem, é rei; mas também Maria – de maneira limitada e analógica, como Mãe de Cristo-Deus e como associada à obra do divino Redentor, à sua luta contra os inimigos e ao triunfo deles obtido participa da dignidade real. De fato, dessa união com Cristo-Rei deriva para ela tão esplendente sublimidade, que supera a excelência de todas as coisas criadas: dessa mesma união com Cristo nasce aquele poder real, pelo qual ela pode dispensar os tesouros do reino do Redentor divino; finalmente, da mesma união com Cristo se origina a inexaurível eficácia da sua intercessão junto do Filho e do Pai.

38. Portanto, não há dúvida alguma que Maria santíssima se avantaja em dignidade a todas as coisas criadas e tem sobre todas o primado, a seguir ao seu Filho. “Tu finalmente, canta s. Sofrônio, superaste em muito todas as criaturas… Que poderá existir mais sublime que tal alegria, ó Virgem Mãe? Que pode existir mais elevado que tal graça, a qual por divina vontade só tu tiveste em sorte?”(52) “A esses louvores acrescenta s. Germano: “A tua honra e dignidade colocam-te acima de toda a criação: a tua sublimidade faz-te superior aos anjos”.(53) João Damasceno chega a escrever o seguinte: “É infinita a diferença entre os servos de Deus e a sua Mãe”.(54)

39. Para melhor compreendermos a sublime dignidade, que a Mãe de Deus atingiu acima de todas as criaturas, podemos considerar que a santíssima Virgem, desde o primeiro instante da sua conceição, foi enriquecida de tal abundância de graças, que supera a graça de todos os santos. Por isso, como escreveu na carta apostólica Ineffabilis Deus o nosso predecessor, de feliz memória, Pio IX, Deus “fez a maravilha de a enriquecer, acima de todos os anjos e santos, de tal abundância de todas as graças celestiais hauridas dos tesouros da divindade, que ela – imune de toda a mancha do pecado, e toda bela apresenta tal plenitude de inocência e santidade, que não se pode conceber maior abaixo de Deus, nem ninguém a pode compreender plenamente senão Deus”.(55)

Com Cristo, ela reina nas mentes e vontades dos homens 

40. Nem a bem-aventurada virgem Maria teve apenas, ao seguir a Cristo, o supremo grau de excelência e perfeição, mas também participou ainda daquela eficácia pela qual justamente se afirma que o seu divino Filho e nosso Redentor reina na mente e na vontade dos homens. Se, de fato, o Verbo de Deus opera milagres e infunde a graça por meio da humanidade que assumiu – e se utiliza dos sacramentos e dos seus santos, como instrumentos, para salvar as almas; por que não há de servir-se do múnus e ação de sua Mãe santíssima para nos distribuir os frutos da redenção? “Com ânimo verdadeiramente materno para conosco – como diz o mesmo predecessor nosso, de feliz memória, Pio IX – e ocupando-se da nossa salvação, ela, que pelo Senhor foi constituída rainha do céu e da terra, toma cuidado de todo o gênero humano, e – tendo sido exaltada sobre todos os coros dos anjos e as hierarquias dos santos do céu, e estando à direita do seu unigênito Filho, Jesus Cristo, nosso Senhor – com as suas súplicas maternas impetra com eficácia, obtém quanto pede, nem pode deixar de ser ouvida”.(56) A esse propósito, outro nosso predecessor, de feliz memória, Leão XIII, declarou que foi concedido à bem-aventurada virgem Maria um poder “quase ilimitado”(57) na distribuição das graças; s. Pio X acrescenta que Maria desempenha esta missão “como por direito materno”.(58)

Duplo erro a ser evitado

41. Gloriem-se, portanto, todos os féis cristãos de estar submetidos ao império da virgem Mãe de Deus, que tem poder régio e se abrasa de amor materno.

42. Porém, nessas e noutras questões que dizem respeito à bem-aventurada virgem Maria, procurem os teólogos e pregadores evitar certos desvios, para não caírem em duplo erro: acautelem-se de opiniões sem fundamento e que ultrapassam com exageros os limites da verdade; e evitem, por outro lado, a excessiva estreiteza ao considerarem a singular, sublime, e mesmo quase divina dignidade da Mãe de Deus, que o doutor angélico nos ensina a atribuir-lhe “em razão do bem infinito, que é Deus”.(59)

43. Mas, nesse, como em todos os outros capítulos da doutrina cristã, “a norma próxima e universal” é para todos o magistério vivo da Igreja, instituído por Cristo “também para esclarecer e explicar aquelas coisas que só de modo obscuro e como que implícito estão contidas no depósito da fé”.(60)

IV
A FESTA DE MARIA RAINHA

44. Dos testemunhos da antiguidade cristã, das orações da liturgia, da inata devoção do povo cristão, das obras artísticas, de toda a parte recolhemos expressões que nos mostram que a virgem Mãe de Deus se distingue pela sua dignidade real; mostramos também que as razões, deduzidas pela sagrada teologia do tesouro da fé divina, confirmam plenamente essa verdade. De tantos testemunhos referidos forma-se uma espécie de concerto harmonioso que exalta a incomparável dignidade real da Mãe de Deus e dos homens, a qual domina todas as coisas criadas e foi elevada aos reinos celestes, acima dos coros dos anjos”.(61)

45. Depois de atentas e ponderadas reflexões, tendo chegado à convicção de que seriam grandes as vantagens para a Igreja, se essa verdade solidamente demonstrada resplandecesse com maior evidência diante de todos como luz que brilha mais, quando posta no candelabro, – com a nossa autoridade apostólica decretamos e instituímos a festa de Maria rainha, para ser celebrada cada ano em todo o mundo no dia 31 de maio. Ordenamos igualmente que no mesmo dia se renove a consagração do gênero humano ao seu coração imaculado. Tudo isso nos incute grande esperança de que há de surgir nova era, iluminada pela paz cristã e pelo triunfo da religião.

Exortação à devoção mariana

46. Procurem pois todos, e agora com mais confiança, aproximar-se do trono da misericórdia e da graça, para pedir à nossa Rainha e Mãe socorro na adversidade, luz nas trevas, conforto na dor e no pranto; e, o que é mais, esforcem-se por se libertar da escravidão do pecado, e prestem ao cetro régio de tão poderosa Mãe a homenagem duradoura da devoção dial. Freqüentem as multidões de fiéis os seus templos e celebrem-lhe as festas; ande nas mãos de todos a piedosa coroa do terço; e reúna a recitação dele – nas igrejas, nas casas, nos hospitais e nas prisões – ora pequenos grupos, ora grandes assembléias, para cantarem as glórias de Maria. Honra-se o mais possível o seu nome, mais doce do que o néctar e mais valioso que toda a pedra preciosa; ninguém ouse o que seria prova de alma vil – pronunciar ímpias blasfêmias contra este nome santíssimo, ornado de tanta majestade e venerável pelo carinho próprio de mãe; nem se atreva ninguém a dizer nada que seja irreverente.

47. Com vivo e diligente cuidado todos se esforcem por copiar nos sentimentos e nos atos, segundo a própria condição, as altas virtudes da Rainha do céu e nossa Mãe amantíssima. Donde resultará que os féis, venerando e imitando tão grande Rainha e Mãe, virão se sentir verdadeiros irmãos entre si, desprezarão a inveja e a cobiça das riquezas, e hão de promover a caridade social, respeitar os direitos dos fracos e fomentar a paz. Nem presuma alguém ser filho de Maria, digno de se acolher à sua poderosíssima proteção, se à exemplo dela não é justo, manso e casto, e não mostra verdadeira fraternidade, evitando ferir e prejudicar, e procurando socorrer e dar ânimo.

A Igreja do silêncio

48. Em algumas regiões da terra, não falta quem seja injustamente perseguido por causa do nome cristão e se veja privado dos direitos divinos e humanos da liberdade. Para afastar tais males, nada conseguiram até hoje justificados pedidos e reiterados protestos. A esses filhos inocentes e atormentados volva os seus olhos de misericórdia, cuja luz dissipa nuvens e serena tempestades, a poderosa Senhora dos acontecimentos e dos tempos, que sabe vencer a maldade com o seu pé virginal. Conceda-lhes poderem em breve gozar a devida liberdade e cumprir publicamente os deveres religiosos. E, servindo a causa do Evangelho – com o seu esforço concorde e egrégias virtudes, de que no meio de tantas dificuldades dão exemplo – concorram para o fortalecimento e progresso das sociedades terrestres.

Maria, Rainha e Medianeira da paz

49. A festa – instituída pela presente carta encíclica, a fim de que todos reconheçam mais claramente e melhor honrem o clemente e materno império da Mãe de Deus pensamos que poderá contribuir para que se conserve, consolide e torne perene a paz dos povos, ameaçada quase todos os dias por acontecimentos que enchem de ansiedade. Não é ela acaso o arco-íris que se eleva para Deus, como sinal de pacífica aliança?(62) “Contempla o arco-íris e bendize aquele que o fez; é muito belo no seu esplendor; abraça o céu na sua órbita radiosa, e foram as mãos do Altíssimo que o traçaram”.(63) Todo aquele que honra a Senhora dos anjos e dos homens – e ninguém se julgue isento deste tributo de reconhecimento e amor – invoque esta rainha, medianeira da paz; respeite e defenda a paz, que não é maldade impune nem liberdade desenfreada, mas concórdia bem ordenada sob o signo e comando da divina vontade: tendem a protegê-la e aumentá-la as maternas exortações e ordens de Maria.

50. Desejando ardentemente que a Rainha e Mãe do povo cristão acolha estes nossos votos, alegre com a sua paz as terras sacudidas pelo ódio, e a todos nós, depois deste exílio, mostre a Jesus, que será na eternidade a nossa paz e alegria; a vós, veneráveis irmãos, e aos vossos rebanhos, concedemos de todo o coração a bênção apostólica, como penhor do auxílio de Deus onipotente e testemunho do nosso paternal afeto.

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Dado em Roma, junto de São Pedro, na festa da maternidade de Nossa Senhora, no dia 11 de outubro do ano de 1954, XVI do nosso pontificado.

PIO PP. XII

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Notas

(1) Cf. Const. apostólica Munificentissimus Deus: AAS 42(1950), p. 753ss.

(2) Cf. Carta enc. Fulgens corona.: AAS 45(1953), p. 577ss.

(3) Cf. AAS 38(1946), p. 264ss.

(4) Cf. L’Osservatore Romano, de 19 de maio, de 1946.

(5) Lc 1,32.

(6) Is 9,6.

(7) Ap 19,16.

(8) Cf. Lc 1,32-33.

(9) Lc 1,43.

(10) S. Ephraem. Hymni de B. Maria, ed. Th. J. Lamy, t. II, Mechiniae,1886 Hymn. XIX p. 624.

(11) Idem, Oratio and Ss.mam Dei Matrem; Opera omnia, Ed. Assemani, t. III (graece), Romae,1747, p. 546.

(12) S. Gregorio Naz., Poemata dogmatica, XVIII, v. 58: P G. XXXVII, 485.

(13) Prudêncio, Dittochoeum, XVII; PL 60,102A.

(14) Hom. ins. Lucam, hom. VII; ed. Rauer, Origenes Werke, t. IX, p. 48 (ex catem Macarii Chrysocephali). Cf. PG 13,1902 D.

(15) S. Jeronimo, Liber de nominibus hebraeis: PL 23, 886.

(16) S. Pedro Chrisólogo, Sermo 142, De Annuntiatlone B.M.V.: PL 52, 579 C; cf. também 582B; 584A: “Regina totius exstitit castitatis”.

(17) Relatio Epiphanii Ep. Constantin.PL 63, 498D.

(18) Encomium in Dormitionem Ss.mae Deiparae (inter opera s. Modesti): PG 86, 3306B.

(19) s. Andreas Cretensis, Homilia II  in Dormitionem Ss.mae DeiparaePG 97, 1079B.

(20) Id., Homilla III  in Dormitionem Ss.mae Deiparae: I PG 98, 303A.

(21) S. Germano, In Praesentationem Ss.mae Deiparae, I: PG 98 303A.

(22) Id., In Praesentationem Ss.mae Deiparae, II: PG 98, 315C.

(23) S. João Damasceno, Homilia I in Dormitionem B.M.V: PG 96, 719A.

(24) Id., De fide orthodoxa, I, IV, c.14: PG 44,1158B.

(25) De laudibus Mariae (inter opera Venantii Fortunati): PL 88 282B e 283A.

(26) Ildefonso Toledano, De virginitate perpetua B.M.V.: PL 96, 58AD.

(27) S. Martinho I, Epist. XIV PL 87,199-200A.

(28) S. Agatão: PL 87,1221A.

(29) Hardouin, Acta Conciliorum, IV, 234 e 238: PL LXXXIX89 508B.

(30) Xisto IV, Bulla Cum praeexcelsa, de 28 de Fevereiro de 1476.

(31) Bento XIV, Bulla Gloriosae Dominae, de 27 de setembro de 1748.

(32) S. Afonso, Le glorie di Maria, p. I, c. I, § 1.

(33) Da liturgia dos Armenos: na festa da Assunção, hino do Matutino.

(34) Ex Menaeo (bizantino): Domingo depois do Natal, no Cânon, no Matutino.

(35) Offício, hino Akátistos (no rito bizantino).

(36) Missale Aethiopicum, Anáfora Dominae noetrae Mariae, Matris Dei.

(37) Brev. Rom., Versículo do sesto Respons.

(38) Festa da Assunção; hino ad Laudes.

(39) Ibidem, ao Magnificat, II Vésp.

(40) Lc 1, 32, 33.

(41) Ibid.1,43.

(42) S.  João Damas., De fide orthodoxa, 1. IV, c.14, PG 94,1158s.B.

(43) 1Pd 1,18,19.

(44) 1Cor 6,20.

(45) Pio XI, Carta enc. Quas primas: AAS 17(1925), p.599.

(46) Festa aeptem dolorum B. Mariae Virg., Tractus.

(47) Eadmero, De excellentia Virginis Mariae, c. 11: PL 159, 308AB.

(48) E Suárez, De mysteriis vitae Christi, disp. XXII, sect. II (ed. Vivès. XIX, 327).

(49) S. Ireneu, Adv. haer., V,19,1: PG 9,1175B.

(50) Pio XI, Epist. Auspicatus profecto: AAS 25(1933), p. 80.

(51). Pio XII, Carta enc. Mystici Corporis: AAS 35(1943), p. 247.

(52) S. Sofrônio, In Annuntiationem Beatae Mariae Virg.: PG 87, 3238D e 3242A.

(53) S. Germano, Hom. II in Dormitionem Beatae Mariae Virginis: PG 98, 354B.

(54) S. João Damas. Hom. I. in Dormitionem Beatae Mariae Virginis: PG 96, 715A.

(55) Pio IX, Bula Ineffabilis Deus: Acta Pii IX, I, p. 597-598.

(56) Ibid., p. 618.

(57) Leão XIII, Carta enc. Adiutricem populi: AAS 28(1895-96), p.130.

(58) Pio X, Carta enc. Ad diem illum: AAS 36(1903-1904), p. 455.

(59) S. Tomás, Summa Theol., I, q. 25, a. 6, ad 4.

(60) Pio XII, Carta enc. Humani generis: AAS, 42(1950), p. 569.

(61) Do Brev. Rom.: Festa da Assunção de Maria virgem

(62)Cf. Gn 9,13.

(63) Eccl. 43,12-13.

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Ascensão de Nosso Senhor

Fonte: Escravas de Maria
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05/05 Quinta-feira Ascensão de Nosso Senhor Jesus Cristo
Festa de Primeira Classe 
Paramentos Brancos
ascenção
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Epístola 

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Atos dos Apóstolos 1,1-11

1.Em minha primeira narração, ó Teófilo, contei toda a seqüência das ações e dos ensinamentos de Jesus,2.desde o princípio até o dia em que, depois de ter dado pelo Espírito Santo suas instruções aos apóstolos que escolhera, foi arrebatado (ao céu).3.E a eles se manifestou vivo depois de sua Paixão, com muitas provas, aparecendo-lhes durante quarenta dias e falando das coisas do Reino de Deus.4.E comendo com eles, ordenou-lhes que não se afastassem de Jerusalém, mas que esperassem o cumprimento da promessa de seu Pai, que ouvistes, disse ele, da minha boca;5.porque João batizou na água, mas vós sereis batizados no Espírito Santo daqui há poucos dias.6.Assim reunidos, eles o interrogavam: Senhor, é porventura agora que ides instaurar o reino de Israel?7.Respondeu-lhes ele: Não vos pertence a vós saber os tempos nem os momentos que o Pai fixou em seu poder,8.mas descerá sobre vós o Espírito Santo e vos dará força; e sereis minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judéia e Samaria e até os confins do mundo.9.Dizendo isso elevou-se da (terra) à vista deles e uma nuvem o ocultou aos seus olhos..10.Enquanto o acompanhavam com seus olhares, vendo-o afastar-se para o céu, eis que lhes apareceram dois homens vestidos de branco, que lhes disseram:11.Homens da Galiléia, por que ficais aí a olhar para o céu? Esse Jesus que acaba de vos ser arrebatado para o céu voltará do mesmo modo que o vistes subir para o céu.

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Evangelho 

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São Marcos 16,14-20

14.Por fim apareceu aos Onze, quando estavam sentados à mesa, e censurou-lhes a incredulidade e dureza de coração, por não acreditarem nos que o tinham visto ressuscitado.15.E disse-lhes: Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura.16.Quem crer e for batizado será salvo, mas quem não crer será condenado.17.Estes milagres acompanharão os que crerem: expulsarão os demônios em meu nome, falarão novas línguas,18.manusearão serpentes e, se beberem algum veneno mortal, não lhes fará mal; imporão as mãos aos enfermos e eles ficarão curados.19.Depois que o Senhor Jesus lhes falou, foi levado ao céu e está sentado à direita de Deus.20.Os discípulos partiram e pregaram por toda parte. O Senhor cooperava com eles e confirmava a sua palavra com os milagres que a acompanhavam.
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Viva Cristo Rei e Maria Rainha.
Rezem todos os dia Santo Rosário

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Santa Joana

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Gálatas, 1,6-12 – Se eu ainda estivesse preocupado em agradar aos homens, não seria servo de Cristo..

Filha de Jaques d’Arc e Isabel, camponeses muito pobres, Joana nasceu em Domrémy, na região francesa de Lorena, em 6 de janeiro de 1412. Cresceu no meio rural, piedosa, devota e analfabeta, assinava seu nome utilizando uma simples, mas significativa, cruz. Significativa porque já aos treze anos começou a viver experiências místicas.
Ouvia as “vozes” do arcanjo Miguel, das santas Catarina de Alexandria e Margarida de Antioquia, avisando que ela teria uma importante missão pela frente e deveria preparar-se para ela. Os pais, no início, não deram importância, depois acharam que estava louca e por fim acreditaram, mas temeram por Joana.
A França vivia a Guerra dos Cem Anos com a Inglaterra, governada por Henrique VI. Os franceses estavam enfraquecidos com o rei deposto e os ingleses tentando firmar seus exércitos para tomar de vez o trono. As mensagens que Joana recebia exigiam que ela expulsasse os invasores, reconquistasse a cidade de Orleans e reconduzisse ao trono o rei Carlos VII, para ser coroado na catedral de Reims, novamente como legítimo rei da França. A ordem para ela não parecia impossível, bastava cumpri-la, pois tinha certeza de que Deus estava a seu lado. O problema maior era conseguir falar pessoalmente com o rei deposto.
Conseguiu aos dezoito anos de idade. Carlos VII só concordou em seguir seus conselhos quando percebeu que ela realmente tinha por trás de si o sinal de Deus. Isso porque Joana falou com o rei sobre assuntos que na verdade eram segredos militares e de Estado, que ninguém conhecia, a não ser ele. Deu-lhe, então, a chefia de seus exércitos. Joana vestiu armadura de aço, empunhou como única arma uma bandeira com a cruz e os nomes de Jesus e Maria nela bordados, chamando os comandantes à luta pela pátria e por Deus.
E o que aconteceu na batalha que teve aquela figura feminina, jovem e mística, que nada entendia de táticas ou estratégias militares, à frente dos soldados, foi inenarrável. Os franceses sitiados reagiram e venceram os invasores ingleses, livrando o país da submissão.
Carlos VII foi, então, coroado na catedral de Reims, como era tradição na realeza francesa.
A luta pela reconquista demorara cerca de um ano e ela desejava voltar para sua vida simples no campo. Mas o rei exigiu que ela continuasse comandando os exércitos na reconquista de Paris. Ela obedeceu, mas foi ferida e também traída, sendo vendida para os ingleses, que decidiram julgá-la por heresia. Num processo religioso grotesco, completamente ilegal, foi condenada à fogueira como “feiticeira, blasfema e herética”. Tinha dezenove anos e morreu murmurando os nomes de Jesus e Maria, em 30 de maio de 1431, diante da comoção popular na praça do Mercado Vermelho, em Rouen.
Não fossem os fatos devidamente conhecidos e comprovados, seria difícil crer na existência dessa jovem mártir, que sacrificou sua vida pela libertação de sua pátria e de seu povo. Vinte anos depois, o processo foi revisto pelo papa Calisto III, que constatou a injustiça e a reabilitou. Joana d’Arc foi canonizada em 1920 pelo papa Bento XV, sendo proclamada padroeira da França. O dia de hoje é comemorado na França como data nacional, em memória de santa Joana d’Arc, mártir da pátria e da fé..

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Viva Cristo Rei e Maria Rainha.
Rezem todos os dia Santo Rosário.
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Fonte: http://escravasdemaria.blogspot.com.br

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santa maria madalena de pazzi

Batizada com o nome de Catarina, ela nasceu no dia 2 de abril de 1566, crescendo bela e inteligente em sua cidade natal, Florença, no norte da Itália. Tinha a origem nobre da família Pazzi, com acesso tanto à luxúria quanto às bibliotecas e benfeitorias da corte dos Médici, que governavam o ducado de Toscana. Sua sensibilidade foi atraída pelo aprendizado intelectual e espiritual, abrindo mão dos prazeres terrenos, o luxo e as vaidades que a nobreza proporcionava.
Recebeu a primeira comunhão aos dez anos e, contrariando o desejo dos pais, aos dezesseis anos entregou-se à vida religiosa, ingressando no convento das carmelitas descalças. Ali, por causa de uma grave doença, teve de fazer os votos antes das outras noviças, vestiu o hábito e tomou o nome de Maria Madalena.
A partir daí, foi favorecida por dons especiais do Espírito Santo, vivendo sucessivas experiências místicas impressionantes, onde eram comuns os êxtases durante a penitência, oração e contemplação, originando extraordinárias visões proféticas. Para que essas revelações não se perdessem, seu superior ordenou que três irmãs anotassem fielmente as palavras que dizia nessas ocasiões.
Um volumoso livro foi escrito com essas mensagens, que depois foi publicado com o nome de “Contemplações”, um verdadeiro tratado de teologia mística. Também ela, de próprio punho, escreveu muitas cartas dirigidas a papas e príncipes contendo ensinamentos e orientações para a inteira renovação da comunidade eclesiástica.

Durante cinco anos foi provada na fé, experimentando a escuridão e a aridez espiritual. Até que, no dia de Pentecostes do ano 1690, a luz do êxtase voltou para a provação final: a da dor física. Seu corpo ficou coberto de úlceras que provocavam dores terríveis. A tudo suportou sem uma queixa sequer, entregando-se exclusivamente ao amor à Paixão de Jesus.
Morreu com apenas quarenta e um anos, em 25 de maio de 1607, no convento Santa Maria dos Anjos, que hoje leva o seu nome, em Florença. Apenas dois anos mais tarde foi canonizada pelo papa Clemente IX. O corpo incorrupto de santa Maria Madalena de Pazzi repousa na igreja do convento onde faleceu.

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Viva Cristo Rei e Maria Rainha.
Rezem todos os dias o Santo Rosário.
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Fonte: Escravas de Maria

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FonteVas Honorabile

Visto no blog A grande guerra

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Desde que não lhe ponhamos obstáculos, alcança-nos essa divina Mãe o paraíso, pela eficácia de suas súplicas e de seu patrocínio. Aquele, por conseguinte, que a serve e conta com sua intercessão, está seguro do paraíso, como se já ali estivesse. O servir e ser da sua família, diz Ricardo de S. Lourenço, é das honras a maior; pois, servi-la é reinar no céu, é viver sob suas ordens, é mais que reinar. Pelo contrário, prossegue ele, aqueles que não servem a Maria, não se salvarão; porquanto, destituídos do auxílio da poderosa Mãe, ficam também privados do socorro do Filho e de toda a corte celeste.
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Sempre seja, pois, louvada a infinita bondade de nosso Deus, exclama S. Bernardo, que foi servido de constituir Maria nossa advogada no céu, para que ela como Mãe do Juiz e Mãe de Misericórdia trate do grande problema da nossa salvação. Jacó, monge e célebre doutor entre os gregos, diz que Deus colocou Maria como ponte de salvação sobre a qual nos faz atravessar as ondas deste mundo e assim alcançaremos o tranqüilo porto do céu. Daí então a exortação de S. Boaventura*: Ouvi, ó vós, desejosos do reino de Deus: honrai e servi a Virgem Maria, e encontrareis a vida eterna.
Não devem desconfiar de conseguir o reino do céu nem ainda aqueles que só têm merecido o inferno, se se resolverem a servir com fidelidade a esta Rainha. Quantos pecadores — exclama S. Germano — buscaram a Deus por vosso intermédio, ó Maria, e foram salvos! Ricardo de S. Lourenço chama a atenção sobre o texto do Apocalipse (12, 1), no qual se diz estar Maria coroada de estrelas, enquanto que nos Sagrados Cânticos ela aparece rodeada de feras, de leões e de leopardos (Ct 4, 8). Como pode ser isso? É que essas feras — responde o comentador — são os pecadores que pelo favor e pela intercessão de Maria se tornam estrelas do paraíso. Formam assim uma coroa que mais convém para a fronte dessa Rainha de Misericórdia, do que todas as estrelas materiais do céu. Rezando um dia na novena da Assunção, a serva de Deus Sóror Serafina Capri (como se lê na sua biografia), pediu à Santíssima Virgem a conversão de mil pecadores. Mas logo depois temeu fosse talvez muito ousado o seu pedido. Aparece- lhe a Virgem e repreende-a de seu vão receio com as palavras: Por que duvidas? Por acaso não tenho tanto poder para alcançar de meu Filho a salvação de mil pecadores? Pois olha que vou obtê-la agora mesmo. E levada em espírito ao céu por Maria, viu Serafina inúmeras almas de pecadores que tinham merecido o inferno, mas que pela intercessão da Virgem estavam salvos e já gozavam da eterna bem-aventurança.
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É certo que nesta vida ninguém pode ter certeza de sua salvação. “Contudo, não sabe o homem se é digno de amor ou de ódio, mas tudo se reserva incerto para o futuro” (Eclo 9, 1). Entretanto, à pergunta de Davi: “Quem, Senhor, habitará em teu tabernáculo?”, responde S. Boaventura*: Pecadores, sigamos as pegadas de Maria, prostremo-nos a seus pés, e não a deixemos até que nos abençoe, porque sua bênção nos será qual penhor do paraíso. Basta, Senhora, escreve Eádmero, que vós queirais salvar-nos, que não poderemos deixar de ser salvos. Garante S. Antonio que as almas patrocinadas por Maria necessariamente se salvam.
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Com toda razão, diz S. Ildefonso, profetizou a Santíssima Virgem que todas as nações a chamariam bem- aventurada, porque é por meio de Maria que os eleitos obtêm a eterna bem-aventurança. Sois, ó grande Mãe, princípio, meio e fim de nossa felicidade, exclama S. Metódio. Princípio, porque Maria nos alcança o perdão dos pecados; meio, porque nos obtém a perseverança; fim, porque ela finalmente nos consegue o paraíso. Por vós, prossegue S. Bernardo, foi aberto o céu, foi despojado o inferno, foi restaurado o paraíso: por vós, em suma, foi dada a vida eterna a tantos miseráveis que só a eterna morte mereciam.
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Mas, sobretudo, a bela promessa de Maria deve animar-nos a esperar com segurança o paraíso. A todos os seus servos especialmente aos que buscam fazê-la conhecida e amada de todos, por palavras e exemplos fez a seguinte promessa: “Os que trabalham por mim não pecarão; aqueles que me esclarecem terão a vida eterna’ ’ (Eclo 24, 30). Ditosos, pois, aqueles, conclui S. Boaventura*, que adquirem o favor de Maria; estes desde logo serão conhecidos dos bem-aventurados, por seus companheiros; e quem tiver o caráter de servo de Maria, será registrado no livro da vida. De que serve, pois, inquietarmo- nos com as sentenças das escolas sobre se a predestinação para a glória é antes ou depois da previsão dos merecimentos? Se estamos ou não inscritos no livro da vida? Se somos verdadeiros servos de Maria e estamos sob o seu patrocínio, seremos então certamente do número dos eleitos. Pois, conforme S. João Damasceno, a devoção a essa Mãe, Deus concede-a somente àqueles a quem quer salvar. Tal sentença concorda com o que diz o Senhor por boca de S. João: Aquele que vencer… escreverei sobre ele o nome de meu Deus e o nome da cidade de meu Deus (Ap 3, 12). Quem houver de vencer e salvar-se trará escrito no coração o nome da cidade de Deus. Mas quem é essa cidade de Deus senão Maria? A ela refere S. Gregório as palavras do Salmo: Coisas gloriosas se têm dito de ti, cidade de Deus (86, 3).
Bem podemos, por conseguinte, dizer com S. Paulo: Quem tem este sinal, Deus o reconhece por seu (2 Tm 2, 19). Que por isso a devoção para com a Mãe de Deus é indício certíssimo de salvação, afírma-o Pelbarto. O Beato Alano de Rupe, falando da Ave-Maria, disse: Quem honra freqüentemente a Virgem com esta angélica saudação tem um sinal muito grande de predestinação. E o mesmo diz da perseverança na recitação cotidiana do rosário. Além disso, conforme Nieremberg, os servos de Maria não só na terra são mais privilegiados e favorecidos, mas também no céu serão mais distintamente honrados. Aí terão uma veste principesca pela qual serão conhecidos como familiares da Rainha do céu, por pessoal da corte, segundo o dito dos Provérbios: Porque todos os seus domésticos trazem vestidos forrados (31, 21).
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Um dia viu S. Madalena de Pazzi numa visão uma barquinha no meio do mar. Nela estavam refugiados todos os devotos de Maria, que, fazendo ofício de piloto, seguramente os conduzia ao porto. Compreendeu logo a Santa que quantos no meio dos perigos desta vida vivem sob a proteção de Maria, todos são preservados do naufrágio do pecado e da condenação; porque Maria seguramente os guia ao porto do paraíso. Tratemos, pois, de entrar nessa bendita nau que é a proteção de Maria; aí fiquemos na certeza da eterna bem-aventurança, como a Igreja canta: Santa Mãe de Deus, todos aqueles que hão de participar dos gozos eternos habitam em vós, vivendo sob a vossa proteção.
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Exemplo
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Conta-se nas Crônicas Franciscanas que Frei Leão viu uma vez em visão duas escadas, uma branca e vermelha a outra. Sobre a última estava Jesus Cristo e sobre a primeira estava sua Mãe Santíssima. Reparou como alguns tentavam subir pela escada vermelha. Mas caíam logo depois de subirem alguns degraus; tornavam a subir e outra vez caíam. Foram avisados de que deviam subir pela escada branca, e por essa os viu subir felizmente, porquanto a Santíssima Virgem lhes dava a mão, e assim chegavam seguros ao paraíso.
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Nota — Essa visão é como um comentário para as palavras que Leão XIII e Bento XV haviam de escrever: “Como só pelo Filho nós chegamos ao Pai, assim ao Filho ninguém chega senão por meio de sua Mãe” (Nota do tradutor).
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Oração
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Ó Rainha do paraíso, Mãe do santo amor, sois entre todas as criaturas a mais amável, a mais amada por Deus e aquela que mais o ama. Consenti que também vos ame um pecador, que é o mais ingrato e miserável dos que vivem na terra. Por vosso intermédio, vejo-me livre do inferno e sem mérito algum de tal modo cumulado de benefícios por vós, que agora me sinto todo enamorado de vós.
Quereria, se pudesse, fazer saber a todos quantos vos não conhecem, quão digna sois de ser amada, para que todos vos conhecessem e amassem. Quereria também morrer por vosso amor, em defesa de vossa virgindade, de  vossa dignidade de Mãe de Deus, de vossa Imaculada Conceição, se fosse preciso dar a vida para defender essas vossas sublimes prerrogativas.
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Ah! Mãe diletíssima, aceitai o meu afeto e não permitais que um vosso servo, que vos ama, venha a ser inimigo de vosso Deus, a quem tanto amais. Ai de mim! que tal já fui, quando ofendi a meu Senhor. Mas então, ó Maria, eu não vos amava, nem buscava vosso amor. Agora, porém, nada mais desejo, depois da graça de Deus, que amar a minha Rainha e ser honrado com o seu amor. Minhas culpas passadas não me fazem perder a confiança, pois sei que vos dignais amar, é benigníssima e gratíssima Senhora, até os mais miseráveis pecadores que vos amam, e sei também que por ninguém vos deixais vencer em amor.
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Ah! Rainha amabilíssima, quero ir amar-vos no céu. Aí, prostrado a vossos pés, melhor conhecerei como sois amável e quanto tendes feito para minha eterna bem- aventurança. Por isso então muito mais vos ei de amar, sem receio de deixar de o fazer algum dia. Ó Maria, tenho a esperança de salvar-me por vosso auxílio. Rogai a Jesus por mim. Nada mais vos peço. A vós compete salvar-me: sois minha esperança. Quero, portanto cantar sempre: Ó Maria, esperança minha, por vós verei a Deus um dia.

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Nossa Senhora Auxiliadora

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[nota do tradutor: mantivemos o termo “Maria” do original francês porque nos trabalhos teológicos, diferentemente dos textos espirituais e piedosos, é comum encontrarmos esta expressão. Que o leitor não veja nisso semelhança com a falta de respeito, hoje generalizada, dos escritos e ditos do progressismo.]

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Consideremos primeiramente esse título em si mesmo, depois em suas principais manifestações que são como a radiação da doutrina revelada sobre Maria e que a torna accessível a todos.
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Artigo I
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Grandeza e força dessa maternidade
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Mãe de misericórdia é um dos maiores títulos de Maria. Nós nos damos conta se consideramos a diferença da misericórdia, que é uma virtude da vontade, e a piedade sensível, que não passa de uma louvável inclinação da sensibilidade. Essa piedade sensível, que não existe em Deus, já que é um espírito puro, nos leva a nos compadecer dos sofrimentos do próximo, como se nós o sentíssemos em nós mesmos e de fato eles podem nos atingir. È uma louvável inclinação, mas é geralmente tímida, está acompanhada do temor do mal que nos ameaça também, e é muitas vezes incapaz de trazer um socorro efetivo.
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Ao contrário, a misericórdia é uma virtude que se acha, não na sensibilidade, mas na vontade espiritual; e como nota santo Tomás[1], se a piedade sensível se encontra sobretudo entres os seres fracos e tímidos que se sentem logo ameaçados pelo mal que vêem no próximo, a virtude da misericórdia é própria dos seres fortes e bons, capazes realmente de prestar socorro. Por isso se encontra sobretudo em Deus, e como diz a oração do Missal, é uma das maiores manifestações de seu poder e de sua bondade[2]. Santo Agostinho observa que é mais glorioso para Deus tirar o bem do mal do que criar alguma coisa do nada; é maior converter um pecador lhe dando a vida da graça, do que criar do nada todo o universo físico, o céu e a terra[3].
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Maria participa eminentemente dessa perfeição divina, e nela a misericórdia se une a piedade sensível que lhe é perfeitamente subordinada e que a torna mais acessível a nós pois só atingimos as coisas espirituais pelas coisas sensíveis.
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A Santa Virgem é Mãe de misericórdia, porque é a Mãe da divina graça. Mater divinae gratiae, e esse título lhe convém porque é Mãe de Deus, autor da graça, Mãe do Redentor, e está associada mais intimamente do que ninguém ao Calvário, à obra da redenção.
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Como Mãe de misericórdia, nos lembra que se Deus é o Ser, a Verdade e a Sabedoria, é também a Bondade e o Amor, e que sua Misericórdia infinita que é a difusão de sua Bondade, deriva de seu Amor antes da justiça vingadora, que proclama os direitos imprescritíveis  do Soberano Bem de ser amado acima de tudo. É o que leva o apóstolo Tiago a dizer (ep. II,13): “A misericórdia se eleva acima da justiça”.
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Maria nos faz compreender que a misericórdia, longe se ser contrária a justiça, como a injustiça, se une a justiça ultrapassando-a sobretudo no perdão, pois perdoar é dar acima do que é devido, perdoando uma ofensa[4].
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Percebemos então que toda obra de justiça divina supõe uma obra de misericórdia ou de bondade inteiramente gratuita[5]. Se, com efeito, Deus deve alguma coisa a criatura, é em virtude de um dom precedente puramente gratuito; se ele deve recompensar nossos méritos, é porque, antes, ele nos deu a graça para merecer; se ele pune, é depois de nos ter dado um socorro para tornar realmente possível a realização de seus preceitos, pois ele não manda nunca o impossível.
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A Santíssima Virgem nos faz compreender que Deus por pura misericórdia nos dá muitas vezes alem do necessário do que seria de justiça nos conceder; nos mostra que ele nos dá muitas vezes alem dos nossos mérito, como por exemplo, a graça da comunhão que não é merecida.
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Ela nos faz perceber que a misericórdia se une a justiça nas penas dessa vida, que são como um remédio para nos curar, nos corrigir se nos trazer de volta para o bem.
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Enfim nos faz compreender que muitas vezes a misericórdia compensa as desigualdades das condições naturais pela graças concedidas, como dizem as bem-aventuranças evangélicas, aos pobres, aos que são mansos, aos que choram, aos que têm fome de justiça, aos misericordiosos, aos que têm o coração puro, aos pacíficos e aos que sofrem perseguições pela justiça.
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Artigo II
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Principais manifestações de sua misericórdia
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Maria se mostra como Mãe de misericórdia no que diz respeito à “saúde os enfermos, refugio dos pecadores, consoladora dos aflitos, socorro dos cristãos”. Essa gradação exprimida na ladainha, e muito bonita; Mostra que Maria exerce a misericórdia em relação aqueles que sofrem em seus corpos para curar a alma, e que em seguida os consola nas aflições e os fortifica no meio das dificuldade que têm para superar. Nada nas criaturas é ao mesmo tempo mais elevado e mais acessível a todos, mais prático e mais doce para nos reerguer[6].
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Saúde dos enfermos
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A Santíssima Virgem é a saúde dos enfermos pela suas inúmeras curas providenciais ou mesmo verdadeiramente milagrosas, obtidas por sua interseção em tantos santuários da cristandade ao curso dos séculos e de nossos dias. O número incalculável dessas curas é tal que se pode dizer que Maria é um mar insondável de curas milagrosas. Mas ela só cura o corpo para trazer remédio as enfermidades da alma.
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Cura principalmente as quatro feridas espirituais, que são as conseqüências do pecado original e de nossos pecados pessoais, feridas da concupiscência, imperfeições, ignorância e malícia[7].
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Cura a concupiscência ou a cobiça que está na sensibilidade, amortecendo o ardor das paixões, quebrando os hábitos criminosos. Faz com que o homem comece a queres mais fortemente o bem para afastar os maus desejos e também  fique insensível a embriagues das honras e o atrativo das riquezas. Assim ela cura “a concupiscência da carne e a dos olhos”.
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Traz remédio às feridas das imperfeições que é a fraqueza em relação ao bem, a preguiça  espiritual. Ela dá a vontade a constância para aplicar a virtude, e desprezar os atrativos do mundo para se lançar nos braços de Deus. Fortalece os que titubeiam, reergue os que caem.
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Dissipa as trevas da ignorância, fornece os meios para abandonar o erro. Lembra as verdades religiosas, ao mesmo tempo, tão simples e tão profundas exprimidas no Padre Nosso. Com isso esclarece a inteligência e a eleva a Deus. Santo Alberto o Grande que dela recebera a luz para perseverar em sua vocação e superar as armadilhas do demônio, disse muitas vezes que ela nos preserva dos desvios que tira a retidão e a firmeza do julgamento, que nos cura da lassidão na procura da verdade, e que nos leva a um conhecimento saboroso das coisa divinas. Ele mesmo, em seu Mariale, fala de Maria com uma espontaneidade, uma admiração, um frescor, uma abundância que raramente se encontra em um homem de estudo.
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Enfim ela cura a ferida espiritual da malicia, compelindo para Deus as vontades rebeldes, tanto com ternos avisos, como com repreensões severas. Por sua doçura detém os desatinos da cólera, por sua humildade abafa o orgulho e afasta as tentações do demônio. Inspira os homens para que renunciem a vingança e se reconciliem com seus irmãos, fazendo-os entrever a paz que se encontra na casa de Deus.
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Em uma palavra, ela cura o homem das feridas do pecado original agravadas pelos nossos pecados pessoais.
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Algumas vezes, essas curas espirituais são milagrosas por serem imediatas como aconteceu com o jovem Afonso Ratisbonne, israelita, muito afastado da fé católica, que por curiosidade visitava a igreja de Santo André delle Frate em Roma, e a quem a Santa Virgem apareceu como está representada na medalha milagrosa, com os raios de luz que saiam de suas mãos. Com bondade lhe fez sinal para que se ajoelhasse. Ele se ajoelhou, perdeu os sentidos e quando voltou a si, exprimiu o vivo desejo que sentia de receber o batismo o mais cedo possível. Mais tarde ele fundou com seu irmão que se convertera antes dele, os Padres de Sion e as Religiosas de Sion para rezarem, sofrerem  e trabalharem pela conversão dos judeus, dizendo todos os dias na missa: “Pai, perdoai-lhes porque não sabem o que fazem”.
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É aí que Maria se mostra esplendidamente saúde dos enfermos.
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Refúgio dos pecadores
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Maria é o refugio dos pecadores porque é a mãe dos pecadores e é santíssima. Justamente porque detesta o pecado que assola as almas, longe de abominar os próprios pecadores, os acolhe, os convida ao arrependimento. Livra-os das cadeias dos maus hábitos pelo poder de sua intercessão. Obtém sua reconciliação com Deus, pelos méritos de seu Filho lembrando-os em favor dos pecadores.
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Em seguida protege os pecadores convertidos dos demônios, contra tudo que pode leva-los a recaída. Exorta-os a penitência e faz-lhes encontrar a doçura.
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É a ela, depois de Nosso Senhor, que todos os pecadores que se salvam devem sua salvação. Ela já converteu inúmeros deles principalmente nos lugares de peregrinação, em Lourdes onde ela disse: “Rezai e façam penitência”; e mais recentemente em Fátima, em Portugal, onde o número de conversões, desde 1917, é incalculável.
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Muitos criminosos no momento do último suplício lhe devem a conversão in extremis.
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Suscitou as ordens  religiosa votadas à oração, à penitência e ao apostolado para a conversão dos pecadores, as ordens de são Domingos, de são Francisco, dos Redentoristas, dos Passionistas e muitas outras.
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Quais são os pecadores que ela não protege? Apenas aqueles que desprezam a misericórdia de Deus e atraem sua maldição. Ela não é o refugio de quem persevera no mal, o blasfemo, o perjúrio, a magia, a luxúria, a inveja, a ingratidão, a avareza, o orgulho do espírito. Mas como Mãe de misericórdia, lhes envia de tempos em tempos graças de luz e de atração e se não resistem, serão conduzidos de graça em graça até a graça da conversão. Sugere para alguns por sua mãe que está morrendo que digam ao menos todos os dias uma Ave Maria; muitos sem mudar suas vidas, disseram essa prece que exprimia neles uma fraca veleidade de conversão, e chegado o último momento foram recolhidos a um hospital onde lhes perguntaram se quereria ver um padre para receber a absolvição; recebem-na como os operários da última hora chamados e salvos por Maria[8]. Depois de quase dois mil anos, Maria é, assim, o refugio dos pecadores.
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Consoladora dos aflitos
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Maria foi consoladora dos aflitos, desde sua vida terrestre. Em relação a Jesus, sobretudo no Calvário. Depois da Ascensão, em  relação aos apóstolos, no meio das imensas dificuldades que encontraram para a conversão do mundo pagão, Maria lhes obtinha de Deus o espírito de força e uma santa alegria no sofrimento. Durante a lapidação de santo Estevão, primeiro mártir, ela devia assisti-lo espiritualmente por suas preces. Tirava os infelizes de seu abatimento, lhes obtinha a paciência para sofrer a perseguição. Vendo tudo o que ameaçava a Igreja nascente, resistia firme, guardando um rosto sereno, expressão da tranqüilidade de sua alma, de sua confiança em Deus. A tristeza nunca tomava conta de seu coração. O que conhecemos da força de seu amor a Deus faz pensar, dizem os autores piedosos, que ela permanecia alegre nas aflições,  que não se lamentava na indigência e na privação, que as injurias não podiam embaciar as graças de sua mansidão.Somente por seu exemplo confortava muitos infelizes acabrunhados de tristeza.  Suscitou muitos santos que foram como ela, consoladores dos aflitos, tais como santa Genoveva, santa Isabel, santa Catarina de Sena, santa Germana de Pibrac.
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O Espírito Santo é chamado consolador sobre tudo porque nos faz verter lágrimas de contrição que lavam nossos pecados e nos restitui a alegria da reconciliação com Deus. Pela mesma razão, a Santa Virgem é a consoladora dos aflitos, fazendo-os chorar santamente suas faltas.
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Não somente ela consola os pobres com o exemplo de sua pobreza e com seu socorro, mas  está particularmente atenta a nossa pobreza escondida,  compreende a privação secreta do coração e nela nos assiste. Maria tem a inteligência de todas as nossas necessidades e dá o alimento do corpo e da alma aos indigentes que a ela imploram.
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Quantos cristãos não consolou nas perseguições, quantos possessos ou almas tentadas  livrou, quantos náufragos não salvou da angustia; quantos moribundos assistiu e fortificou lhes lembrando os méritos infinitos de seu Filho.
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Ela vai também adiante da almas depois da morte. São João Damasceno diz em seu sermão sobre a Assunção: “Não foi a morte, ó Maria, que a tornou bem-aventurada, fostes vós que a embelezou e a tornou graciosa, desembaraçando-a do que tinha de lúgubre.”
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Ela ameniza os rigores do purgatório e providencia para os que sofrem as orações dos fieis a quem inspira para mandarem celebrar missas pelos defuntos.
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Enfim, como consoladora dos aflitos, Maria, soberana sem restrições, faz sentir de certo modo sua misericórdia até no inferno. Santo Tomás diz que os condenados são punidos menos do que merecem,“puniuntur citra condignum”[9], pois a misericórdia divina se une sempre à justiça mesmo em seus rigores. E esse alívio provem dos méritos do Salvador e os de sua santa Mãe. Segundo santo Odilon de Cluny[10], no dia da Assunção o inferno é menos penoso do que nos outros dias.
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Consoladora  dos aflitos, ela o é no curso dos séculos nas formas mais variadas segundo a extensão do conhecimento que tem da aflição das almas humanas em seus estados da vida.
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Socorro dos cristãos
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Maria é enfim o socorro dos cristãos porque o socorro é o efeito do amor e Maria é a plenitude da consumação da caridade, que ultrapassa a de todos os santos e anjos reunidos.
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Ela ama as almas resgatadas por seu Filho mais do que se poderia dizer, ela as assiste em sua penas e as ajuda na prática de todas as virtudes.
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Daí a exortação de são Bernardo em seu segundo sermão sobre o Missus est: “Se o vento da tentação se levanta contra ti, se a torrente das tribulações procura levar te, olhai a estrela, invocai Maria. Se as ondas do orgulho e da ambição, da maledicência e do ciúme te sacodem para tragar te em seus turbilhões, olhai a estrela, invocai a Mãe de Deus. Se a cólera, a avareza ou os furores da concupiscência zombam do frágil navio de teu espírito e ameaçam quebrá-lo, voltai teu olhar para Maria. Que a sua lembrança não se afaste jamais de teu coração e que seu nome se encontre sempre em tua boca… Mas para aproveitar do benefício de sua prece, não esqueça que deves andar sobre suas pegadas.”
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Ela sempre foi o socorro não só das almas individuais, como dos povos cristãos. Pelo testemunho de Baronius, Narses, o chefe dos exércitos do imperador Justiniano, com a ajuda da Mãe de Deus, livrou a Itália, em 553, de se subjugar aos Gotos de Totila. Segundo o mesmo testemunho, em 718, a cidade de Constantinopla foi livrada dos Sarracenos, que em diversas ocasiões semelhantes foram derrotados pelo socorro de Maria.
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Ainda no século XIII, Simão, conde de Monfort, abateu perto de Toulouse um considerável exército de albigenses enquanto que são Domingos rezava para a Mãe de Deus.
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A cidade de Dijon foi da mesma forma, miraculosamente libertada.
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Em 1571, a 7 de outubro, em Lepanto, na entrada do golfo de Corinto, com o socorro de Maria obtido pelo Rosário, uma frota turca bem mais numerosa e mais poderosa do que a dos cristãos foi completamente destruída.
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O título de Nossa Senhora das Vitórias nos lembra que muitas vezes nos campos de batalha sua intervenção foi decisiva para livrar os povos cristãos oprimidos.
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Nas ladainhas de Loreto, essas quatro invocações: saúde os enfermos, refúgio dos pecadores, consoladora dos aflitos, socorro dos cristãos lembram incessantemente aos fiéis que Maria é a Mãe da divina graça, e por isso Mãe de misericórdia.
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A Igreja canta que ela é também nossa esperança: “Salve Regina, Mater misericordiae, vita, dulcedo et spes nostra, salve.” Maria é nossa esperança, na medida do que mereceu com seu Filho e por ele o socorro de Deus, que nos adquire por sua interseção sempre atual e que nos transmite. É, assim, a expressão viva e o instrumento da Misericórdia auxiliadora que é o motivo formal de nossa esperança. A confiança ou a esperança apoiada a uma “certeza de tendência para a salvação”[11]que não cessa de aumentar, e que deriva de nossa fé na bondade de Deus todo poderoso, pronto para socorrer, na fidelidade de suas promessas; donde nos santos, o sentimento quase sempre atual de sua Paternidade que incessantemente vela por nós. A influência de Maria, sem ruído de palavras, nos incita progressivamente a essa confiança perfeita  nos manifestando cada vez melhor o motivo.
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A Santíssima Virgem é mesmo chamada “Mater sanctae laetitiae” e “causa nostrae laetitiae”, causa de nossa alegria. Ela obtém para as almas mais generosas esse tesouro escondido que é a alegria espiritual no meio dos próprios sofrimentos. Ela lhes obtém de vez em quanto levar suas cruzes com alegria seguindo o Senhor Jesus; ela as incita no amor a cruz, e sem fazê-las sentir sempre essa alegria, lhes proporciona comunica-la aos outros.
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Na festa do Santo Rosário da Santíssima Virgem.
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(Extraído do livro A Mãe Do Salvador e Nossa Vida Interior. Tradução e [Fonte]: PERMANÊNCIA)
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  1. Ia.,q.21,ª3; IIa. IIa,q.30,a.4.
  2. “Deus qui máxime parcendo  et miserando, potentiam tuam manifestas.”
  3. É o que demonstra santo Tomás também, Ia. IIae, q.113,a.9.
  4. Cf. Santo Tomás, Ia, q.21,a3,ad.2.
  5. Cf. santo Tomás ibid.,a.4: “Opus devinae justitiae semper praesupponit opus miseicordiae, et in eo fundatur.”
  6. Essa doutrina está bem desenvolvida pelo dominicano polonês Justino de Miechow, em sua obra Collationes in Litanias B. Mariae Virginis, traduzida para o francês pelo padre A.Richard com o título de Conférences sur les litanies de la Très Sainte Vierge, 3a. ed., Paris, 1870. Nós nos inspiramos aí nas páginas que se seguem.
  7. Cf. Santo Tomás, Ia,IIae, q.85,a.3.
  8. Foi o caso de um escritor francês licencioso chamado Armnd Silvestre.
  9. Ia.,q.21,a4,ad1.
  10. Sermão sobre a Assunção
  11. Cf.santo Tomas, IIa.,IIae, q.18,a.4: “Spes certitudinaliter tendit ad suum finem, quase participans certitudinem a fide.

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Santa Rita de Cássia

Fonte: A grande guerra

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Algumas anotações feitas pelo blogue A grande guerra do livro:
Santa Rita
por
Padre Agostinho Rueli
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Divisão das anotações:
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IInfância e juventude
II– Esposa e mãe
III– Viúva e religiosa 
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O livro foi composto por trechos selecionados do livro: Notas biográficas de Santa Rita de Cássia, de autoria do Padre Agostinho Rueli, Agostiniano, no ano de 1929.
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I- Infância e juventude
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Santa Rita nasceu no ano 1381 em uma vilazinha a três quilômetros de Cássia na Itália, chamada Rocca Porena, lugar de difícil acesso por caminho íngreme.
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Filha de Antônio e Amata Mancini, muito piedosos e conhecidos como “pacificadores de Cristo” na cidade, pois apaziguavam os vizinhos inimigos entre si, ou em litígio, com boas obras e bom exemplo. Quando Santa Rita nasceu, sua mãe tinha 62 anos, todos consideravam Rita como um prodígio do Céu, o nome Rita é a forma reduzida de Margherita, que significa pérola.
 .
Infância
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– Foi verdadeiramente extraordinário e maravilhosa a luminosidade que de tempos em tempos era vista circundando a cabecinha da menina.
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– Mamava o leite apenas três vezes ao dia e nas sextas-feiras fazia jejum, ainda neném. Os que conversavam entre si a respeito da sobriedade da menina em mamar tão pouco e abster-se de qualquer alimento às sextas-feiras, já prognosticavam a exímia virtude da abstinência e da penitência que, mais tarde, ia ser praticada por Santa Rita.
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– Sinal certo de que Rita foi prevenida da grande bênção de doçura é o prodígio das abelhas que vinham, com frequência, esvoaçar sobre a menina, entrando e saindo da boca da santa sem lhe fazer nenhum dano, esse tipo de abelhas que se vêem até hoje no Mosteiro de Cássia, escondidas em pequenas frestas, costumam sair todos os anos, na Semana da Paixão. Essas abelhas são bem diferentes das que conhecemos, não têm ferrão e não picam quem as toca, parecem destinadas a simbolizar as virtudes da doçura e mansidão da santa.
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Juventude
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Tomando conhecimento pelos pais dos favores com os quais tinha sido favorecida, santa Rita logo compreendeu que deveria agradar a Deus em todos os seus atos.
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– Procurava abster-se de brinquedos e travessuras infantis.
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– Prestava muita atenção às orações de seus pais e esforçava-se para aprendê-las de cor e as recitava com piedade.
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– Foi da educação que recebeu dos pais e da formação religiosa que recebia na Igreja, que adquiriu uma devoção especial para com Nossa Senhora, e também era devota de São João Batista, por essa devoção veio-lhe a estima da solidão, Santo Agostinho, provinha o amor de Deus e São Nicolau de Tolentino, fez-lhe apreciar a mortificação e a penitência.
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– Ainda na juventude dentre os afazeres domésticos, meditava muito, e sempre foi muito obediente aos pais, mas se algo que eles mandavam a pudesse afastar de Deus, a santa resistia-lhes com muito jeito. Certo dia, a mãe queria enfeitá-la e vesti-la para que a filha ficasse bonita, elegante e atraente, a santa negou-se…
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– Amava a solidão, e queria que os pais permitissem-lhe ficar em um quartinho bem escondido, onde pudesse meditar na Paixão de Nosso Senhor, os pais sabiam que a filha viera de uma graça especial de Deus e não contrariaram a filha. Ali ela permaneceu por um ano inteiro, e dele somente desejaria sair para continuar a viver em um convento, como esposa de Cristo.
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– Se entregava as austeras penitências e jejuns, e se dedicava muito aos cuidados dos pobres.
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– Tinha muita caridade para com as almas do purgatório.
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– Com seu bom exemplo as moças a buscavam para pedir conselhos.
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II- Esposa e mãe
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Noivado
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Santa Rita, queria ser freira no mosteiro das Agostinianas de Cássia, esperava apenas a hora oportuna para falar aos pais, porém esses já em idade avançada e pensando nas dificuldades da velhice se opuseram a vontade da filha, destinando-a a vida conjugal.
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Deus queria fazer da santa modelo de mãe e esposa e a consolou.
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Seu noivo era o jovem Paulo Ferdinando, natural de sua cidade, Santa Rita entendia o estado matrimonial como uma missão especial de caridade, para ganhar para Deus a alma do marido e da prole que o Céu lhe desse.
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Casamento
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Paulo Ferdinando, que a princípio parecia ser um bom homem, mostrou-se um carrasco, batendo e ameaçando a esposa, vivendo em vida de bebedeira, um esposo muito violento. Santa Rita procurava calar-se, falava muito pouco, estudava o modo de tratar com ele, esperava as ocasiões oportunas para conversar com o marido e lhe fazer ver a sua injustiça.
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Depois de muita oração e sofrimento, Paulo Ferdinando se converte, uma vitória que Santa Rita alcançou não com a arma da língua, mas com a eficácia do bom exemplo.
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Porém pouco tempo depois Paulo foi cruelmente assassinado… muita tristeza, não tanto pela preocupação do sustento dos pequenos, mas sobretudo porque temia pela sorte da alma de Paulo Ferdinando.
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Educação dos filhos
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Santa Rita perdoou os assassinos, mas os filhos, que herdaram do pai o gênio colérico não, e conforme os dias iam passando eles arquitetavam a vingança da morte do pai.
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E com toda a responsabilidade moral sobre os filhos, e aflita com a idéia deles mancharem a alma com o pecado mortal recorreu a Deus em suas orações para que mudasse o coração dos filhos ou os chamassem naquela idade juvenil.
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Deus ouviu as preces da santa e no espaço de um ano, levou-os para a eternidade, tinham 15 anos, e Santa Rita por volta de 35 anos.
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III- Viúva e religiosa
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Santa Rita santificou e honrou o estado de viuvez, se entregou às obras de religião e a oração.Tomou a resolução de entrar no Mosteiro de Santa Maria Madalena, das religiosas Agostinianas, mas seu pedido foi negado pois o costume do mosteiro proibia a entrada de viúvas, a santa não quis insistir com a superiora e recorreu à proteção da Virgem Santíssima e de seus santos protetores.
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Entrada no Mosteiro – No alvorecer de certo dia, as religiosas Agostinianas de Cássia encontraram Rita dentro do seu mosteiro em posição de quem rezava com devoção, as irmãs com muito espanto ouviram Santa Rita dizer que estava em oração noturna em Rocca Porena, quando ouviu que a chamavam do lado de fora de sua casa, abriu a porta e viu-se diante de seus santos protetores, os quais deram-lhe a ordem de se dirigir para o mosteiro sob a direção deles, obedeceu e viu-se de repente naquele lugar.
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Diante desse milagre ela foi recebida com muita alegria no mosteiro, e sua fama de santidade aumentou entre os moradores da cidade.
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Virtudes – Santa Rita fez o ano de noviciado e jurou os votos solenes, desejava para si os serviços mais humildes e baixos do convento, por amor a pobreza, escolheu a cela mais escura, estreita e incômoda; dormia sobre a terra nua ou sobre uma tábua; como vestimenta só teve um hábito que envergaria ate à morte.
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Flagelava-se rudemente três vezes ao dia, uma pelas almas do purgatório, outra pelos benfeitores do mosteiro e a terceira pela conversão dos pecadores.
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Dormia com o cilício à cintura, ou vestida com uma túnica tecida de espinhos.
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Também era muito obediente. Vendo a obediência da santa sua superiora mandou-lhe que plantasse num canto do pátio um galho inteiramente ressecado de vinha e o regasse todos os dias. Santa Rita cumpriu essa obrigação pacientemente por um ano, depois disso a planta produziu flores e frutos. É a mesma planta que ainda hoje, passados mais de cinco séculos, se conserva frutífera, embora esteja plantada em terra pouco favorável, não sendo adubada ou cuidada, e no mês de novembro é possível colher os grandes e saborosos cachos de uvas nascidos dessa planta.
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Amor ao Crucificado – Desde muito nova a santa sempre meditava sobre a Paixão de Nosso Senhor, criando raízes profundas na alma da santa, a tal grau chegou sua contemplação que, algumas vezes, quinze dias seguidos não eram suficientes para meditar os mistérios.
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Um dia depois de ouvir um sermão pregado por São Tiago da Marca, em Cássia, sobre a Paixão, Santa Rita senti-se mais inflamada no desejo de ter em seu corpo um sinal doloroso da Paixão, recolhida então em um oratório no velho jardim do mosteiro, viu desprender-se da imagem do Crucificado um espinho da Coroa que cingia a cabeça de Jesus e, rápido como uma flecha, finco-se na sua testa, causando-lhe uma dor profunda, esse ferimento a acompanhou até a morte, e devido ao mau cheiro da ferida infeccionada, Rita passou a viver isolada das demais freiras.
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Ida à Roma – No ano de 1450 ocorreria à canonização de São Bernardino de Sena, falecido 6 anos antes. Santa Rita desejava muito ir à Roma para homenageá-lo, foi pedir licença à superiora, mas devido a sua ferida, que causava repugnância seu pedido foi negado; então a santa rezou para que Deus afastasse dela aquele obstáculo, pediu para que as dores continuassem mas que a ferida desaparecesse, e suas preces foram aceitas.
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E quando retornou de Roma a ferida reapareceu, causando muita alegria em Santa Rita e mais admiração ainda das pessoas; a fama de sua santidade se espalhava e muitos recorriam a ela em busca de conselhos e para recomendarem às suas orações.
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Morte – O sofrimento da ferida piorava a cada dia, e uma enfermidade desconhecida nos últimos anos de sua vida causava-lhe mais tormentos que a ferida.
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Rita morreu na idade de 76 anos, a 22 de maio de 1457 depois de ter recebido os sacramentos. No momento em que as religiosas se dirigiam para a igreja a fim de cantar em ação de graças pela morte de Rita, os sinos do mosteiro foram tocados por mãos invisíveis, atraindo muitas pessoas até lá.
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Sua cela úmida e escura foi iluminada por grande esplendor, todos sentiam um perfume especial que se espalhava por todo o mosteiro.
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Incorrupção do corpo – No ano de 1626 depois de 169 anos da morte da santa, seu corpo foi examinado e apareceu como se tivesse morrido recentemente.
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Em outro exame realizado 56 anos depois do primeiro, o corpo foi encontrado “íntegro, incorrupto, com as feições nítidas e coisa admirável, com os olhos abertos”.
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No terceiro exame realizado 247 anos depois de sua morte feito no ano de 1704 o corpo continuava intacto e incorrupto com a mesma aparência e frescor. Dos três milagres propostos e aprovados para a canonização de Santa Rita, esse odor sobrenatural é o primeiro em ordem e em dignidade.
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Cito trecho do livro:
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“O odor suave e intenso da cela da Santa logo após a sua morte encheu de admiração todos os que o sentiram. Em redor do corpo de Rita tem continuado, por séculos, a derramar-se o mesmo aroma prodigioso.
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Deus exaltou a Santa Rita naquele mesmo corpo que pelas penitências, pelas doenças e pelo repugnante cheiro da chaga, fora objeto de desprezo e de abandono.
Eis o que se narra acerca desse odor perene no processo sobre os milagres examinados para a canonização de Rita:
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“Tanto as testemunhas, quase unânimes, como a opinião pública, falam de um odor agradável proveniente do corpo da Bem-aventurada Rita, e de tudo que tenha tocado nele, Ninguém sabe precisar a natureza desse cheiro; todos, porém, o afirmam celestial. Sente-se até fora da igreja e espalha-se pelos lugares afastados do mosteiro. Não se pode atribuir a aromas derramados no corpo, porque não os houve; não se desprende das flores, ao lado, sobre o altar vizinho, porque as freiras têm especial cuidado em não permitir objetos olorosos a que se pudessem atribuir mistificações por parte das religiosas. A intensidade, a difusão e a constância, por tanto tempo, desse ordor, são provas de que se trata de um fato para ser admirado e digno de sobrenatural consideração”.
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A ciência fecha-se num círculo vicioso, do qual não sabe sair… é obrigada a confessar a sua ignorância na explicação desse fenômeno! Por essas razões, e por muitas outras de ordem moral, que se lêem no processo, é forçoso concluir que o aroma desprendido do corpo de Santa Rita, é sobrenatural, é um verdadeiro milagre”.
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Urbano VII a beatificou em 1628 (171 anos depois de sua morte); e a canonização em 1900, 443 anos depois por Leão XIII.

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